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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Mariana Palma

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 06.08.2024
17.09.1979 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução fotográfica Iara Venanzi/Itaú Cultural

Sem Título, 2011
Mariana Palma
Aquarela e lápis sobre papel

Mariana Palma (São Paulo, São Paulo, 1979).  Artista visual. Com base na construção de espaços pictóricos, trabalha em suas obras a justaposição de elementos e técnicas diversificadas, em um desejo de apurar a linguagem da pintura e expressar suas inquietações.

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Mariana Palma (São Paulo, São Paulo, 1979).  Artista visual. Com base na construção de espaços pictóricos, trabalha em suas obras a justaposição de elementos e técnicas diversificadas, em um desejo de apurar a linguagem da pintura e expressar suas inquietações.

Seu primeiro contato com as artes é durante a infância, em aulas de pintura feitas por sua avó. Ao acompanhar essas aulas, Mariana inicia seu aprendizado sobre volumetria e materialidade da pintura, elementos que cercam sua obra nos anos seguintes. Em 1998 ingressa no curso de artes plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e se forma em 2000. Desenvolve uma intensa produção desde a época da faculdade, participando de várias exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior. Integra o grupo de pesquisa do Atelier Fidalga, espaço dedicado à troca entre artistas multidisciplinares. Ao final do curso de graduação, estabelece um trabalho na área de instalação, explorando plataformas ligadas à tecnologia, que ressaltam o uso da cor e da tridimensionalidade. 

O interesse pela pintura e a figuração estão presentes em retratos oníricos de figuras humanas ornadas de joias, tecidos elaborados e rendas. Utilizando de referências como a pintura flamenga1, o romantismo e o barroco, a experimentação da artista formula uma costura com elementos modernos e contemporâneos, como padronagens industriais de tecidos e da cultura popular brasileira, criando o que ela chama de paisagem. Em sua produção, utiliza suportes como aquarela, tinta acrílica e óleo, o desenho, a fotografia e a escultura em materiais profusos.

Entre 2003 e 2006, participa de inúmeras exposições e é contemplada com o Prêmio Aquisição, em 2003, pela Casa Olhar em Santo André; em 2005, pelo Museu de Arte de Ribeirão Preto; e, em 2006, pelo Museu de Arte Contemporânea de Campinas, configurando-se como agente participativa da geração contemporânea de arte brasileira. Algumas de suas obras também compõem acervos como Instituto Itaú Cultural, Museu de Arte do Rio e Coleção Banco Itaú S.A.

A curadora, crítica de arte e jornalista Juliana Monachesi (1976), ao conhecer os diferentes aspectos de seu trabalho, traça um paralelo entre as obras da artista em exposições ao longo de seis anos e os processos artísticos desenvolvidos em três suportes. Na coletiva 28º Salão de Arte de Ribeirão Preto (SP), as pinturas enigmáticas mesclam paisagens, figuras humanas fragmentadas e camadas de tecido e trazem “a tradição do grotesco e do informe”2, com padronagens que remetem às obras do pintor francês Henri Matisse (1869-1954). Anos depois, em 2004, na 9ª Bienal de Santos, as novas pinturas de Mariana apresentam desenvolvimento na técnica e requinte decorativo.

Sua entrada para a Galeria Casa Triângulo, em uma exposição individual em 2005, demonstram sua maturação poética em trazer os mesmos caminhos de superfícies e padrões têxteis junto a ruídos de humanidade: marcas, vincos, vestígios de presença e ausência. A fragmentação da paisagem em sua pintura não mais descansa o olhar, totalmente tomada por texturas em representações virtuosas. Em seus desenhos, a lógica se torna inversa, os espaços brancos e o vazio se tornam mais presentes, dando à morbidez o lugar da asfixia. O discurso da artista se torna mais vigoroso e coerente, estabelecendo um diálogo com sua história. 

Em sua exposição individual Deságue, realizada em 2012 na galeria Triângulo, em São Paulo, a artista apresenta a verticalidade iminente com sua nova série de trabalhos. Trazendo comparações entre a força da gravidade sobre plantas e as chamadas de “teresas" – cordas de lençóis utilizadas por presos para a fuga – as interpretações metalinguísticas se intercalam nas sobreposições de superfície, originando mais elementos. Sua técnica trabalha a sinuosidade e a flutuação de pigmentos na tinta e gera padrões ritmados em uma composição de espaço-tempo abstrata, reforçando a abordagem da pintura contemporânea em suas elaborações.

Em 2020, o Instituto Tomie Ohtake abriu a exposição Lumina, com curadoria de Priscyla Gomes, reunindo obras de 20 anos da trajetória de Mariana Palma, sobretudo pintura e desenho. O conjunto de obras propõe uma integração entre partes e superfícies, que se encostam e atritam dando forma a um novo corpo. As obras da artista provocam sensações táteis e aproximam os trabalhos, tendo a obscuridade e o renascimento como fios condutores. Esses polos são determinantes para a compreensão da multiplicidade da linguagem da artista e de seus meticulosos processos de criação.

No desenvolvimento de suas obras, Mariana Palma parte de pressupostos da tradição pictórica e de um conjunto de referências contemporâneas para construir camadas de superfície. O que gera é um transbordamento dessas camadas em um repertório emocional que, ao mesmo tempo, é provido de uma organização precisa que afirma a consistência técnica e poética da artista.

Notas

1. As pinturas flamengas datam dos séculos XV e XVII, no Norte da Europa, e se caracterizam por retratar cenas religiosas, paisagens e naturezas mortas e pelo uso de cores vivas e o tratamento especial da luz. Cf. DE RUBENS a Van Dyck – Pintura Flamenga da Coleção Gerstenmaier. Fundação D. Luís. Disponível em: http://www.fundacaodomluis.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=804&catid=92.

2. Cf. MONACHESI, Juliana. Cara a cara com o avesso das coisas. In: Galeria Casa Triângulo. Disponível em: https://www.casatriangulo.com/pt/artista/14/mariana-palma/texto/35/cara-a-cara-com-o-avesso-de-todas-as-coisa-juliana-monachesi/.

Obras 6

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Reprodução fotografica Iara Venanzi/Itaú Cultural

Sem Título

Óleo sobre tela (tríptico)
Reprodução fotográfica Iara Venanzi/Itaú Cultural

Sem Título

Aquarela e lápis sobre papel
Reprodução fotográfica Iara Venanzi/Itaú Cultural

Sem Título

Aquarela e lápis sobre papel

Exposições 43

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Fontes de pesquisa 8

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