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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Yermollay Caripoune

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 02.06.2023
1976 Brasil / Amapá / Oiapoque
Caripoune Yermollay. (Oiapoque, Amapá, 1976). Artista visual. Nome importante da arte indígena contemporânea, Yermollay expressa em suas obras temas da mitologia de seu povo e narrativas sobre a criação e seres que habitam o imaginário dos Karipuna. Com cores vibrantes e contrastantes, traços finos, geometria, pontilhismo e perspectiva bidimensi...

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Caripoune Yermollay. (Oiapoque, Amapá, 1976). Artista visual. Nome importante da arte indígena contemporânea, Yermollay expressa em suas obras temas da mitologia de seu povo e narrativas sobre a criação e seres que habitam o imaginário dos Karipuna. Com cores vibrantes e contrastantes, traços finos, geometria, pontilhismo e perspectiva bidimensional, os trabalhos do artista expõem uma maneira despretensiosa de simbolizar as cosmologias de seu povo.

Residente na Terra Indígena Uaçá, na aldeia Santa Isabel, em Oiapoque, extremo norte do Brasil, Caripoune Yermollay repensa sua condição de fronteira - de vida entre aldeia e cidade; relação de fronteira entre Brasil e Guiana Francesa; fronteira entre línguas -- para criar suas obras e manifestar as diversas narrativas mitológicas do povo Karipuna. O artista entra em contato com as artes visuais por meio de oficinas de movimentos sociais, promovidas por arte-educadores.

Yermollay expressa-se artisticamente com a arte que chama de Adaminã - Desenhado, Pintado, Escrito, e traduz de maneira visual em suas obras a cosmologia do povo Karipuna, as mitologias que narram diferentes histórias de criação do mundo e dos seres, a fusão entre o real e o imaginário, além de representar o sagrado e a ancestralidade com sua técnica pictórica, que utiliza, majoritariamente, a caneta posca e suas cores vibrantes.

A relação com outros seres em um espaço-tempo diferenciado também faz parte de sua poética. O povo Karipuna acredita na visão dos três mundos, sendo o primeiro, de cima, o mundo das almas, dos espíritos; o mundo do meio é onde os seres humanos habitam; e o mundo debaixo, inferior, é o das águas. Neste último, é onde vivem os animais, denotando uma relação próxima com o mundo dos humanos e se comunicam conosco a partir dessa visão de três mundos. Essa cosmologia é abordada na obra Temerõ (2019), que trata de transformação e do mito de criação, sendo representado em um desenho dourado, com grafismos e um ser bidimensional ao centro. As questões da natureza estão interligadas com a transformação que Temerõ promove, seja com períodos de chuva ou com períodos de seca, envolvendo todos os seres e renovando a terra.

Suas obras também anunciam rituais que ocorrem em sua comunidade, como a tela Pataje Kasab (2022), cujos padrões e formas geométricas aludem ao ritual no qual as mulheres da região do médio Rio Kuripí preparam o beiju de mandioca ralada e prensada. Para virar o beiju, elas o recortam em diferentes padrões -- como os utilizados para fazer cestarias -- com um gesto que leva o título da obra, pataje kasab. Para aguardar a finalização da fermentação do beiju, as mulheres ficam reunidas, cantando e dançando nesse momento ritualístico. A tela é feita em papel canson e caneta posca e apresenta uma geometria regular e traços firmes, nas cores amarela e preta.

Participa da exposição Vaivém (2019), nas sedes do Centro Cultural Banco do Brasil nas cidades de Belo Horizonte, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro com a série de desenhos intitulada As transformações do criador Temerõ e seu irmão gêmeo Laposié que falam do algodão na nossa cosmologia (2019). O trabalho realizado sob papel canson e com caneta posca representa a narrativa dos Karipunas sobre a origem das redes de dormir, tema da mostra. A mitologia do criador Temerõ faz menção à importância do mundo espiritual e transformador do povo Karipuna.

Expõe obras na mostra coletiva Moquém_Surarî: arte indígena contemporânea (2021), realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), em parceria com a Fundação Bienal de São Paulo, integrando a rede da 34ª Bienal. Nesta exposição, Yermollay apresenta, entre outras, a obra Constelação Escorpião Swarã (2019) a qual apresenta a constelação pintada em fundo preto, com pontos brancos para aludir às estrelas, e, na parte inferior da obra, um padrão geométrico nas cores azul e amarelo. Novamente, narrativas da natureza, celestes, cosmológicas são trazidas à tona.

É parte do coletivo Uaçauara, criado por incentivo do artista e ativista dos direitos indígenas Jaider Esbell (1979 - 2021), no qual artistas da região procuram fortalecer seus trabalhos nos níveis regional e estadual. É indicado ao Prêmio PIPA 2022, premiação promovida pelo Instituto PIPA para divulgar artistas brasileiros e estimular a produção da arte contemporânea.

Com temas geométricos que remetem à ancestralidade, traços fortes, pontilhados e cores contrastantes, a obra de Caripoune Yermollay nos mostra narrativas da cosmologia indígena de seu povo, os Karipuna. Importante representante da arte indígena contemporânea, o artista aborda em suas obras dotadas de singularidade as relações entre mundos, entre fronteiras e entre as diferentes crenças.

Exposições 4

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