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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Eleonora Fabião

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 30.04.2024
1968 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Eleonora Batista Fabião (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1968). Performer, atriz, pesquisadora, professora. Articula estética, ética e política como indissociáveis em seus âmbitos de atuação, tratando-os todos como ações performativas. Privilegia a rua como construção espaço-temporal na qual o corpo se faz nos encontros com o humano e o não-huma...

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Eleonora Batista Fabião (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1968). Performer, atriz, pesquisadora, professora. Articula estética, ética e política como indissociáveis em seus âmbitos de atuação, tratando-os todos como ações performativas. Privilegia a rua como construção espaço-temporal na qual o corpo se faz nos encontros com o humano e o não-humano por meio de um programa criador de fendas no cotidiano e de novas possibilidades de mundo.

Como filha caçula e com três irmãs e um irmão mais velhos, brinca bastante sozinha, criando universos próprios a partir dos espaços domésticos. Seu avô materno é médico e artista, trabalhando com escultura, pintura e colagem, mas pouco convive com ele. Sua mãe é cantora amadora de ópera e uma de suas irmãs se torna artista e arquiteta.

Em 1986, inicia a graduação em comunicação social com habilitação em jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e em artes cênicas na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), traçando vínculos entre os dois cursos de forma interdisciplinar. Conclui ambas em 1989, ano no qual tem um primeiro e importante contato com a obra do artista Arthur Bispo do Rosário (1911-1989) em exposição no Parque Lage.

É co-fundadora do Centro de Demolição e Construção do Espetáculo (CDCE), companhia de teatro com estudos em dramaturgia aberta e interação com o público. Atua em peças e é uma das protagonistas em Senhora dos Afogados (1994), do dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980), dirigida por Aderbal Freire-Filho (1941)

A partir de 1993, participa de ensaios com forte abordagem psicofísica e energética ao ingressar no grupo teatral KO Produções, no qual permanece até 1998. Tem o papel principal em Orlando (1997), adaptação do livro homônimo da escritora inglesa Virginia Woolf (1882-1941), dirigida por Ivana Leblon.

Começa o mestrado em história social da cultura na PUC-Rio, em 1994, com o desejo de articular questões vividas no fazer teatral até então. Nesse mesmo ano, se voluntaria para realizar oficinas de práticas corporais para pacientes psiquiátricos em hospitais da Colônia Juliano Moreira1, no Rio de Janeiro.

Após a obtenção do título de mestre, em 1997, Fabião trabalha como professora substituta na graduação em direção teatral da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, no mesmo ano, é efetivada mediante concurso público. Posteriormente, integra o programa de pós-graduação em artes da cena, da UFRJ. Sua atuação como pesquisadora e docente é percebida como ação performática, afastando qualquer cisão entre teoria e prática.

Passa a residir também em Nova York para cursar mestrado (2000-2001) e doutorado (2001-2006) em estudos da performance na New York University (NYU), onde recebe o Prêmio Memorial Monroe Lippman por sua tese.

O ano de 2008 é emblemático por abrir as obras de Fabião nas ruas. A artista realiza programas performativos que já se constituem como ação. São disparadores que permitem que a situação estética se instaure em meio ao cotidiano e o desprograme. É assim em Converso sobre qualquer assunto (2008), quando a performer chega no Largo da Carioca, no Rio de Janeiro, carregando duas cadeiras de sua cozinha e, posicionando-as frente-a-frente, senta-se, fica descalça e escreve o título da obra em um cartaz, apresentando-o aos passantes. A partir daí, incontáveis acontecimentos são possíveis. Essa obra ocorre também em Fortaleza, São José do Rio Preto, Santo André e, internacionalmente, em Berlim (Alemanha), Bogotá (Colômbia) e Miami (Estados Unidos).

Fabião passa a utilizar materiais que atribuem importância à cor para a performance, a partir de 2012, seja carvão, sacolas plásticas pretas, brancas e vermelhas ou tinta guache. A partir do apoio do programa Rumos Itaú Cultural, publica, em 2015, Ações/Actions (2015), que se afasta da ideia de um catálogo de obras e trata de prolongar, em outro suporte, as reverberações das performances. O cuidado quanto à cor e à impressão do livro reiteram as questões materiais e o impedimento de sua venda, acompanhado do incentivo a sua troca, perda ou doação, reforçam-no como uma ação em si.

Em no meio da noite tinha um arco-íris; no meio do arco-íris tem uma noite (2015), realizada no Rio de Janeiro e em Nova York, a artista não só trabalha a questão da cor, como também propõe ação para ser realizada em coletivo, o que se torna recorrente nas obras da artista. Sete amigos são convidados a portar sete varas de bambu com lâmpadas coloridas em suas pontas e a seguir andando pela cidade à noite, alterando a paisagem de forma poética.
  
Em 2021, participa da 34a Bienal de São Paulo e, no ano seguinte, na exposição Bispo do Rosário – Eu Vim: Aparição, Impregnação e Impacto, no Itaú Cultural, dá sequência a performances realizadas na Colônia Juliano Moreira, em 2016, durante a mostra Das Virgens em Cardumes e a Cor das Auras, no Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea. As cinco performances de azul azul azul e azul (2016), que incluem trajetos entre o espaço expositivo e áreas externas da Colônia em momentos de cortejo com peças do acervo da obra de Bispo do Rosário ou em ações com objetos feitos para estas, são reproduzidas em cinco cartazes, que podem ser transportados para mais uma vez ocuparem o exterior da instituição de arte como um novo desdobramento performático.

Eleonora Fabião é uma artista da ação que busca desfazer e refazer o mundo por meio das relações em suas mais diversas formas – pessoais, institucionais, entre sujeito e objeto, dentre outras –, sendo a rua o cosmos de forças onde se faz o corpo.
 
Nota
1.
Antiga área de engenho de cana de açúcar transformada em instituição psiquiátrica no início do século XX.

Espetáculos 7

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Exposições 5

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Fontes de pesquisa 11

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