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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Janaina Wagner

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 24.11.2022
Janaina Wagner (São Paulo, São Paulo, 1989). Artista plástica, pesquisadora. Trabalha principalmente com a linguagem audiovisual, como possibilidade narrativa e de construção de imagens. Desenvolve obras em mídias variadas, como fotografia, pintura e instalação, que investigam o conflito constante entre a produção material humana e a natureza.

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Janaina Wagner (São Paulo, São Paulo, 1989). Artista plástica, pesquisadora. Trabalha principalmente com a linguagem audiovisual, como possibilidade narrativa e de construção de imagens. Desenvolve obras em mídias variadas, como fotografia, pintura e instalação, que investigam o conflito constante entre a produção material humana e a natureza.

Forma-se em jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), em 2012, mesmo ano em que conclui o bacharelado em artes visuais na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Em 2013, forma-se em educação artística na Faculdade Santa Marcelina. Após a conclusão dos cursos, trabalha nos anos seguintes com educação infantil, como atelierista e professora de vídeo no ensino fundamental em escolas privadas paulistas. Nessa fase, participa de uma série de salões e residências artísticas, nos quais inicia a circulação de sua obra, com destaque para o Projeto Experiência, no Instituto Itaú Cultural, em 2011, e as residências Phospurus, em 2014, e Red Bull Station, em 2015 – todas em São Paulo. 

Grande parte de sua obra resulta de experiências em residências artísticas. A artista considera a relevância das residências para sua formação, principalmente pela possibilidade de trocas, convivência e criação com outros artistas e agentes do circuito, para além do contexto universitário. Participa, em 2012, da residência Anarcademia, coordenada pela artista Dora Longo Bahia (1961), na Galeria Vermelho, em São Paulo, e em Amsterdã, Holanda, nos espaços W139 e Kunstvlaai, marcando o começo de sua trajetória internacional.

No contexto das várias residências artísticas do início de sua trajetória, desenvolve uma série de trabalhos utilizando como principal operação a apropriação de imagens: Progresso (2014) e Terreno (2014). Esta última é criada a partir de vídeos institucionais de seguradoras norte-americanas e justapõe imagens recolhidas na internet que exibem protótipos de casas de madeira alvejadas por ventania intensa e chamas, interferências físicas radicais que simulam tragédias naturais. O procedimento da colagem e alteração de cor e som sugerem uma reiteração do tempo da ação filmada e borram o limite entre realidade e ficção. O reconhecimento leva a artista a realizar sua primeira exposição individual, no Museu de Arte de Ribeirão Preto (Marp), em 2015, intitulada Decupagem/ crônica de um final anunciado, que reúne instalações e pinturas.

Em 2016, participa da Bolsa Pampulha em Belo Horizonte, Minas Gerais, produzindo o vídeo Lobisomem (2016). A partir de filmagens feitas pela artista com drone durante sobrevoo nos campos de mineração da região (Complexo de Pedra) e com base em uma pesquisa sobre a figura do lobisomem, a obra reflete acerca do comportamento humano de dominação e civilização. O resultado é uma instalação composta por uma placa gravada, uma balança de mineração usada nas minas desativadas e uma projeção. Em paralelo, participa da Residência Artística da Mutuca (RAM), também em Minas Gerais, onde investiga as histórias populares de Altamira ligadas ao lobisomem. Ao fim da residência, realiza sua segunda exposição individual, no Museu da Pampulha, com desenhos, instalações e fotografias relacionados à pesquisa.

Entre 2016 e 2019, desenvolve vários projetos em vídeo. Destacam-se a obra Criatura (2016), feita com o artista Pontogor (1981), na Oficina Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo, e sua primeira individual internacional, “With burning love”, no centro de artes Villa Belleville, em Paris.

Muda-se para Paris em 2019, para cursar o mestrado no Programme d'Experimentation en Arts Politiques no Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po). Inicia no mesmo ano uma residência de dois anos no centro de pesquisa audiovisual Le Fresnoy, em Tourcoing, França. Nesse contexto, um dos projetos que desenvolve é Licantropia (2019), onde visa o desenvolvimento da pesquisa iniciada em Lobisomem. Licantropia é o nome dado ao transtorno psiquiátrico em que o afetado tem a ilusão de se transformar em um animal. O vídeo explora a zona limítrofe entre o que pode ser uma ação humana e uma ação monstruosa e sobrenatural e explora a figura do lobisomem também como elemento de domesticação e controle civilizatório.

Durante 2020, realizando o doutorado na Universidade de Lille, na França, produz o vídeo Curupira e a máquina do destino (2021), filmado durante seis meses na vila de Realidade, localizada entre Porto Velho e Manaus, e na cidade de São Gabriel da Cachoeira, na região do Rio Negro, Amazonas. A partir de questões sociopolíticas da região, como o extrativismo e outros efeitos do projeto de progresso aplicado de forma desenfreada na região amazônica, Wagner promove o encontro da figura da Curupira, muito presente no imaginário popular da região e na mitologia indígena, e da Iracema, personagem presente na obra literária homônima (1865), do escritor José de Alencar (1829-1877), e no filme Iracema, uma transa amazônica (1974), do diretor Jorge Bodanzky (1942). O enredo estabelece relação direta com a realidade atual do Brasil e a decadência de um projeto desenvolvimentista instaurado às pressas. O curta estreia no Brasil em 2021, na Mostra Panorama da 25ª edição do Festival de Cinema de Tiradentes. 

Em seus trabalhos, Janaina Wagner expõe o diálogo conflituoso entre a ação humana e a natureza, por meio de imagens apropriadas ou criadas pela artista, articuladas em estratégias narrativas do cinema e do vídeo, que, em muitos casos, borram o limite entre ficção e realidade.

Exposições 9

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