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Enciclopédia Itaú Cultural
Dança

Ciro Barcelos

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 24.06.2024
27.09.1953 Brasil / Rio Grande do Sul / Porto Alegre
Reprodução fotográfica Marcus Leoni/Itaú Cultural

Ciro Barcelos, 2022

Ciro Barcelos Junior (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1953). Bailarino, coreógrafo, ator, cantor. Moldado na mistura de influências relacionadas à dança, o artista se notabiliza pelo mix de estilos que pesquisa em seu corpo e nas suas coreografias. Transita por muitos meios, dos desfiles do samba à TV, destacando sua experiência no icônico Dzi ...

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Ciro Barcelos Junior (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1953). Bailarino, coreógrafo, ator, cantor. Moldado na mistura de influências relacionadas à dança, o artista se notabiliza pelo mix de estilos que pesquisa em seu corpo e nas suas coreografias. Transita por muitos meios, dos desfiles do samba à TV, destacando sua experiência no icônico Dzi Croquettes, onde questiona os padrões de gênero nos anos 1970 com características de teatro musical com toques de deboche e humor.

Encanta-se quando assiste à apresentação da primeira montagem brasileira do musical Hair (1969) dirigida por Ademar Guerra (1933-1993) em excursão por Porto Alegre em 1970. O adolescente Ciro se conecta à história de liberdade e de oposição ao sentimento bélico que imperava naquele período de Guerra do Vietnã. É apresentado ao elenco pela atriz Sônia Braga (1950), integrante da peça, e segue a turnê do grupo por Curitiba substituindo um dos atores. Já em São Paulo, passa a integrar definitivamente o espetáculo, produzido pela Cia. Altair Lima.

No início de 1972, é apresentado ao bailarino e coreógrafo estadunidense Lennie Dale (1934-1994), residente no Brasil, com quem inicia seus estudos em jazz. Inicia uma profunda ligação com a dança, investigando estilos e técnicas diversas. Com Tatiana Leskova (1922) e Eugenia Feodorova (1923-2007) - bailarinas de origem russa e ucraniana, respectivamente - estuda dança clássica.

Com Dale, passa a integrar o Dzi Croquettes, no Rio de Janeiro, na primeira montagem Gente Computada igual a Você, realizada em 1972. O grupo cumpre temporadas em São Paulo e no Rio de Janeiro e parte para turnês na Europa (Lisboa, Paris, Milão, Turim e Berlim). A partir de 1976, com o término da temporada europeia, fixa-se em Paris durante cinco anos quando estuda e atua com Félix Blaska (1941) e estreia cantando em show de MPB na boate Le Rive Gauche. Em período na Espanha, tem formação com Antônio Gades (1936-2004), referência da dança flamenca. Ao retornar ao Brasil, em 1981, coreografa para programas musicais da TV Globo e shows de artistas como Ney Matogrosso (1941) e Gal Costa (1945-2022).

No mesmo período, funda o Balé do Terceiro Mundo, onde experimenta as linguagens em que transitou. O grupo angaria elogios da crítica nacional pelo caráter inovador e faz apresentações em diferentes cidades brasileiras. A mistura artística em Ciro Barcelos se dá a ver especialmente a partir de Bolero (1983), seu segundo trabalho coreográfico com o Balé do Terceiro Mundo, quando chama atenção para a tentativa de fusão temática e coreográfica. Para o crítico Antônio José Faro, “[...] com grande conhecimento da cena e uso do material humano de que dispõe, senso teatral e inventividade aos borbotões”. No entanto, ainda segundo Faro, persiste a dificuldade de criar unidade entre os elementos, o que evidenciaria um estilo próprio do coreógrafo.

Com Rebento (1987), no mesmo grupo, admite a justaposição de cenas de maneira livre, semelhante a uma colagem, afastando-se do roteiro pré-definido. Desta vez, por meio de um painel de alegorias sobre costumes, rituais e tipos brasileiros, em que 12 bailarinos se apresentavam em passos de candomblé, xaxado, rituais indígenas a discursos tropicalistas. Rebento se apresenta na seção brasileira do Carlton Dance Festival (1987) e não encontra boa receptividade da crítica devido ao modo que justapõe os elementos do espetáculo.

Com Canibais Eróticos, um Caminho do Êxtase (1984-1985), implementa também uma colcha de retalhos, mas, desta vez, acrescenta à mistura a temática mística oriental. Kátia Canton Monteiro analisa que “o espetáculo é sério, com uma proposta existencialista, em que a busca desenfreada do prazer carnal opõe-se ao verdadeiro prazer, que está na alma, na espiritualidade”. É também reconhecido por avançar na implementação do mix de diferentes procedências. Antonio José Faro registra que “o trabalho de Ciro revela uma segurança e um progresso dignos de nota, com um melhor uso das diversas técnicas abordadas, desde o clássico até o music-hall”.

A convite de Abelardo Figueiredo (1931-2009), coreografa musicais como São Paulo Night Andei (1986) e Meu Refrão, Olê Olá (1989), protagonizado por Tony Ramos (1948). Em seguida, coreografa e protagoniza a abertura do programa de variedades Fantástico da TV Globo (1987), famosa pela integração com os elementos da natureza e o uso dos efeitos visuais.

