Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Antonio Meneses

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 03.08.2024
23.08.1957 Brasil / Pernambuco / Recife
03.07.2024 Suíça / a definir / Basiléia
Antônio Jerônimo Meneses (Recife, Pernambuco, 1957 - Basiléia, Suíça, 2024). Violoncelista. Com um ano de idade, muda-se para o Rio de Janeiro com o pai João Gerônimo, contratado para o posto de primeira trompa da orquestra do Teatro Municipal. Inicia seus estudos em teoria musical, aos 9 anos de idade. Aos 10, o pai escolhe seu instrumento, o v...

Texto

Abrir módulo

Antônio Jerônimo Meneses (Recife, Pernambuco, 1957 - Basiléia, Suíça, 2024). Violoncelista. Com um ano de idade, muda-se para o Rio de Janeiro com o pai João Gerônimo, contratado para o posto de primeira trompa da orquestra do Teatro Municipal. Inicia seus estudos em teoria musical, aos 9 anos de idade. Aos 10, o pai escolhe seu instrumento, o violoncelo, e a professora, Nydia Soledade Otero, também membro da orquestra do Teatro Municipal. Em 1971, aos 13 anos, é contratado como violoncelista pela Orquestra Sinfônica Brasileira, sediada no Rio de Janeiro e regida por Isaac Karabtchevsky (1934). Dois anos mais tarde, toca para o violoncelista italiano Antonio Janigro (1918-1989), que se apresenta no Brasil com a Orquestra Sinfônica Brasileira. Em 1974, a convite do músico italiano, Meneses muda-se para Alemanha para estudar no Conservatório de Düsseldorf.

Em 1977, faz a estreia internacional como solista, tocando Fantasia para Violoncelo e Orquestra, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), em Washington. No mesmo ano, em Munique, Alemanha, conquista o primeiro lugar no Concurso da Associação das Empresas Públicas de Radiodifusão (ARD). Em 1982, vence o Concurso Tchaikovsky, em Moscou, Rússia, dando início a uma premiada carreira internacional. Como parceiros de música de câmara, destacam-se diversos pianistas internacionais: a filipina Cecile Licad (1961); a luso-brasileira Maria João Pires (1944) e o suíço Gérard Wyss (1944). Com este, grava, em 2006 e 2007, álbuns dedicados ao alemães Felix Mendelssohn (1809-1847) e Robert Schumann (1810-1856) e ao austríaco Franz Schubert (1797-1828). Também registra trabalhos em companhia dos brasileiros Gilberto Tinetti (1932), com o qual grava, em 1985, disco com obras de Schubert e do alemão Johannes Brahms (1833-1897); Cristina Ortiz (1950), com a qual grava, em 2006, as obras de Villa-Lobos para violoncelo e piano; Celina Szrvinsk (1959), com a qual atua em Soirées Internationales (2008); e Nelson Freire (1944-2021)

A produção fonográfica inclui ainda álbums com a Filarmônica de Berlim, regida pelo austríaco Herbert von Karajan (1908-1989) e duas gravações integrais, em 1993 e 2004, das suítes para violoncelo solo do alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750). Registra as obras para violoncelo e orquestra de diversos compositores: em 1993, do alemão Eugene d’Albert (1864-1932); em 1995, do austríaco David Popper (1843-1912); em 1998, do alemão Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788); em 1999, do italiano Giorgio Federico Ghedini (1892-1965); em 1999, de Villa-Lobos; em 2007, de Brahms; em 2010, do austríaco Joseph Haydn (1732-1809) e do brasileiro Clóvis Pereira (1932); em 2010, do austríaco Antonín Dvorák (1841-1904); em 2013, do inglês Sir Edward Elgar (1857-1934) e do austríaco Hans Gál (1890-1987). Integra o Beaux Arts Trio, em 1998, até a dissolução do grupo, em 2008. Em 2006, encomenda a seis compositores brasileiros – Ronaldo Miranda (1948), Marlos Nobre (1939), Edino Krieger (1928), José Antônio Rezende de Almeida Prado (1943-2010), Marisa Rezende (1944) e Marco Padilha (1955) – obras para antecederem as suítes de Bach. Em 2012, estreia, com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, concerto dedicado a ele pelo compositor Marco Padilha. Leciona no Conservatóiro de Berna, Suíça, desde 2008.

Antonio Menezes tem uma carreira internacional premiada, cujo currículo inclui apresentações com várias orquestras, como Concertgebouw de Amsterdam, Sinfônica de Londres, Sinfônica da BBC e as filarmônicas de Israel, Nova York e São Petersburgo. Nelas, atua sob regência de maestros internacionais, como os italianos Claudio Abbado (1933-2014), Riccardo Muti (1941) e  Riccardo Chailly (1953), o letão Mariss Jansons (1943), o americano André Previn (1929) e o azerbaijano Mstislav Rostropóvitch (1927-2007).

Sua trajetória começa em 1982, com o primeiro prêmio do Concurso Tchaikovsky, em Moscou. Nesse ano, há 318 músicos, representando 44 países. No violoncelo, são 69 artistas, incluindo alguns que posteriormente se projetam no cenário internacional, como o norueguês Truls Mork (1961) e o sueco Torleif Thedéen (1962).

