Mariana Palma
![Sem Título, 2011 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/013302248839.jpg)
Sem Título, 2011
Mariana Palma
Aquarela e lápis sobre papel
Texto
Mariana Palma (São Paulo, São Paulo, 1979). Artista visual. Com base na construção de espaços pictóricos, trabalha em suas obras a justaposição de elementos e técnicas diversificadas, em um desejo de apurar a linguagem da pintura e expressar suas inquietações.
Seu primeiro contato com as artes é durante a infância, em aulas de pintura feitas por sua avó. Ao acompanhar essas aulas, Mariana inicia seu aprendizado sobre volumetria e materialidade da pintura, elementos que cercam sua obra nos anos seguintes. Em 1998 ingressa no curso de artes plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e se forma em 2000. Desenvolve uma intensa produção desde a época da faculdade, participando de várias exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior. Integra o grupo de pesquisa do Atelier Fidalga, espaço dedicado à troca entre artistas multidisciplinares. Ao final do curso de graduação, estabelece um trabalho na área de instalação, explorando plataformas ligadas à tecnologia, que ressaltam o uso da cor e da tridimensionalidade.
O interesse pela pintura e a figuração estão presentes em retratos oníricos de figuras humanas ornadas de joias, tecidos elaborados e rendas. Utilizando de referências como a pintura flamenga1, o romantismo e o barroco, a experimentação da artista formula uma costura com elementos modernos e contemporâneos, como padronagens industriais de tecidos e da cultura popular brasileira, criando o que ela chama de paisagem. Em sua produção, utiliza suportes como aquarela, tinta acrílica e óleo, o desenho, a fotografia e a escultura em materiais profusos.
Entre 2003 e 2006, participa de inúmeras exposições e é contemplada com o Prêmio Aquisição, em 2003, pela Casa Olhar em Santo André; em 2005, pelo Museu de Arte de Ribeirão Preto; e, em 2006, pelo Museu de Arte Contemporânea de Campinas, configurando-se como agente participativa da geração contemporânea de arte brasileira. Algumas de suas obras também compõem acervos como Instituto Itaú Cultural, Museu de Arte do Rio e Coleção Banco Itaú S.A.
A curadora, crítica de arte e jornalista Juliana Monachesi (1976), ao conhecer os diferentes aspectos de seu trabalho, traça um paralelo entre as obras da artista em exposições ao longo de seis anos e os processos artísticos desenvolvidos em três suportes. Na coletiva 28º Salão de Arte de Ribeirão Preto (SP), as pinturas enigmáticas mesclam paisagens, figuras humanas fragmentadas e camadas de tecido e trazem “a tradição do grotesco e do informe”2, com padronagens que remetem às obras do pintor francês Henri Matisse (1869-1954). Anos depois, em 2004, na 9ª Bienal de Santos, as novas pinturas de Mariana apresentam desenvolvimento na técnica e requinte decorativo.
Sua entrada para a Galeria Casa Triângulo, em uma exposição individual em 2005, demonstram sua maturação poética em trazer os mesmos caminhos de superfícies e padrões têxteis junto a ruídos de humanidade: marcas, vincos, vestígios de presença e ausência. A fragmentação da paisagem em sua pintura não mais descansa o olhar, totalmente tomada por texturas em representações virtuosas. Em seus desenhos, a lógica se torna inversa, os espaços brancos e o vazio se tornam mais presentes, dando à morbidez o lugar da asfixia. O discurso da artista se torna mais vigoroso e coerente, estabelecendo um diálogo com sua história.
Em sua exposição individual Deságue, realizada em 2012 na galeria Triângulo, em São Paulo, a artista apresenta a verticalidade iminente com sua nova série de trabalhos. Trazendo comparações entre a força da gravidade sobre plantas e as chamadas de “teresas" – cordas de lençóis utilizadas por presos para a fuga – as interpretações metalinguísticas se intercalam nas sobreposições de superfície, originando mais elementos. Sua técnica trabalha a sinuosidade e a flutuação de pigmentos na tinta e gera padrões ritmados em uma composição de espaço-tempo abstrata, reforçando a abordagem da pintura contemporânea em suas elaborações.
