Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Fanny Abramovich

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 16.02.2024
21.09.1940 Brasil / São Paulo / São Paulo
27.11.2017 Brasil / São Paulo / São Paulo
Fanny Abramovich (São Paulo, São Paulo, 1940 - idem, 2017). Escritora de literatura infantil e juvenil, pedagoga e atriz. Aos 14 anos, começa a trabalhar dando aulas particulares de várias matérias. Aos 16, matricula-se no curso normal do Instituto de Educação Padre Anchieta, concluindo-o em 1958, no Colégio Batista Brasileiro. No mesmo ano em q...

Texto

Abrir módulo

Fanny Abramovich (São Paulo, São Paulo, 1940 - idem, 2017). Escritora de literatura infantil e juvenil, pedagoga e atriz. Aos 14 anos, começa a trabalhar dando aulas particulares de várias matérias. Aos 16, matricula-se no curso normal do Instituto de Educação Padre Anchieta, concluindo-o em 1958, no Colégio Batista Brasileiro. No mesmo ano em que inicia o curso normal, passa a lecionar no Ginásio Israelita Brasileiro Scholem Aleichem, onde atua por 11 anos. 

Em 1957, ingressa no Teatro Escola de São Paulo (Tesp), no qual trabalha até 1962. Ao concluir a formação de normalista, começa o curso de pedagogia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCL/USP), que conclui em 1963. Nesse ano, trabalha como consultora pedagógica da Editora Giroflé e tem contato com a literatura infantil e juvenil. Recebe bolsa de estudo do governo francês, em 1965, e especializa-se em arte e educação em Paris. Permanece na capital francesa até o ano seguinte, ocasião em que vai para Roma estudar tele-educação na rede de comunicação Radiotelevisione Italiana (RAI). 

Ao retornar ao Brasil, funda o Centro de Educação e Arte (CEA), ativo por oito anos. A partir de 1968, leciona e presta assessoria sobre arte e educação em diversos lugares do país. Em 1977, começa a escrever sobre educação infantil para o Jornal da Tarde e outros periódicos. 

A autora tem lecionado em todos os níveis acadêmicos: em faculdades (Belas Artes, Fundação Armando Alvares Penteado e Anhembi), no ensino médio e na educação infantil. Atua como articulista e palestrante na área de pedagogia, explorando os temas da didática e da literatura infantil, sua grande contribuição como pedagoga. Apresenta também quadros sobre o assunto na televisão, como no programa TV Mulher (1980), da TV Globo.  

Em 1979, publica, como coautora, o livro Teatricina. Na área de pedagogia, seu primeiro livro, O Estranho Mundo que se Mostra às Crianças, é publicado em 1983. Estreia na literatura infantil e juvenil em 1986, com Deixa Isso pra Lá e Vamos Brincar, reformulado dez anos depois, sob o título: Brincando de Antigamente. Em 1996, é editado seu livro de memórias Ziguezagues: Andanças de uma Educadora e Escritora.

Fanny Abramovich possui vasta obra dedicada ao público infantil, sendo considerada uma das maiores estudiosas dessa temática no país. Seus interesses são abrangentes: desde a ficção, em que pesquisa a enunciação da criança e produz uma literatura infanto-juvenil verossímil, até a grande contribuição à pedagogia. Nesta última área, pesquisa a influência da leitura na formação do imaginário das crianças, na tentativa de difundir o gosto pela leitura desde a primeira infância, construindo um leitor ativo, amadurecido pelo contato com o universo literário.

Sobre literatura infantil, Abramovich publica Literatura Infantil: Gostosuras e Bobices, espécie de manual para a fruição do texto infanto-juvenil. Nesse livro, observa-se a preocupação didática em organizar as várias possibilidades de interação com a literatura, como a contação de histórias, o conto de fadas, a poesia para crianças e a função informativa da literatura. Nessas indicações, circulam autores infantis consagrados como Monteiro Lobato (1882-1948) e João Carlos Marinho (1935-2019). Acredita que o interesse pela leitura infantil é responsabilidade do adulto, ao propiciar os primeiros contatos com o livro ou com os quadrinhos, cultivando o interesse das crianças. O livro encerra-se com o convite às bibliotecas e auxilia na formação da própria biblioteca do leitor com lista de sugestões de leitura para uso do professor ou dos pais.