Presidido pelo músico russo Daniil Shafran (1923-1997) e contando com a renomada violoncelista russa Natalia Gutman (1942), o júri internacional decide dar a vitória a Meneses, depois de pedir permissão ao Ministério da Cultura da então União Soviética. O segundo lugar é do russo Aleksandr Rúdin (1960), e o terceiro, do alemão Georg Faust (1956), líder do naipe de violoncelos da Filarmônica de Berlim, entre 1985 e 2011. Além do prêmio, Meneses faz sua primeira gravação, com a mesma orquestra, regente e obra da final do concurso – o Concerto para Violoncelo, de Dvorák, acompanhado pela Filarmônica de Moscou, sob a batuta de Dmitrij Kitajenko (1940).

Por indicação do violinista russo Vladimir Spivakov (1944), Meneses entra para a agência Winderstein, do empresário alemão Hans-Dieter Göhre, que o coloca para tocar com o regente alemão Herbert von Karajan – à época, com 75 anos de idade, prestes a completar três décadas à frente da Filarmônica de Berlim. Em busca de artistas jovens e que aceitassem colocar em prática suas ideias musicais, Karajan convida Meneses e a violinista alemã Anne-Sophie Mutter (1963) para registrar o Concerto Duplo, de Brahms, com a Filarmônica de Berlim. O álbum é lançado pela Deutsche Grammophon em LP e CD, à época, uma novidade. Posteriormente, Karajan escala Meneses para gravar, em áudio e vídeo, Don Quixote, do alemão Richard Strauss (1864-1949). Para a revista britânica Gramophone, o jeito de tocar “cultivado e aristocrático” de Meneses faz dele um “solista ideal” na obra1.

Em 1985, casa-se com a pianista filipina radicada nos Estados Unidos, Cecile Licad, aluna dos americanos Rudolf Serkin (1903-1991), Seymour Lipkin (1927-2015) e Mieczyslaw Horszowski (1892-1993), no Curtis Institute of Music, em Filadélfia. Passam a se apresentar em duo, gravando, para a EMI, um álbum com o Trio Op. 50, do russo Pyotr Ilyich Tchaikovsky (1840-1893), com a participação da violinista ítalo-americana Nadja Salerno-Sonnenberg (1961). Em crítica sobre uma apresentação da dupla, em 1989, o jornal The New York Times reconhece a técnica, mas se queixa de superficialidade da dupla: “eles tinham as obras na mão, de modo seguro, mas fizeram pouco para explorar seus segredos”2.

A carreira do violoncelista ganha impulso no final da década de 1990, quando, já separado de Licad, recebe, do violinista coreano Young Uck Kim (1947), convite para ingressar no Beaux Arts Trio, uma prestigiosa formações de câmara, criada em 1955 pelo pianista norte-americano de origem alemã Menahem Pressler (1923).

Em 2002, Kim é substituído pelo violinista sul-africano Daniel Hope (1973), e a nova formação do Beaux Arts grava, em 2004, para o selo Warner Classics, um álbum com obras de Dvorák e Mendelssohn. Em 2005, o grupo registra, para a mesma gravadora, um disco dedicado a Dmitry Shostakovich (1906-1975) e um DVD comemorativo (Beaux Arts Trio at 50) de meio século de atividades, antes de ser desativado em 2008, com a saída de Hope. Em duo com Pressler, Meneses grava as sonatas para violoncelo e piano de Ludwig van Beethoven (1770-1827) para o selo Avie Records, que a revista Gramophone qualifica de “um raro privilégio de escuta, com um jeito de tocar que é, ao mesmo tempo, íntimo, coloquial, sereno, inteligente e, acima de tudo, simples em suas intenções musicais”.3

A partir de 2010, Meneses apresenta-se em duo com a portuguesa Maria João Pires, tida como uma das maiores pianistas da segunda metade do século XX. Em 2013, eles lançam, pela Deutsche Grammophon, o primeiro disco da dupla, gravado no ano anterior, ao vivo, no Wigmore Hall, em Londres.

Do ponto de vista técnico e musical, Meneses é um intérprete versátil, capaz de abordar, dentro do estilo, uma vasta gama do repertório de compositores, de barrocos a contemporâneos. Seu estilo interpretativo caracteriza-se pela sobriedade, evitando maneirismos e procurando respeitar o texto musical. Especial atenção a questões de fraseado e sonoridade fazem com que Meneses seja considerado um musicista refinado.

Notas:

1. Disponível em: http://www.gramophone.co.uk/HallofFame/Karajan/Feature/tenyearson. Acesso em: 15 maio 2013.

2. CRUTCHFIELD, Will. Sonatas on Cello and Piano. New York Times, New York, 6 mar. 1989. Disponível em: http://www.nytimes.com/1989/03/06/arts/reviews-music-sonatas-on-cello-and-piano.html. Acesso em: 16 jun. 2013.

3. COWAN, Rob. Editor's Choice – London, 2008. Gramophone Magazine, London, August 2008.

Obras 1

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 3

Abrir módulo
  • MARCONDES, Marcos Antônio. Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed., rev. ampl. São Paulo: Art Editora, 1998.
  • MENESES, Antonio. Site oficial do artista. Disponível em: < http://www.antoniomeneses.com/ >. Acesso em: 15 maio 2013.
  • SAMPAIO, João Luiz; MEDEIROS, Luciana. Antonio Meneses: arquitetura da emoção. São Paulo: Algol Editora, 2010.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: