Eduardo Sued
![Sem Título, 1984 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/012915001019.jpg)
Sem Título, 1984
Eduardo Sued
Óleo sobre tela
65,00 cm x 155,00 cm
Acervo Banco Itaú
Texto
Eduardo Sued (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1925). Pintor, gravador, ilustrador, desenhista, vitralista, professor. As pinturas e gravuras de Eduardo Sued exploram a espacialidade e as formas geométricas com cuidadosa composição cromática.
Antes de seguir a carreira artística, frequenta a Escola Nacional de Engenharia do Rio de Janeiro entre 1946 e 1948. Em 1949, inicia formação como artista plástico no curso livre de pintura e desenho do pintor alemão Henrique Boese (1897-1982). Entre 1950 e 1951, trabalha como desenhista no escritório do arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012).
Com o dinheiro da venda de algumas aquarelas, parte para Paris, onde frequenta as academias La Grande Chaumière e Julian. Nos anos em que vive na capital francesa, entra em contato com as obras dos espanhóis Pablo Picasso (1881-1973) e Joan Miró (1893-1983), e dos franceses Henri Matisse (1869-1954) e Georges Braque (1882-1963). Retorna ao Rio de Janeiro em 1953 e frequenta o ateliê de Iberê Camargo (1914-1994) para estudar gravura em metal, tornando-se mais tarde seu assistente.
Sued acredita na pintura como fazer intelectual, solitário e meditativo. Por isso, aquele que, na visão do crítico Ronaldo Brito (1949), "é o grande desinibidor das linguagens abstratas, de origem construtiva, na pintura moderna brasileira”1 não participa ativamente de nenhum movimento, mantendo-se ao largo das disputas travadas entre concretos e neoconcretos nos anos 1950 e também das discussões sobre a nova figuração dos 1960. Sua poética abstrata se forma pouco a pouco, em diálogo constante com a tradição da pintura moderna internacional e brasileira.
Em 1956 inicia a carreira de professor e leciona desenho e pintura na Escolinha de Arte do Brasil. De 1958 a 1963, ministra aulas de desenho, pintura e gravura na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo. Em 1964, volta a morar no Rio de Janeiro e publica o álbum de águas-fortes 25 Gravuras. A partir de meados da década de 1960, o interesse por grandes áreas cromáticas e a busca por mais plasticidade levam o artista a se dedicar de forma cada vez mais exclusiva à pintura.
A conquista da dimensão pública é apontada como a maior contribuição de Sued à pintura brasileira. Em seus trabalhos, observa-se a superação do caráter intimista que perpassa a obra de alguns de nossos melhores pintores modernos, como Alfredo Volpi (1896-1988) e Milton Dacosta (1915-1988), por exemplo. Sued rompe com a cor local de vestígios figurativos, com o clima rememorativo e pessoal pelo qual é marcado o uso de elementos geométricos daqueles artistas.
Em telas de dimensões "monumentais" para os padrões da história da arte brasileira, projeta para fora o espaço da pintura com a estruturação precisa, rigorosa e "impessoal" da superfície da tela em campos variados de cor. Esse movimento para o exterior se dá tanto em enormes pinturas-painéis quase monocromáticas, quanto em trabalhos que apostam na tensão vibrante entre diferentes campos cromáticos, organizados segundo uma geometria "fora dos eixos". É criado assim um ritmo frenético, em que a superfície plana parece pulsar.
Nos anos de 1970, aproxima-se das vertentes construtivas, desenvolvendo sua obra a partir da reflexão sobre o artista francês Piet Mondrian (1872-1944) e sobre a Bauhaus. Contudo, trata-se de um construtivismo atualizado e não a aplicação imediata dos postulados de artistas do começo do século XX. Entre 1974 e 1980, ministra aulas de gravura em metal no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro.
Na década de 1980, destacam-se as telas de vastas áreas cinzas ou pretas entremeadas de modo preciso por faixas coloridas, num jogo sóbrio, mas vibrante, de expansão e contenção. Em meados dos anos 1990, Sued introduz elementos novos em seu trabalho, como a tinta de alumínio e pinceladas espessas e descontínuas, de modo que a superfície pareça "quase esculpida", além de retornar à colagem, técnica presente nos anos 1960 e 1970. Tais composições apresentam uma reflexão acurada sobre as relações entre luz, superfície, espaço e tempo na pintura, reafirmando mais uma vez a posição do artista como constante "desinibidor" na arte brasileira.