Em 2020, o Instituto Tomie Ohtake abriu a exposição Lumina, com curadoria de Priscyla Gomes, reunindo obras de 20 anos da trajetória de Mariana Palma, sobretudo pintura e desenho. O conjunto de obras propõe uma integração entre partes e superfícies, que se encostam e atritam dando forma a um novo corpo. As obras da artista provocam sensações táteis e aproximam os trabalhos, tendo a obscuridade e o renascimento como fios condutores. Esses polos são determinantes para a compreensão da multiplicidade da linguagem da artista e de seus meticulosos processos de criação.
No desenvolvimento de suas obras, Mariana Palma parte de pressupostos da tradição pictórica e de um conjunto de referências contemporâneas para construir camadas de superfície. O que gera é um transbordamento dessas camadas em um repertório emocional que, ao mesmo tempo, é provido de uma organização precisa que afirma a consistência técnica e poética da artista.
Notas
1. As pinturas flamengas datam dos séculos XV e XVII, no Norte da Europa, e se caracterizam por retratar cenas religiosas, paisagens e naturezas mortas e pelo uso de cores vivas e o tratamento especial da luz. Cf. DE RUBENS a Van Dyck – Pintura Flamenga da Coleção Gerstenmaier. Fundação D. Luís. Disponível em: http://www.fundacaodomluis.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=804&catid=92.
2. Cf. MONACHESI, Juliana. Cara a cara com o avesso das coisas. In: Galeria Casa Triângulo. Disponível em: https://www.casatriangulo.com/pt/artista/14/mariana-palma/texto/35/cara-a-cara-com-o-avesso-de-todas-as-coisa-juliana-monachesi/.
Obras 6
A conspiração do espelho
O Piquenique [Tarde Distante]
Sem Título
Sem Título
Sem Título
Exposições 43
-
1/8/2003 - 3/9/2003
-
16/4/2004 - 6/6/2004
-
22/10/2004 - 27/11/2004
-
12/8/2005 - 18/9/2005
-
8/12/2006 - 4/2/2005
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 8
- AFINIDADES II - Elas! Curitiba: Museu Oscar Niemeyer, 2022. Disponível em: https://www.museuoscarniemeyer.org.br/exposicoes/afinidades2. Exposição realizada no período de 26 out. 2022 a 28 mai. 2023. Acesso em: 19 mai. 2023.
- DE RUBENS a Van Dyck – Pintura Flamenga da Coleção Gerstenmaier. Fundação D. Luís. Disponível em: http://www.fundacaodomluis.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=804&catid=92. Acesso em: 26 out. 2020.
- GOMES, Priscyla. Mariana Palma: LUMINA. In: Instituto Tomie Ohtake. Disponível em: https://www.institutotomieohtake.org.br/exposicoes/interna/mariana-palma-lvmina. Acesso em: 16 mar. 2020.
- LOPES, Catarina Anselmo. Mariana Palma: costura de tempos, referências e subjetividades. 2016. Exercício Monográfico (Especialização em Artes Visuais, Intermeios e Educação). Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2016.
- MONACHESI, Juliana. Cara a cara com o avesso das coisas. In: Galeria Casa Triângulo. Disponível em: https://www.casatriangulo.com/pt/artista/14/mariana-palma/texto/35/cara-a-cara-com-o-avesso-de-todas-as-coisa-juliana-monachesi/. Acesso em: 16 mar. 2020.
- MUSEU Vivo: Mariana Palma. Produção: Documenta Vídeo Brasil. Direção e roteiro: Cacá Vicalvi. São Paulo: SescTV, 2014. (23min). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Yh7TnnYl67k. Acesso em: 11 mar. 2020.
- PALMA, Mariana. [Currículo virtual]. Disponível em: https://www.marianapalma.com.br/bio. Acesso em: 17 mar. 2020.
- SALÃO NACIONAL DE ARTE DE GOIÁS, 2006, Goiânia. Salão Nacional de Arte de Goiás: 6º prêmio Flamboyant Brasil Mostra Sua arte. Curadoria Divino Sobral. Goiás: Flamboyant Shopping Center, 2006.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
-
MARIANA Palma.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa375057/mariana-palma. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7