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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Lilia Moritz Schwarcz

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 05.11.2024
Brasil / São Paulo / São Paulo
Lilia Katri Moritz Schwarcz (São Paulo, São Paulo, 1957). Historiadora, antropóloga, professora, escritora, editora, curadora. Nome reconhecido no campo das ciências sociais no Brasil, seu trabalho, publicado em dezenas de obras, destaca-se pelo aprofundamento em temas sobre a formação social brasileira, em especial sobre as questões raciais e s...

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Lilia Katri Moritz Schwarcz (São Paulo, São Paulo, 1957). Historiadora, antropóloga, professora, escritora, editora, curadora. Nome reconhecido no campo das ciências sociais no Brasil, seu trabalho, publicado em dezenas de obras, destaca-se pelo aprofundamento em temas sobre a formação social brasileira, em especial sobre as questões raciais e suas conexões com a historiografia nacional.

De origem franco-italiana, nasce na cidade de São Paulo no final da década de 1950 depois de as famílias materna e paterna migrarem para o Brasil na primeira metade do século XX. A origem judaica de ambas as famílias motiva, em grande parte, a partida do continente europeu ainda antes da deflagração da Segunda Guerra Mundial. Em 1976, ingressa no curso de história na Universidade de São Paulo (USP) e se aproxima da pesquisa historiográfica sobre a escravidão. Posteriormente, esse tema se torna um de seus principais objeto de pesquisa e publicações. Incentivada pelo amigo e antropólogo Carlos Rodrigues Brandão (1940-2023) e com desejo de conhecer outras áreas das ciências humanas, em 1981 ingressa no mestrado em antropologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), finalizado com a dissertação Imagens de negros: a imprensa paulistana em finais do século XIX, em 1986.

Inicia a carreira como professora universitária na Unicamp em 1986, mesmo ano em que cria a editora Companhia das Letras em parceria com o marido, o escritor e editor Luiz Schwarcz (1956). No ano seguinte ingressa no doutorado, também na área de antropologia, desta vez na USP, e se torna doutora em 1993 com a tese Homens de sciencia e a raça dos homens: cientistas, instituições e teorias raciais no Brasil de finais do século XIX. Conciliando o exercício da docência com o ofício de editora, publica, em 1987, seu primeiro livro Retrato em branco e negro: jornais, escravos e cidadãos em São Paulo no final do século XIX. Nos anos seguintes, integra o quadro docente da USP e é convidada como professora visitante por diversas universidades estrangeiras, como a Universidade de Leiden, na Holanda, a Universidade de Oxford, no Reino Unido, e a Universidade Brown e a Universidade Columbia, nos Estados Unidos. Com a carreira docente consolidada, em 2015 se torna professora visitante permanente na Universidade de Princeton, também nos Estados Unidos.

O percurso acadêmico fundado no encontro entre a história e a antropologia confere a Lilia Schwarcz um olhar acurado sobre os eventos históricos e culturais do Brasil, sem perder de vista a complexidade das relações sociais e humanas que ali se estabelecem. Além disso, a capacidade de produzir pesquisas e análises em linguagem acessível possibilita a construção de uma vasta e premiada bibliografia que transita entre áreas distintas do conhecimento, como história, ciências sociais, artes, literatura. Autora de mais de uma dezena de livros, ganha o Prêmio Jabuti em 1999 na categoria livro do ano de não-ficção com As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos (1998), obra que mescla texto biográfico, vasta iconografia do século XIX e análise ensaística sobre a personagem real – e mítica – do imperador dom Pedro II. Uma década depois, publica Um enigma chamado Brasil: 29 intérpretes e um país (2009), livro que compila textos de diferentes autores, artistas e intelectuais sobre o pensamento social brasileiro construído durante as últimas décadas do século XIX e as primeiras do século XX. Organizado em coautoria com o sociólogo André Botelho, recebe o Prêmio Jabuti na categoria ciências sociais no ano de 2010.

Pelo interesse e pela intensa aproximação com as artes visuais, iniciada pela publicação da biografia do pintor francês Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830), estabelece-se também como pesquisadora no campo das artes, com exposições organizadas no Museu Nacional de Belas Artes e na Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_), e com publicações como Pérola imperfeita: a história e as histórias na obra de Adriana Varejão (2014). Convidada pelo Museu de Arte de São Paulo (Masp), integra a equipe curatorial do museu como curadora adjunta para histórias e narrativas, sendo uma das responsáveis pelas exposições Histórias da Infância (2016), Histórias da Sexualidade (2017-2018) e Histórias Afro-Atlânticas (2018).

No movimento de aprofundar sua pesquisa acadêmica sobre o tema da escravidão e da liberdade no Brasil e tornar disponível para o público brasileiro o vasto conhecimento produzido sobre e pelos intelectuais negros e negras do país, organiza e publica, em coautoria com o historiador Flávio dos Santos Gomes (1964), o Dicionário da escravidão e liberdade (2018). O livro reúne cinquenta textos sobre a história social da escravidão escritos por pensadores, professores e pesquisadores dedicados aos estudos sobre esse importante campo da historiografia brasileira. Em 2021, em coautoria com Gomes e o artista plástico Jaime Lauriano (1985), publica a Enciclopédia negra: biografias afro-brasileiras, obra que apresenta biografias de mais de quinhentas pessoas negras que, em seu tempo, espaço e área de atuação, são também responsáveis e protagonistas pela formação do Brasil.

Com uma trajetória definida pela versatilidade de pensamento e profícua produção intelectual, Lilia Schwarcz evidencia com seu trabalho a importância de possibilitar que a história do Brasil seja verdadeiramente conhecida a partir de um olhar crítico e aprofundado sobre as complexas relações sociais que definem o país.

Obras 52

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Exposições 17

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Fontes de pesquisa 5

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  • BOTELHO, André; SCHWARCZ, Lilia Moritz (orgs.). Um enigma chamado Brasil: 29 intérpretes e um país. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
  • GOMES, Flávio dos Santos; LAURIANO, Jaime; SCHWARCZ, Lilia Moritz (orgs.) Enciclopédia negra: biografias afro-brasileiras. São Paulo: Companhia das Letras. 2021.
  • GOMES, Flávio dos Santos; SCHWARCZ, Lilia Moritz (orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade: 50 textos críticos. São Paulo: Companhia das Letras. 2018.
  • SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
  • SCHWARCZ, Lilia Moritz. Lilia Schwarcz. [Entrevista cedida ao] CPDOC/FGV. Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2019. 131 min.

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