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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Rick Rodrigues

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 20.07.2023
1988 Brasil / Espírito Santo / João Neiva
Ricardo Aliprandi Rodrigues (João Neiva, Espírito Santo, 1988). Artista visual. Sua poética explora o imaginário da casa e seus objetos como um lugar de memória da infância, sensibilidade e fantasia. Trabalha com bordados em diferentes suportes, séries de desenhos, gravuras e pequenas instalações. Dedica-se a temas como fenomenologia poética da ...

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Ricardo Aliprandi Rodrigues (João Neiva, Espírito Santo, 1988). Artista visual. Sua poética explora o imaginário da casa e seus objetos como um lugar de memória da infância, sensibilidade e fantasia. Trabalha com bordados em diferentes suportes, séries de desenhos, gravuras e pequenas instalações. Dedica-se a temas como fenomenologia poética da casa, memórias pessoais e familiares, sensibilidade e território.

Tudo que Não Invento é Falso (2016) apresenta uma série de dez desenhos feitos com lapiseira com grafite nas cores vermelho e azul. As imagens trazem à tona o ambiente doméstico, com a representação de mesas, cadeiras e camas, mas não como objetos comuns. Os desenhos parecem retirados de uma imaginação para além do uso corriqueiro dos móveis. A cômoda, por exemplo, não é simples, há pequenas escadas entre as gavetas e, acima, há uma miniatura de uma casa desenhada. Uma mesa redonda serve como suporte para miniaturas de cadeiras, aparador e abajur. As ilustrações de Rick Rodrigues não caminham apenas pelo óbvio de uma casa, mas relevam a fantasia e a invenção por trás das moradas.

A série Com a gaveta entreaberta ilumino os sonhos à meia-luz (2018) é composta de miniaturas feitas pelo artista com objetos do cotidiano. Uma das obras traz uma pequena cômoda de madeira, e, ao abrir cada uma das 13 gavetas, há um desenho. Um sapato, um quarto, um vestido, uma casa, um avião de papel, brinquedos de infância, como balanço e escorregador, compõem os desenhos monocromáticos encontrados nas gavetas entreabertas. O trabalho remonta à gaveta dos guardados, com aquilo que deixamos em nossa memória de infância e está armazenado em uma cômoda de lembranças.

Rodrigues experimenta ainda o bordado em diferentes suportes. Além do uso de tecidos mais convencionais para a prática, o artista borda em voal, em sacolas de plástico e no avesso das caixas de remédio, como é o caso da série Talvez um dia ainda seja possível (2020), com diversos pássaros bordados. Durante a pandemia de covid-19, realiza série sob o título A distância de hoje nos permitirá o abraço de amanhã (2020), um tríptico com bordados sobre lenço de algodão estampado. Em sua produção, é recorrente o uso de pássaros e, em seu site oficial, o artista denomina-se como “artista passarinho”. Para ele, o pássaro traz uma relação familiar e com o território, como algo que vai e volta, que alça voos para conhecer o mundo, mas retorna à origem. Essa metáfora o faz pensar nos lugares, na paisagem e em como contribuir com a sua cidade a partir de sua prática artística.

O singelo e a delicadeza compõem a poética do artista. Ao rememorar cenas de infância ou pensar no cotidiano, coloca em seus trabalhos leveza e sensibilidade. A série Casa do passarinho (2021) é um exemplo de trabalho delicado, ao fazer uma casinha de papel de 1,5 cm³, colocada sobre uma pedras envolta com folha de ouro. Algumas dessas pedras foram coletadas em rio da cidade natal do artista e corrobora seu interesse pela paisagem que o cerca. Ao traduzir seu entorno de forma delicada, o trabalho de Rodrigues alcança diferentes níveis de sensibilidade.

A exposição Casa 34 (2021), realizada na Oá Galeria, em Vitória, é fermentada a partir da demolição da casa dos avós do artista em 2016. A casa onde passou sua infância não existe mais, portanto, este passa a ser o motor de sua produção: recuperar a memória de sua infância, as brincadeiras de quintal, o lugar dos sonhos, da imaginação e das relações familiares. A casa da rua Miguel Cabidelli, número 34, no centro de João Neiva, torna-se protagonista da mostra, com desenhos, bordados e objetos do cotidiano, como uma chave pendurada, desenhos que emulam retratos, jogos de chá, gaiola, bandeja bordada com ponto cruz, entre outros objetos.

Participa do coletivo Almofadinhas, ao lado dos artistas Fábio Carvalho (1965) e Rodrigo Mogiz (1978). O grupo dedica-se à pesquisa do bordado como prática social e das intersecções entre arte e artesanato. A partir de reflexões sobre a costura na arte contemporânea, o coletivo desafia questões de gênero e sexualidade, além de pesquisar sobre delicadeza, fragilidade e masculinidade, fazendo referência a outros artistas que também utilizavam o bordado como suporte, como Arthur Bispo do Rosário (1911-1989) e Leonilson (1957-1993).

Carrega como referências teóricas e literárias para seus trabalhos o filósofo e poeta francês Gaston Bachelard (1884-1962), com seu livro A poética do espaço (1957), e o poeta cuiabano Manoel de Barros (1916-2014), conhecido pela miudeza e simplicidade de suas poesias.

Rick Rodrigues participa de residências artísticas, como a CASA B, ​​no Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea (Rio de Janeiro, 2018); de feiras, como a SP-Arte Festival Internacional de Arte de São Paulo, no Pavilhão da Bienal (São Paulo, 2018); de exposições individuais, como A Casa das Coisas, na Galeria Principal do Centro Cultural da Universidade Federal de São João del-Rei (São João del Rei, 2019); e de mostras coletivas, como Ar: Acervo Rotativo Exposição: Acervo Completo módulo ⅓, na Oficina Cultural Oswald de Andrade (São Paulo, 2021), 17° Salão Ubatuba de Artes Visuais (Ubatuba, 2021), e Luminaria02, no Centro Comercial Mercado de Usera (Madrid, Espanha, 2016), entre outras.

A arquitetura do cotidiano, a delicadeza, a fragilidade humana, as memórias de infância, os sonhos, os laços familiares, o território são temas recorrentes nas produções de Rick Rodrigues, as quais se firmam em diferentes suportes, como bordados, desenhos monocromáticos, gravuras e miniaturas. Sua pesquisa se dedica ao território do sensível e do delicado, trazendo para suas obras seu universo particular.

Exposições 7

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Fontes de pesquisa 6

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