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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Derlon

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 25.10.2024
27.03.1985 Brasil / Pernambuco / Recife
Registro fotográfico Marcus Leoni

Derlon, 2020

Derlon Almeida de Lima (Recife, Pernambuco, 1985). Grafiteiro e muralista. Baseando-se na xilogravura e investindo na expressividade de traços simples e reduzidos, cria obras que valorizam as diversas culturas do Brasil, especialmente as do Nordeste. Em trabalhos predominantemente monocromáticos, retrata o cotidiano, a religião e as celebrações ...

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Derlon Almeida de Lima (Recife, Pernambuco, 1985). Grafiteiro e muralista. Baseando-se na xilogravura e investindo na expressividade de traços simples e reduzidos, cria obras que valorizam as diversas culturas do Brasil, especialmente as do Nordeste. Em trabalhos predominantemente monocromáticos, retrata o cotidiano, a religião e as celebrações de diferentes comunidades brasileiras.

Interessa-se por desenho desde a infância, e na adolescência atrai-se pelo poder de comunicação e pela visibilidade do graffiti. Nesse período, além de fazer intervenções em muros do Recife, frequenta cursos em que aprende técnicas de gravura. Seus estudos se concentram na impressão sobre madeira, na xilogravura (especialmente a tradicional e a regional) e na obra do cordelista e gravador pernambucano J. Borges (1935), que se torna uma referência para o grafiteiro. Passa a utilizar suas descobertas pictóricas nas intervenções que faz em muros do centro do Recife.

Em 2007, Derlon exibe algumas obras na exposição coletiva Estética da Periferia, realizada no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), no Recife. No ano seguinte, é convidado para apresentar seu trabalho na exposição Narrativas em Madeira e Muro: Presença da Xilogravura Popular nas Obras de Samico e Derlon. Realizado no 47º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), o evento é parte das homenagens aos 80 anos do renomado gravador Gilvan Samico (1928-2013). Para a mostra, são criadas obras em duas paredes adjacentes: à esquerda, um mural gráfico incorpora elementos e personagens fantásticos da obra dos dois artistas, ampliados em fundo branco; na parede à direita, o painel A Festa, criação de Derlon, exibe animais mitológicos que saúdam, sob raios de sol, um casal. Com traços incisivos, a obra retrata uma cena alegre, em preto e branco, na qual se destacam o homem, vestindo azul, e a mulher, vestindo vermelho.

Os desenhos de Derlon são propositalmente simples e expressivos. Na maioria das obras, ele usa a cor preta sobre fundo branco. A opção estética do artista é reduzir traços e acentuar o poder comunicativo deles para criar os murais. O objetivo é “manter o peso visual, da forma mais simples possível”1, efeito que se obtém pela transposição da estética da xilogravura para a pintura mural. Essa pesquisa estética ganha fôlego em 2014, quando Derlon realiza uma residência artística em comunidades de agricultores de algodão no interior do Ceará. A pesquisa recebe o nome de Ouro Branco, em referência à cor e ao valor do algodão para os moradores.

Depois de viver quase duas semanas no sertão semiárido do estado, em comunidades de Riacho do Meio, Tauá, Choró e Quixeramobim, o artista produz 12 pinturas em fachadas de edificações como casas, igrejas, bares, cisternas e a associação dos agricultores. Usando tinta spray e rolo de espuma, aplica a cor preta sobre o fundo branco caiado das paredes, típico da região, e, com elementos da tradição local, retrata moradores de 72 famílias de algodoeiros em seu contexto social.

Em um dos desenhos, Derlon exibe casas sobre a cabeça dos personagens, inspirando-se no costume dos moradores de carregar baldes de água ou grandes volumes sobre a cabeça. A obra representa o apreço dos habitantes pela conquista e manutenção de seus lares e, ao mesmo tempo, expressa a importância da religião para a comunidade, uma vez que o quadrado de pontas triangulares, usado para representar as casas, alude a um oratório tripartido. A pesquisa se desdobra no registro fotográfico dos murais com os moradores da comunidade. Por meio da técnica lambe-lambe, as imagens em preto e branco são ampliadas sobre papel e coladas em partes, para formar grandes painéis sobre muros. Nesse formato, a mostra Ouro Branco é apresentada em espaços públicos de São Paulo, Recife, Rio de Janeiro e Paris.

Nas obras de Derlon, as referências à religião também estão presentes em trabalhos que retratam festas populares, como a de São João, e na representação de santos e outros elementos da iconografia católica. Nesse sentido, é emblemática a intervenção feita no muro da Paróquia Nossa Senhora Mãe Salvador, conhecida como Igreja da Cruz Torta, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Nela, Derlon desenha figuras religiosas como São Francisco, São João Batista e Santa Luzia, em grande formato e com poucos traços. As figuras são identificáveis pelos devotos por causa de elementos característicos, como o cordeiro carregado por São João.

Além do graffiti e da pintura mural, Derlon produz trabalhos tridimensionais e bidimensionais em outros suportes, como madeira e compensado. Também realiza intervenções comissionadas em edifícios e espaços públicos. No Itaú Cultural, em São Paulo, cria o mural da Ocupação Chico Science, em 2010. O monocromatismo e o aspecto gráfico de suas criações são encontrados em ilustrações para jornais, na capa do disco Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa (2011), da banda recifense de manguebeat Mundo Livre S/A, em cenografias para teatro e peças em cerâmica.

Em 2012, sua obra é exibida no Espaço Brasil, em Lisboa, e na fachada de um edifício residencial em Amsterdã. Em 2013, numa galeria comercial de Londres. Em 2018, a editora Impressões de Minas publica o livro Derlon, com registros fotográficos de suas obras.

Com poucos e expressivos traços, Derlon amplia a visibilidade de culturas locais do Brasil, e sua obra torna-se relevante tanto pelas técnicas de gravura revisitadas quanto pelas temáticas brasileiras, que difunde por diversas cidades do país e do mundo.

Nota

1. Derlon – Série Cada Voz (2020). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: https://youtu.be/gm4oh0NLB8Q. 

Obras 13

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Exposições 23

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Intervenções 2

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Mídias (1)

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Derlon – Série Cada Voz (2020)
Derlon é um artista pernambucano radicado em São Paulo. Nesta entrevista, ele conta que seu interesse pelo desenho surge na infância e o acompanha até a vida adulta.

Ainda assim, decide cursar ciências sociais adotando o desenho como um hobby. Após abandonar o curso na metade, no entanto, percebe que a vida acadêmica passa a ter o papel de hobby e o desenho se torna sua atividade principal.

Em seus trabalhos, ele assume uma identidade visual pela semelhança com a xilogravura, técnica associada às ilustrações presentes na literatura de cordel.

Derlon conta que a possibilidade de criar uma arte que não tivesse limitação do acesso público é o que torna o graffiti seu trabalho e, também, uma tradução muito próxima do que a arte deve ser.

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Produção de conteúdo: Camila Nader
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Produção audiovisual: Letícia Santos
Edição de conteúdo acessível: Richner Allan
Direção, edição e fotografia: Marcus Leoni
Montagem: Renata Willig
Assistência de Edição: Rommel Cuellar
Intérprete de Libras: Florio & Fomin (terceirizada)

Fontes de pesquisa 5

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  • DERLON – Série Cada Voz (2020). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: https://youtu.be/gm4oh0NLB8Q. Acesso em: 2 set. 2020.
  • DERLON. Site Oficial do Artista. Disponível em: http://derlon.com.br. Acesso em: 24 jul. 2020.
  • DERLON. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 21 jul.2020.
  • MOREIRA, Fabiano. Grafite enraizado. O Globo. Rio de Janeiro, 18 jul. 2014. Segundo Caderno, p. 4.
  • SALÃO DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE PERNAMBUCO, 47., 2009, Recife, PE. Narrativas em madeira e muro: presença da xilogravura popular nas obras de Samico e Derlon. Curadoria Adriana Dória Matos. Olinda: MAC, 2008.

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