A partir do final dos anos 1980, coreografa comissões de frente de diferentes escolas de samba do carnaval carioca, com destaque para Vila Isabel, Mangueira e Portela. Artista com desenvoltura em vários veículos, Ciro também coreografa as cenas de dança do filme O Rei do Rio (1985), de Fábio Barreto (1957-2019).

Junto com o diretor Flávio de Lira, cria o musical Francisco de Assis (1995), onde interpreta o protagonista. O espetáculo passa 12 anos em cartaz e angaria elogios na Itália com apresentações em 2002. Já nos anos 2010, Ciro reúne trupe de novos artistas para apresentar o Dzi Croquettes a novas plateias mantendo as características que consagraram o grupo: esquetes rápidas com números musicais, cômicos e pequenas cenas teatrais, marcados pelos pontos de vista ácidos sobre as práticas sociais e a política nacional com homens com elementos de maquiagem e figurino transgredindo as normas de gênero.

Desde cedo, Ciro Barcelos empenha-se em absorver diferentes manifestações artísticas, principalmente aquelas relacionadas ao movimento. Com o repertório que angaria ao redor do mundo, esforça-se por juntar suas influências na criação de obras originais, geralmente unindo dança, música e interpretação para mostrar seu ponto de vista para uma variedade temática que vai de assuntos de interesse social ao religioso.

Espetáculos 6

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Mídias (1)

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Ciro Barcelos - série Cada voz (2023)
Ciro Barcelos compartilha sua trajetória como criador e fala das parcerias que transformaram sua forma de ver a arte e a própria atuação dos artistas nesse campo. O ex-Dzi Croquettes se define assim: “O rebelde com causa continua vivo”. Ele considera o medo como o que há de mais castrador e, ao aconselhar as novas gerações, vê o risco e a aventura como essenciais para a construção artística.

Cada voz
A série “Cada voz” é um projeto da "Enciclopédia Itaú Cultural" com registros de depoimentos de artistas de diferentes áreas de expressão, como literatura, música, teatro e artes visuais. Conduzidos pelo fotógrafo Marcus Leoni, os vídeos capturam o pensamento dos artistas sobre seu processo de criação e sua visão sobre a própria trajetória. Os registros aproximam o público do artista, que permite a entrada no camarim, no ateliê ou na sala de escrita.

ITAÚ CULTURAL

Presidente: Eduardo Saron
Gerente do Núcleo Enciclopédia: Tânia Rodrigues
Coordenação: Luciana Rocha
Produção de conteúdo: Pedro Guimarães
Gerente do Núcleo Audiovisual: André Furtado
Coordenação: Kety Nassar
Produção audiovisual: Amanda Lopes
Edição de conteúdo acessível: Richner Allan
Direção, edição e fotografia: Marcus Leoni
Montagem: Renata Willig
Interpretação em Libras: FFomin Acessibilidade e Libras (terceirizada)

O Itaú Cultural integra a Fundação Itaú. Saiba mais em fundacaoitau.org.br.

Fontes de pesquisa 15

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  • CIRO Barcelos encena espetáculo na Bahia. Sul Bahia News, Bahia, 15 jun. 2009. Disponível em: https://www.sulbahianews.com.br/teixeira-de-freitas-ciro-barcelos-encena-espetaculo-na-bahia/. Acesso em: 02 maio 2023.
  • DIAS, Maurício. Croquette Power. Veja, Edição 232, 11 fev. 1973.
  • EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011.
  • FARO, Antonio José. As atividades no Rio. Dançar, São Paulo, ano II, nº 9, p. 30, 1985.
  • FARO, Antonio José. Os Destaques do Ano. Dançar, São Paulo, ano II, nº , p. 16-18, 1983.
  • FARO, Antonio José; SAMPAIO, Luiz Paulo. Dicionário de balé e dança. Rio de Janeiro: Zahar, 1989.
  • FERREIRA, Adriana. Ciro Barcelos encarna o “sacrodélico”. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 29 mar. 1996.
  • FESTA de Cores. Veja, Edição 963, p. 125, 18 fev. 1987.
  • JOE, Jimi. A memória musical do Brasil com o pé na África. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 20 jun. 1991. Caderno 2, p.79.
  • KATZ, Helena. Festival de estrelas e equívocos. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 28 mar. 1987.
  • LACERDA, Marco Antônio de. O raro prazer de dançar. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 22 mar. 1987. Caderno 2, p.219.
  • MONTEIRO, Kátia Canton. Um Balanço sobre a Produção de Grupos Independentes em 85. Dançar, São Paulo, ano IV, nº 14, p. 15-16, 1986.
  • NUNES, Lucinéa. ‘Francisco de Assis’ leva espiritualidade ao palco. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 09 jan. 1998. Caderno 2, p.46.
  • Plumas e paetês. Veja, Edição 256, p. 85-88, 01 ago. 1973.
  • SCHOTT, Ricardo. Ex-Dzi Croquetes, Ciro Barcelos encarna entidade psicodélica. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 jun. 2008.

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