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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Fernando Mendes de Almeida

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 17.04.2019
26.12.1965 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Fernando Mendes de Almeida (São Paulo, São Paulo, 1965). Designer e arquiteto. Formado em Desenho Industrial pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade Bennett, torna-se um dos mais próximos colaboradores do designer carioca Sergio Rodrigues (1927-2014). Atualmente, Fernando M...

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Fernando Mendes de Almeida (São Paulo, São Paulo, 1965). Designer e arquiteto. Formado em Desenho Industrial pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade Bennett, torna-se um dos mais próximos colaboradores do designer carioca Sergio Rodrigues (1927-2014). Atualmente, Fernando Mendes de Almeida é presidente do Instituto Sergio Rodrigues.

Mendes de Almeida conhece Rodrigues ao assistir a uma palestra do mestre. Meses depois, são apresentados e descobrem ter laços familiares: são primos pelo lado materno de Sergio Rodrigues. Em 1986, Fernando Mendes de Almeida faz o primeiro trabalho para Rodrigues: uma maquete de uma casa pré-fabricada. Entre os anos de 1993 a 2000, Mendes de Almeida trabalha continuamente no escritório do mestre, desenvolvendo e detalhando projetos de mobiliário e edificações, segundo o SR2, sistema de construção de casas pré-fabricadas de madeira.

No começo do presente século, Fernando Mendes de Almeida torna-se sócio do designer Roberto Hirth, neto de um dos fundadores da Laubisch, Hirth & Co., importante fábrica de móveis entre as décadas de 1920 e 1950, que tem Joaquim Tenreiro (1906-1922) como um dos designers. A empresa de design de mobiliário que resulta dessa sociedade, a Mendes-Hirth, recebe algumas premiações, em especial, o primeiro lugar na categoria Mobiliário no 22° Prêmio Design Museu da Casa Brasileira, em 2008, pela cadeira Aviador: Esta poltrona tem estrutura de madeira freijó com assento e encosto encapados em couro natural. O aspecto curvilíneo dos elementos que se encaixam para constituir a cadeira corrobora o depoimento do jornalista e escritor Zuenir Ventura: “Chama a atenção também nas cadeiras, poltronas e mesas de Fernando o fato de não terem quinas, pontas, nem arestas. Os ângulos retos são suavizados pelos contornos e pelo arredondado das formas”1.

Na mesma época, a Mendes-Hirth também é laureada no Prêmio Design Museu da Casa Brasileira pela Coleção de Facas para Uso Específico (2° lugar na categoria Utensílios em 2006), pela cadeira de balanço Verão (menção honrosa na categoria Mobiliário em 2007), pela faca Atobá (2° lugar na categoria Utensílios em 2008) e pela cadeira Mariante (menção honrosa na categoria Mobiliário em 2008). Neste período em que apresenta mais amplamente seu trabalho autoral, fica patente a aproximação que Fernando Mendes de Almeida faz entre a marcenaria e o desenho dos objetos, entre a concepção e a fabricação deles.

De 2002 em diante, Sergio Rodrigues encomenda a execução de determinados móveis de sua autoria para a marcenaria da Mendes-Hirth. Fernando Mendes de Almeida passa a fabricar poucas unidades de cerca de trinta modelos de móveis. São encomendas de peças não comumente comercializadas ou que demandam o uso específico de determinada madeira. 

A sociedade com Hirth encerra-se em 2011. Sergio Rodrigues e sua esposa e sócia Vera Beatriz Rodrigues (1931-2017) concedem, então, o licenciamento de cerca de cinquenta modelos do seu acervo a Mendes de Almeida, que relança móveis concebidos nas décadas de 1950 e 1960. Em paralelo a isso, desde 2014, dedica-se à pesquisa e organização arquivística dos desenhos e documentos em posse do Instituto Sergio Rodrigues.