Nota-se que em mais de trinta anos de produção, o artista não cristalizou sua linguagem abstrata em estruturas pré-concebidas. Tal exercício se expressa na trajetória que reinventa constantemente seus desafios e soluções. Eduardo Sued desenvolve uma poética própria. Sem deixar de estabelecer diálogos com referências da pintura e da gravura modernas, prioriza uma pesquisa particular sobre a expressividade das cores, das formas geométricas e da espacialidade.
Notas
1. Ronaldo Brito acompanha o trabalho de Eduardo Sued desde os anos 1970, sendo aquele que mais escreveu sobre o artista. Esta afirmação foi feita em 1998 no texto O pensamento contemporâneo da cor, escrito para o catálogo da exposição Eduardo Sued: pinturas 1980-1998, realizada no Centro de Artes Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro.
Obras 20
Alfa ... Alfa
Branco/azul
Nº 38
Pintura 1
Exposições 199
Mídias (1)
Produção: Documenta Vídeo Brasil Captação, edição e legendagem: Sacisamba Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada) Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Fontes de pesquisa 32
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- BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO, 20., 1989, São Paulo. 20ª Bienal Internacional de São Paulo. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1989. Exposição realizada no período de 14 out. a 10 dez. 1989. Disponível em: https://issuu.com/bienal/docs/20___bienal_de_s__o_paulo_-_vol._i_.
- BRITO, Ronaldo. Eduardo Sued: uma obra para a inteligência do olhar. In: Arte Hoje. Rio de Janeiro, n.2, p.22, agosto 1977.
- COLEÇÃO Rubem Knijnik: arte brasileira anos 60/70/80. Apresentação Evelyn Berg Ioschpe; fotografia Mabel Leal Vieira; texto Thomas Cohn. Porto Alegre, 1986.
- DESTAQUES da Coleção Unibanco. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 1998.
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- DUARTE, Paulo Sérgio. Cores como vetores de força. In: SUED, Eduardo. Eduardo Sued. São Paulo: Galeria de Arte São Paulo, 1999.
- DUARTE, Paulo Sérgio. Novas obras de Sued exibem a própria história de seu método. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 10 dez. 1994, Cultura.
- EDUARDO Sued, Carlos Fajardo: Victor Grippo, Hércules Barsotti, Marco do Valle,. São Paulo: Gabinete de Arte Raquel Babenco, 1984.
- EDUARDO Sued. Entrevista Lúcia Carneiro, Ileana Pradilla. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998. (Coleção Palavra do Artista).
- EM busca da essência: elementos de redução na arte brasileira. Curadoria Sheila Leirner, Gabriela Suzana Wilder. São Paulo, SP: Fundação Bienal de São Paulo, 1987. Disponível em: http://www.bienal.org.br/publicacoes/2120.
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- GESTO e estrutura: Amilcar de Castro, Antônio Dias, Eduardo Sued, Iberê Camargo, Jorge Guinle, Mira Schendel. São Paulo: Gabinete de Arte Raquel Arnaud, s.d.
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- SUED, Eduardo. Eduardo Sued. Texto Paulo Sérgio Duarte. São Paulo: Galeria de Arte São Paulo, 1999. [16 p. ] il. color.
- SUED, Eduardo. Eduardo Sued. Texto Ronaldo Brito. São Paulo: Gabinete de Arte Raquel Arnaud, 1993. il. color.
- SUED, Eduardo. Eduardo Sued. Texto Ronaldo Brito. São Paulo: Gabinete de Arte, s.d. [8 p. ] il. color.
- SUED, Eduardo. Eduardo Sued. Texto de Walter Sebastião. Belo Horizonte: Manoel Macedo Galeria de Arte, 2001.
- SUED, Eduardo. Eduardo Sued: pinturas 1980-1998. Rio de Janeiro: Centro de Arte Hélio Oiticica, 1998. 96 p. il. color.
- SUED, Eduardo. Pinturas. Apresentação Walmir Ayala. Rio de Janeiro: Galeria Bonino, 1968.
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EDUARDO Sued.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa8960/eduardo-sued. Acesso em: 03 de maio de 2025.
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