Frei Betto
Texto
Biografia
Carlos Alberto Libânio Christo (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1944). Escritor e jornalista. Influenciado pelo pai, intelectual que atua nos principais jornais de Minas Gerais, interessa-se por literatura ainda na infância. Aos 13 anos de idade ingressa na militância estudantil através da Juventude Estudantil Católica (JEC), da qual se torna presidente quatro anos depois, em 1963. Na mesma época ingressa na faculdade de jornalismo, e em 1965 passa a fazer parte da ordem religiosa católica dos dominicanos. No ano seguinte muda-se para São Paulo, onde vive até 1969. Nesse período estuda filosofia, trabalha como jornalista em veículos como a revista Realidade e o jornal Folha da Tarde e como assistente de direção de José Celso Martinez Corrêa (1937) e milita politicamente. Por sua oposição à ditadura militar, é preso em 1969. Após quatro anos preso passa a morar em favela em Vitória, no Espírito Santo. Em 1977 volta para São Paulo e retoma as atividades políticas, acompanhando de perto as greves dos operários do ABC paulista, quando se aproxima do então líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva (1945). Durante as décadas de 1980 e 1990 atua junto aos movimentos sociais, alguns dos quais ajuda a fundar, como a Pastoral Operária do ABC. Em 2003 e 2004 é assessor especial do presidente da República, e desde 2007 é membro do conselho consultivo da Comissão Justiça e Paz de São Paulo.
Análise
A maior parte da obra literária de Frei Betto é constituída por livros de memórias, abordando, sobretudo, o período da ditadura militar em contexto brasileiro. Este é o caso de Batismo de Sangue, em que rememora a trajetória de quatro jovens dominicanos (entre eles o próprio Betto) que aderem à luta armada, apoiando o grupo guerrilheiro de Carlos Marighella (1911-1969). Embora o texto seja atravessado pelo olhar subjetivo, caro a um livro de memórias, a vida de Frei Betto não constitui objeto central do texto, uma vez que o narrador ocupa-se mais da trajetória de Frei Tito de Alencar Lima (1945-1974), dominicano que, após ser torturado, se exila na França. Frei Betto narra com comoção e lirismo o período do exílio, momento em que Tito vai perdendo gradativamente a sanidade mental e acaba por suicidar-se. Há também em Batismo de Sangue descrições bastante objetivas, como as minuciosas narrações acerca das torturas sofridas – nesses momentos não há espaço para a rememoração lírica, e a mimese quase naturalista do processo de tortura parece procurar transmitir ao leitor os sofrimentos aos quais a vítima da tortura é submetida.
Frei Betto também publica alguns romances, como Hotel Brasil. Trata-se de um romance policial no qual a investigação de crimes que acontecem em um hotel associa-se à investigação da história do país – assim, o “Hotel Brasil”, palco dos crimes, seria um microcosmo da sociedade brasileira. No entanto, os romances de Frei Betto não possuem a mesma força crítica e estética de seus livros de memórias, embora não deixem de ser maneiras interessantes de pensar o Brasil por meio da literatura.
Espetáculos 1
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 3
- FRASER, Etty. Etty Fraser. São Paulo: [s.n.], s.d. Entrevista concedida a Rosy Farias, pesquisadora da Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. Não Catalogado
- O REI da Vela. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [1967]. 1 programa do espetáculo realizado no Teatro Oficina.
- VERGUEIRO, Maria Alice. Maria Alice Vergueiro. São Paulo: [s.n.], s.d. Entrevista concedida a Rosy Farias, pesquisadora da Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. Não Catalogado
Como citar
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FREI Betto.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa260488/frei-betto. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7