Em 2013, a exposição Diálogos, em São Paulo, apresenta uma amostra comparativa de doze móveis desenhados por Sergio Rodrigues ou por Fernando Mendes de Almeida. É o que ressalta a designer Baba Vacaro no texto do catálogo: “interesses comuns Sergio Rodrigues e Fernando Mendes têm de sobra. De pianos a carros, de aviões a maquetes – e tudo que pode ser construído a partir da madeira. Barcos. Brinquedos. Casas, Encantadas ou não. E também o profundo apreço pelo desenho, pelo detalhe de uma simples curva que dá sentido a um produto, o pensamento construtivo, o domínio da técnica, o gosto pela madeira e a crença de que um móvel deve ser um objeto de arte e de arte e de conforto”2

Em 2018, Fernando Mendes de Almeida é responsável, junto com a cineasta e cenógrafa Daniela Thomas (1959), o arquiteto e cenógrafo Felipe Tassara (1963) e a diretora de arte Mari Stockler (1965) pela curadoria da exposição retrospectiva Ser Estar – Sergio Rodrigues (2018) no Itaú Cultural, em São Paulo.

Fernando Mendes de Almeida dá a uma de suas criações o nome de poltrona Ventura em homenagem Zuenir Ventura. O homenageado define o criador como “designer-marceneiro, ou artífice”3. O atributo que melhor justifica tal definição é o interesse pela madeira, desde suas origens (a espécie da árvore) até as especificidades de cada tronco, como os veios, os nós, as texturas. Todas as irregularidades de cada matriz natural são aproveitadas como uma virtude para a geração de uma peça de mobiliário única.

No mobiliário de Fernando Mendes de Almeida, a matéria-prima e as formas (em geral, curvas) remetem a algo autenticamente brasileiro, tanto no sentido primitivo – enquanto cultura particular local – quanto pela reverência ao projeto moderno nacional, em especial à figura de Sergio Rodrigues. Mendes de Almeida é um designer atuante com uma obra em construção. Dá igual valor ao marceneiro e ao designer, ao trabalho artesanal e ao projeto. As peças que cria têm acabamento refinado e expressividade nos encaixes – ajuntamentos.

Notas

1. VENTURA, Zuenir. In.: HOFFMANN Walton; ZOBARAN, Sergio (Orgs.). Diálogos, Sergio Rodrigues e Fernando Mendes (catálogo de exposição). São Paulo, Casa Eletrolux, 2013. Exposição realizada no período de 4 a 30 abr. 2013. n.p.
2. VACARO, Baba. Maiêutica. In.: HOFFMANN Walton; ZOBARAN, Sergio (Orgs.), op. cit. n.p.
3.  VENTURA, Zuenir. In.: HOFFMANN Walton; ZOBARAN, Sergio (Orgs.), op. cit.. n.p.

Exposições 1

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Fontes de pesquisa 7

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  • BORGES, Adélia. Móvel brasileiro contemporâneo. Rio de Janeiro: Aeroplano: FGV Projetos, 2013.
  • CHEN, Aric. Brazil Modern: the rediscovery of twentieth-century brazilian furniture. Nova York: The Monacelli Press, 2016.
  • FERNANDO MENDES DE ALMEIDA. Site oficial do artista. Rio de Janeiro. Disponível em: < www.fernandomendesdesigner.com.br >. Acesso em: 29 de jun. 2018
  • FONSECA, Eder. “A arquitetura é uma comunicação subjetiva”: Fernando Mendes – designer de móveis e arquiteto. Panorama Mercantil. São Paulo, 4 de abril de 2017. Disponível em: < http://www.panoramamercantil.com.br/a-arquitetura-e-uma-comunicacao-subjetiva-fernando-mendes-designer-de-moveis-e-arquiteto/ >. Acesso em: 29 de jun. 2018
  • HOFFMANN Walton; ZOBARAN, Sergio (Orgs.). Diálogos, Sergio Rodrigues e Fernando Mendes (catálogo de exposição). São Paulo, Casa Eletrolux, 2013. Exposição realizada no período de 4 a 30 abr. 2013.
  • TEIXEIRA, Ruy; VARGAS, Jayme. Desenho da utopia. São Paulo: Olhares, 2016.
  • VICENTE, Alberto; VASCONCELLOS, Marcelo (Orgs.). Tatiana. Móvel moderno brasileiro. São Paulo: Olhares, 2018.

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