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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Márcio Souza

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 12.08.2024
04.03.1946 Brasil / Amazonas / Manaus
12.08.2024 Brasil / Amazonas / Manaus
Márcio Gonçalves Bentes de Souza (Manaus, Amazonas, 1946 - Idem, 2024). Romancista, dramaturgo, ensaísta, contista, diretor de cinema. A obra de Márcio Souza se destaca pela sua busca constante em desvendar a Amazônia, cuja riqueza cultural e histórica é ignorada pelos próprios brasileiros. O processo de colonização do Norte do país, a exploraçã...

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Márcio Gonçalves Bentes de Souza (Manaus, Amazonas, 1946 - Idem, 2024). Romancista, dramaturgo, ensaísta, contista, diretor de cinema. A obra de Márcio Souza se destaca pela sua busca constante em desvendar a Amazônia, cuja riqueza cultural e histórica é ignorada pelos próprios brasileiros. O processo de colonização do Norte do país, a exploração do látex na passagem do século XIX para o XX, durante o chamado ciclo da borracha, a questão indígena e os abismos sociais nascidos do embate entre modernidade e arcaísmo na região são a matéria-prima de suas narrativas. 

Filho de um operário gráfico, escreve críticas de cinema para jornais e participa da fundação do Grupo de Estudos Cinematográficos de Manaus. Muda-se para São Paulo em 1965 e ingressa no curso de ciências sociais da Universidade de São Paulo (USP). Na mesma época, trabalha como roteirista para produtores da Boca do Lixo. Publica O Mostrador de Sombras (1967), coletânea de ensaios sobre cinema, dirige o curta-metragem Bárbaro e Nosso (1969), e realiza o filme A Selva (1972). Em 1973 volta a Manaus, ingressa no Teatro Experimental do Sesc (Tesc) e assume um cargo burocrático na Fundação Cultural do Amazonas. 

Marcio Souza estreia na literatura com o romance Galvez, Imperador do Acre (1976). Partilhando do desejo de experimentação que orienta nossa literatura nos anos 1970, sua ficção retoma, sob chave cômica, a tradição brasileira do romance histórico, gênero cultivado no país desde o romantismo por autores como José de Alencar (1829-1877). Satirizando episódios da história da Amazônia, Galvez, Imperador do Acre, seu mais famoso livro, narra a trajetória de Luiz Galvez, aventureiro espanhol que chega ao Brasil e é coroado imperador do Acre depois de cumprir inúmeras peripécias. Valendo-se de recursos como a colagem e o fragmento, a paródia e o burlesco, o hibridismo entre a linguagem jornalística e literária, o livro mantém um vivo diálogo com o movimento modernista brasileiro, sobretudo com as ideias de Oswald de Andrade (1890-1954).

Outro livro de sucesso de Márcio Souza é Mad Maria (1980), adaptado para uma minissérie televisiva em 2005. Por meio da conjunção de personagens e fatos fictícios e reais, o livro narra a construção da Ferrovia Madeira-Mamoré, ocorrida entre 1907 e 1912, para integrar a Amazônia brasileira à Bolívia. O título da obra faz referência à locomotiva a vapor, apelidada no Brasil, no início do século XX, de Maria Fumaça, e ao ambiente de insanidade que sua chegada promove. Em um calor infernal e com grandes desafios naturais (como a infestação de escorpiões após as chuvas), os trabalhadores, de diferentes etnias, envolvem-se em constantes conflitos por motivos banais, que demonstram o abandono de leis, regras e da própria razão; o que explica o nome louca (mad, em inglês) Maria.

Entre 1981 e 1982, publica em folhetim A Resistível Ascensão do Boto Tucuxi, no jornal Folha de S.Paulo. Transfere-se para o Rio de Janeiro em 1983 e lança o romance A Ordem do Dia (1983). Em 1984 funda a editora Marco Zero. Intelectual engajado, também redige ensaios sobre problemas culturais e sociais da Amazônia, como A Expressão Amazonense (1978) e O Empate contra Chico Mendes (1986). Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), dirige o Departamento Nacional do Livro e a Fundação Nacional de Artes (Funarte). 

Publica a tetralogia Crônicas do Grão-Pará e Rio Negro, composta dos romances Lealdade (1997), Desordem (2001), Revolta (2005) e Derrota (2006). Essa obra apresenta, por meio de ficção, momentos históricos relevantes do Pará, explorando especialmente o movimento da Cabanagem, ocorrido entre 1783 e 1840. É considerada, ao lado da trilogia O Tempo e o Vento (1949-1962), de Érico Veríssimo (1905-1975), uma das obras brasileiras que fazem um grande painel sobre um momento histórico nacional importante. Registrando a reação do Norte à tentativa de unificação do território e de construção de uma identidade nacional, Márcio Souza mostra o desejo de independência dessa região e sua discordância com o centro político-cultural brasileiro da época, um momento, de certa forma, apagado pela história tradicional que narra o forjar da nação brasileira. 

Em 2009, lança o livro História da Amazônia: do período pré-colombiano aos desafios do século XXI. Fruto de duas décadas de pesquisa, o livro compila a história da Amazônia, desde a chegada do Homo sapiens, há 40 mil anos, até os dias de hoje. De acordo com o autor, a ideia de escrever a obra nasce de sua experiência docente na Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, no final da década de 1990, quando ministra alguns cursos e descobre não há nenhuma obra em que a história da Amazônia é compilada e consolidada.

Uma das mais importantes vozes da moderna literatura brasileira, Márcio Souza é dono de uma obra variada, que transita por diferentes gêneros e linguagens artísticas, tendo no romance, no teatro e no ensaio histórico-sociológico seus principais veículos de expressão e desenvolvimento. Ainda que diversificada, sua produção é atravessada pelo tema constante da história da região amazônica. A partir de seu olhar, o Brasil e o mundo podem desbravar a Amazônia e conhecer a riqueza de sua história e de seu povo.

Obras 1

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Espetáculos 9

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Fontes de pesquisa 16

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