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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Laerte

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 18.10.2024
10.06.1951 Brasil / São Paulo / São Paulo
Registro fotográfico André Seiti/Itaú Cultural

Laerte, 2014

Laerte Coutinho (São Paulo, Brasil, 1951). Cartunista, ilustradora e roteirista. Uma das mais importantes cartunistas do Brasil é criadora de personagens emblemáticos como os Piratas do Tietê, Hugo Baracchini e Overman. Com um humor ao mesmo tempo refinado e mordaz, explora temas relevantes da existência humana.

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Laerte Coutinho (São Paulo, Brasil, 1951). Cartunista, ilustradora e roteirista. Uma das mais importantes cartunistas do Brasil é criadora de personagens emblemáticos como os Piratas do Tietê, Hugo Baracchini e Overman. Com um humor ao mesmo tempo refinado e mordaz, explora temas relevantes da existência humana.

Ingressa no curso de jornalismo na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), em 1969 e no ano seguinte, inicia a graduação em música na mesma instituição. Durante a universidade, cria a revista experimental Balão (1972), junto com o cartunista Luiz Gê (1951).

Em 1973, Laerte vence o 1º Salão de Humor de Piracicaba com um cartum que marca o início de seu engajamento político. Filia-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), participa da campanha eleitoral do Movimento Democrático Brasileiro (MDB),1 em 1974, e cria a empresa de comunicação sindical Oboré, em parceria com o jornalista Sérgio Gomes. 

Seus trabalhos das décadas de 1970 e 1980 revelam as preocupações e ideologias da militante política. Destaca-se deste período o livro Ilustração Sindical, publicado pela Oboré, em 1986, com ilustrações, quadrinhos e caricaturas, todos com direitos liberados para a utilização dos sindicatos.

Ainda na década de 1980, torna-se famosa pela parceria com os cartunistas Angeli (1956) e Glauco (1957-2010), com quem desenvolve a série de faroeste Los Tres Amigos, cujos personagens são alteregos dos três cartunistas: Laerton, Angel Villa e Glauquito. Suas tiras cômicas, publicadas em jornais, se destacam, entre outros motivos, pelo uso de recursos como o hiato, em que Laerte utiliza o espaço em branco não apenas para separar uma vinheta da outra, mas também para introduzir um comentário do narrador.2

No final da mesma década, participa das revistas Chiclete com Banana, editada pelo cartunista Angeli, e Geraldão, editada pelo cartunista Glauco, e cria com Luiz Gê a revista Circo. Colabora com importantes periódicos como O Pasquim, Revista Ovelha Negra, Placar e Correio Braziliense

Nesse período lança a série Piratas do Tietê, um grupo de piratas que navega pelo rio Tietê, em São Paulo, criando confusões e promovendo saques. Com a presença especial do escritor Fernando Pessoa (1888-1935) logo na primeira tirinha, Laerte sugere sutilmente o cenário da cidade através de pequenos detalhes, como o aqueduto, a ponte da qual o poeta se atira e o cenário próprio da metrópole, em contraste com a estética dos piratas e de suas embarcações, em uma mistura insólita de realidade e fantasia. Por outro lado, a identificação geográfica desaparece com frequência, tornando a metrópole uma referência que ora aparece específica ora genérica.

Na década de 1990, atua como roteirista na Rede Globo, em programas como TV Pirata, Sai de Baixo e no roteiro para o longa-metragem Super-Colosso, produzido pela mesma emissora. Em 1991, colabora semanalmente para a Folha de S.Paulo com as tirinhas Los 3 Amigos. Em 1993, cria o personagem Hugo Baracchini, seu alter ego, como integrante dos Piratas do Tietê que, três anos mais tarde, estreia individualmente no caderno de Informática da Folha de S.Paulo.  

Em 2004, inicia um processo de reflexão sobre sua identidade de gênero, que transforma profundamente sua produção, tornando-a mais engajada em questões de direitos humanos, gênero e sexualidade. No período, sua produção retoma e aprofunda o caráter experimental de seus primeiros quadrinhos, como na época do fanzine Balão, em um processo que resume a necessidade de criar tirinhas com histórias contínuas e que se aproxima de discussões mais filosóficas. 

Em 2009, assume sua transgeneridade e vincula-se a movimentos dedicados ao debate sobre o tema. Além disso, as questões do processo passam também a figurar em alguns de seus trabalhos, como o personagem Hugo que vivencia os mesmos questionamentos e se estabelece em uma nova série como Muriel, problematizando situações cotidianas das travestis. Nesta fase, a primazia do humor cede espaço à militância e atuação política, em que a expectativa pelo riso fica em segundo plano em muitos momentos. Em 2012, junto com a advogada Márcia Rocha, a atriz Maitê Schneider e a psicanalista Letícia Lanz, funda a Associação Brasileira de Transgêneros (Abrat).

A obra de Laerte é múltipla e carrega em seus traços questões políticas que envolvem a cidade, o cotidiano e a própria existência da cartunista, ora com humor, ora em um tom reflexivo.

Notas
1. Partido político fundado em 1966, que abriga opositores do Regime Militar instaurado no Brasil em 1964.

2. Para saber mais ou ver exemplos desse recurso no trabalho de Laerte, ver RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos. São Paulo: Contexto, 2009, p. 147.

Obras 14

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Espetáculos 5

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Exposições 13

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Fontes de pesquisa 11

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  • ABUJAMRA, Antonio. Antonio Abujamra entrevista o cartunista Laerte Coutinho. TV Cultura, Provocações, Programa 505, 01/03/2011. Disponível em: http://tvcultura.cmais.com.br/programa-505. Acesso em 19/11/2011.
  • COUTINHO, Laerte. Laerte Coutinho. São Paulo: [s.n], 2011. Entrevista concedida para a redação deste verbete.
  • COUTINHO, Laerte. Laertevisão. São Paulo: Conrad, 2007.
  • COUTINHO, Laerte. Muchacha. São Paulo: Quadrinhos da Cia, 2010.
  • COUTINHO, Laerte. Piratas do Tietê – A saga completa v. 1. São Paulo: Jacarandá/ Devir, 2007.
  • COUTINHO, Laerte. Piratas do Tietê – A saga completa v. 2. São Paulo: Jacarandá/ Devir, 2007.
  • COUTINHO, Laerte. Piratas do Tietê – A saga completa v. 3. São Paulo: Jacarandá/ Devir, 2008.
  • LIMA, Elaine Aparecida Barreto Gomes de. Piratas no Tiête: cenários e fundos de cena das HQS. 2006. Dissertação de mestrado - Faculdade de Educação da Unicamp, Campinas, 2006.
  • MOYA, Álvaro de & CIRNE, Moacy (org.). Literatura em quadrinhos no Brasil – acervo da biblioteca nacional. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.
  • PIRACICABA: 30 anos de humor. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado : Instituto do Memorial de Artes Gráficas do Brasil, 2004.
  • RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos. São Paulo: Contexto, 2009.

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