Yana Tamayo (Brasília, Distrito Federal, 1978). Artista visual, pesquisadora, professora. Trabalha com fotografia, vídeo e desenho, e tem como temas principais a arquitetura, o urbanismo e o conceito de modernidade.

Nascida em Brasília, demonstra interesse em estudar comunicação. Insatisfeita com o curso de jornalismo, se transfere para o de publicidade com o objetivo de estudar cinema, mas decide interromper a faculdade para prestar vestibular para artes. Em 2003, conclui a graduação em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O fato de nascer na cidade com prédios e monumentos projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) influencia de modo significativo a trajetória da artista. Ao se mudar para Belo Horizonte, semente arquitetônica da capital brasileira, com as construções da Lagoa da Pampulha projetadas pelo mesmo arquiteto, a artista intensifica seu interesse inicial pela visualidade da arquitetura.

Na série Arquiteturas (2000-2004), Tamayo fotografa interiores de construções de maneira a buscar uma estética imperfeita, diferente da fotografia de arquitetura convencional e de projetos de ambientes decorados, com perspectivas totalmente corrigidas. O trabalho mostra o incômodo da artista com espaços projetados e o interesse por construções fora dos padrões estéticos arquitetônicos. 

Entre 2002 e 2004, atuou como assistente de curadoria do Museu de Arte da Pampulha (MAP). Na instituição, produz exposições, programas de residência e publicações. Essa experiência lhe proporciona atuações diversificadas para além do ofício de produção de obras de arte, e que são retomadas em atividades desempenhadas mais tarde. Em 2005, faz especialização em Teoria e Prática em Arte Contemporânea pela Universidad Complutense de Madrid. 

Seu retorno ao Brasil no ano seguinte também marca sua volta a Brasília, na mesma data em que é inaugurado o Museu da República projetado por Niemeyer. Tamayo questiona a construção da meia esfera branca e realiza a série Eclipses, na qual fotografa o prédio em perspectiva, incorporando objetos de plástico que ocupam o quadro até eclipsar o museu. Sua intenção é questionar a noção de monumento e as ideias que nortearam o modernismo brasileiro durante as décadas de 1950 e 1960 – período de construção da capital do país. O interesse dela pela arquitetura e pelo urbanismo também estão presentes nas séries de fotografia Cidade dentro e fora (2005) e Plano possível (2007).

Conclui o mestrado em artes na Universidade de Brasília (UnB) em 2009. Sua dissertação, intitulada Utopia e construção: melancolia e sobrevivência na arte contemporânea brasileira, elabora as inquietações presentes em seus trabalhos: a origem do pensamento da arquitetura moderna e os conceitos de modernidade discutidos no Brasil nas décadas de 1950, que se projetam na cultura e na vida contemporânea. Em 2015, defende a tese de doutorado Paisagem cambiante: ensaio para um balé das coisas, também na UnB, na qual novamente se debruça sobre a arquitetura, dessa vez focada na ideia de ruína na arte contemporânea, a partir de imagens da cidade. Entre as obras tratadas na tese, está Paisagem cambiante, composta de três séries fotográficas e um vídeo, nos quais a artista explora o trânsito de pessoas que parodiam os elementos construtivos da arquitetura modernista, expondo o esvaziamento e as fragilidades do projeto de Lúcio Costa (1902-1998) e Oscar Niemeyer.

Entre 2015 e 2018, coordena o Laboratório de Processo Criativo, que realiza o acompanhamento crítico de projetos artísticos no grupo Nave. Entre 2018 e 2020, sob a gestão do JA.CA – Centro de Arte e Tecnologia, coordena o Programa CCBB Educativo – Arte e Educação no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília. Em 2020, trabalha como curadora da exposição coletiva "Rumor", na Caixa Cultural Brasília. A mostra reúne 29 artistas com objetivo de aproximar diferentes gerações e circuitos e dar visibilidade à produção realizada na capital do país. 

Realiza residência artística em Palmas, no Tocantins, a convite do JA.CA, em 2015. Durante sua passagem, realiza o trabalho Diário da margem central (Primeiras Estórias), série de fotografias que mostram situações que desafiam o planejamento das construções. Guimarães Rosa (1908-1967) está presente em diversos trabalhos da artista, como em Terra Nullius (2019). Em placas de madeira, a artista aplica palavras retiradas de textos de arquivos históricos do Instituto Brasileiro de Georgrafia e Estatística (IBGE) sobre a origem do escritor mineiro. A proposta do trabalho é convidar o espectador a escrever um texto a partir dessas palavras, usadas para outras finalidades, de modo a conectar histórias e narrativas de origem diferentes. 

Em sua obra, Yana Tamayo questiona o conceito de monumento e o modernismo brasileiro – tema aprofundado também em seus trabalhos acadêmicos. Sua prática como artista se associa às práticas educativas e curatoriais.