No que se refere ao universo infanto-juvenil, Abramovich explora assuntos pertinentes à educação e à superação das passagens de crescimento, como é possível observar na coletânea de contos Espelho, Espelho Meu (1992). No conto “Débora, na Flor da Idade”, por exemplo, a autora constrói uma personagem na transição da infância para a adolescência. Expõe as crises relativas a esse período, como ficar descontente com a autoimagem, sentindo-se insegura e infeliz, até o momento em que se transforma em mulher e passa a compreender os próprios problemas. Essa literatura é fluida, fazendo uso de uma variante linguística a meio do caminho entre a oralidade e o vocabulário juvenil, por meio de gírias que revelam o comportamento e o ambiente infantis com verossimilhança. Alia-se a isso a construção de narradores infantilizados que conseguem captar a ótica da criança. Tais opções estilísticas, marcantes nessas narrativas, favorecem a irreverência do público infantil e geram grande aceitação de seus textos. Já em “Malu, na Meia Idade”, a protagonista Maria Luísa encontra-se às voltas com o envelhecimento e com a descoberta de novas formas de interação com o mundo. Ambos os contos geram uma reflexão delicada sobre a passagem para a maturidade, mostrando-a como evolução natural.

Ainda para o público infantil, destaca-se o livro Começar Tudo de Novo (1995), com ilustrações de Laerte (1951), em que a personagem Bruna retorna às aulas em uma escola nova. A história desenvolve-se com a rotina da escola e a adaptação de Bruna, a superação das provas, as novas amizades, as brincadeiras no recreio etc. De modo direto e cativante, com vocabulário ágil e cheio de gírias, Abramovich apresenta os principais temores da idade, desfazendo-os lentamente, de modo a propiciar o amadurecimento e o trato desenvolto com o desconhecido. 

Outro livro importante é Cruzando Caminhos (1994), que explora a mesma história de quatro pontos de vista diferentes, em organização polifônica. Trata-se de um final de semana de quatro personagens em uma cidade praiana, em que as complicações comuns dos adolescentes aparecem, como namoros, brigas e festas. Apresenta interesses subjetivos e aportes sociais, até que uma tragédia dimensiona a experiência de todos eles. A opção pela polifonia ensina o jovem a entender e respeitar a diversidade de opiniões. 

 

Obras 17

Abrir módulo

Espetáculos 1

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 8

Abrir módulo
  • ABRAMOVICH, Fanny. Começar tudo de novo. São Paulo: Global, 1995.
  • ABRAMOVICH, Fanny. Cruzando caminhos. São Paulo: Ática, 1995.
  • ABRAMOVICH, Fanny. Espelho, espelho meu. 6. ed. São Paulo: Atual, 1992.
  • ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5. ed. São Paulo: Scipione, 2009.
  • ABRAMOVICH, Fanny. Quem manda em mim sou eu. 6. ed. São Paulo: Atual, 1989.
  • ABRAMOVICH, Fanny. Roda mundo. Belo Horizonte: Editora Sonia Junqueira, 1993.
  • COELHO, Nelly N. Dicionário Crítico da Literatura Infantil e Juvenil Brasileira: Séculos XIX e XX. São Paulo: EDUSP, 4ª ed., 1995.
  • OLIVEIRA, Valéria de. A morte de Fanny Abramovich. Literatura Infantil, 28 nov. 2017. Disponível em: https://sitedeliteraturainfantil.wordpress.com/2017/11/28/a-morte-de-fanny-abramovich/. Acesso em: 26 jun. 2021.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: