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Enciclopédia Itaú Cultural
Cinema

Trigueirinho Neto

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 22.03.2024
1929 Brasil / São Paulo / São Paulo
José Hipólito Trigueirinho Neto (São Paulo, São Paulo, 1929). Crítico, roteirista, diretor e produtor cinematográfico. Trigueirinho é frequentador de cineclubes e aluno do Centro de Estudos Cinematográficos no Museu de Arte de São Paulo (Masp) sob a coordenação de Alberto Cavalcanti (1897-1982), então recém-chegado da Europa. Cavalcanti leva-o p...

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José Hipólito Trigueirinho Neto (São Paulo, São Paulo, 1929). Crítico, roteirista, diretor e produtor cinematográfico. Trigueirinho é frequentador de cineclubes e aluno do Centro de Estudos Cinematográficos no Museu de Arte de São Paulo (Masp) sob a coordenação de Alberto Cavalcanti (1897-1982), então recém-chegado da Europa. Cavalcanti leva-o para a Companhia Cinematográfica Vera Cruz como assistente de direção de Caiçara (1950), primeiro filme da empresa. Ativo participante dos congressos de cinema que agitam a cidade no começo dos anos 1950, Trigueirinho é também crítico do jornal Folha da Noite e colaborador da revista Anhembi. Em 1953, ganha uma bolsa de estudos no Centro Sperimentale di Cinematografia em Roma, onde permanece até 1958. Mantém atividade crítica na imprensa paulista como correspondente em festivais e mostras internacionais. Em Roma, realiza o curta-metragem documentário Nasce un Mercato (1957). De volta ao Brasil, produz, escreve e dirige seu único filme de longa-metragem Bahia de Todos os Santos (1960), marco da vertente baiana do novo cinema brasileiro. No auge da efervescência cinemanovista, no entanto, Trigueirinho decide abandonar o cinema e partir numa jornada mística por diversos países do mundo. Desde então, dedica-se à filosofia espiritualista. Publica mais de 70 livros sobre o assunto, com cerca de dois milhões de exemplares vendidos. Em 1987, funda a comunidade Trigueira em Carmo da Cachoeira, Minas Gerais, onde permanece como líder espiritual.

Análise

Com Redenção (1958) de Roberto Pires (1934-2001), tem início o chamado Ciclo Baiano de Cinema. Salvador vive então um efervescente movimento cultural. Com o fracasso do projeto industrial da Vera Cruz, a capital baiana parece o lugar perfeito para o florescimento de uma nova ‘linguagem brasileira’ para o cinema. É neste ambiente que o paulista Trigueirinho Neto apresenta sua versão do décor baiano. Lançado na cidade como grande acontecimento social, Bahia de Todos os Santos, promovido na imprensa como o filme que levaria os encantos da ‘boa terra’ para todo o mundo, acaba, no entanto, rejeitado pela crítica local. Apresenta uma cidade velha, pobre e suja, de gafieiras e terreiros de candomblé, habitada por contraventores e prostitutas, onde se movimenta o personagem principal, Tonho.

A opinião de Walter da Silveira, figura importante da cultura soteropolitana, é sintomática. Em 1960, num artigo no Diário de Notícias, ele destaca a falta de uma “temática nacional” no filme. Glauber Rocha (1939-1981), por sua vez, no mesmo jornal, defende o filme, para ele uma obra autoral, em que as imperfeições formais do autor são dirimidas diante da força das imagens e da denúncia da injusta realidade social do país. Tal como em suas sequências cruas e poéticas, também na “querela” da crítica em relação à Bahia de Todos os Santos, vemos presentes muitos dos elementos que culminam na ascensão do cinema novo.

 

Fontes de pesquisa 9

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  • CARVALHO, Maria do Socorro. A nova onda baiana: cinema na Bahia (1958 – 1962). Salvador: Edufba, 2003.
  • CATANI, Afrânio Mendes. Anhembi: uma revista de cultura. In: Estudos de Cinema Socine II e III. São Paulo: Annablume, 2000.
  • ESTRÁZULAS, Marcia de Oliveira. A Comunidade Espiritual Figueira: a influência de Trigueirinho sobre o Eu (self) de seus seguidores. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.
  • ROCHA, Glauber. Defesa do filme. Diário de Notícias, São Paulo, 03 set. 1960.
  • ROCHA, Glauber. Um filme popular. Diário de Notícias, São Paulo, 19 set. 1960.
  • SETARO, André. Panorama do Cinema Baiano. In: Diretoria de Audiovisual (Dimas). Disponível em: < www.dimas.ba.gov.br/novosite/Panorama_do_Cinema_Baiano.pdf >.
  • SILVEIRA, Walter da. Com sinceridade para Trigueirinho Neto. Diário de Notícias, São Paulo, 26 set. 1960.
  • SILVEIRA, Walter da. Para Trigueirinho Neto, um louvor Diário de Notícias, São Paulo,19 set. 1960.
  • TRIGUEIRINHO. site oficial. Disponível em: < www.trigueirinho.com.br >. Acesso em: 23 de julho de 2012.

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