Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Carlos Bratke

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 06.09.2024
20.10.1942 Brasil / São Paulo / São Paulo
09.01.2017 Brasil / São Paulo / São Paulo
Nos anos 1980, atua como professor nos cursos de arquitetura da Universidade Mackenzie e do Centro Universitário Belas Artes. Na década seguinte, assume cargos em instituições profissionais e culturais: diretor do Departamento Paulista do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), no biênio 1992-1993; diretor do Museu da Casa Brasileira (MCB), ent...

Texto

Abrir módulo

Carlos Bratke (São Paulo, São Paulo, 1942 - Idem, 2017). Arquiteto e urbanista. Gradua-se em 1967, pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Durante o período universitário, trabalha como desenhista no escritório do pai, o arquiteto Oswaldo Bratke (1907-1997), e realiza estágio no escritório Ernesto Bofil e Domingo Mazzei Arquitetos. Em 1969, complementa a formação acadêmica com pós-graduação em planejamento e evolução urbana, pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP). Um ano antes, abre escritório próprio com o arquiteto Renato Lenci. Em 1974, desfaz a sociedade e inaugura o escritório Carlos Bratke - Arquiteto.

Nos anos 1980, atua como professor nos cursos de arquitetura da Universidade Mackenzie e do Centro Universitário Belas Artes. Na década seguinte, assume cargos em instituições profissionais e culturais: diretor do Departamento Paulista do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), no biênio 1992-1993; diretor do Museu da Casa Brasileira (MCB), entre 1992 e 1995; e presidente e conselheiro da Fundação Bienal de São Paulo, de 1999 a 2002.

Bratke é reconhecido em diversas ocasiões pela atividade profissional. Em 1985, recebe o Prêmio Rino Levi na premiação anual do IAB/SP; em 1997, conquista o Prêmio pelo Conjunto da Obra, no 15º Congresso Brasileiro de Arquitetos, e o Grande Prêmio, na 3ª Bienal Internacional de São Paulo; e, em 2007, o Prêmio Conjuntos de Edifícios na 11ª Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires.

A produção do arquiteto encontra-se registrada em diversas publicações, como Cadernos Brasileiros de Arquitetura - Arquiteto Carlos Bratke, lançado em 1985, Carlos Bratke - Arquiteto/Architect, publicado em 1995 e Carlos Bratke, dois livros homônimos editados, respectivamente, em 2005 e 2009.

Nos anos 1980, Carlos Bratke integra um conjunto de arquitetos que se tornam conhecidos como o grupo dos “não alinhados”, entre eles, Tito Lívio Frascino (1940), Vasco de Mello, Roberto Loeb (1941), Eduardo Longo e Pitanga do Amparo (1951). Formados nos anos 1960, a maior parte deles pela Universidade Mackenzie, esses arquitetos opõem-se aos princípios hegemônicos da chamada escola paulista. Segundo o grupo, as possibilidades de investigar as grandes estruturas construídas em concreto armado aparente e os espaços integrados por rampas e um vazio central tinham se esgotado. Transformam-se em receituário rígido, desprovido da força propositiva original. A crítica coincide com o início do processo de abertura política da ditadura militar e com a retomada do debate arquitetônico em periódicos especializados, cursos de pós-graduação e ciclos de debates promovidos pelos departamentos carioca e paulista do IAB1. Nesse novo contexto de transformações internas e externas à profissão, o consenso desfaz-se em meio a duras polêmicas travadas por arquitetos genericamente classificados como modernos, ainda comprometidos com o programa da vanguarda paulista dos anos 1960, e pós-modernos, engajados em perseguir novos rumos de investigação.

No caso específico de Carlos Bratke, esses novos caminhos têm como campo de provas a avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, em São Paulo. Nesse espaço, em conjunto com a Construtora Bratke & Collet, o arquiteto constrói dezenas de edifícios entre 1975 e 1995. O interesse pelo local dá-se pela oferta de terrenos de baixo custo e pelo potencial de desenvolvimento econômico da região. Frutos de investimento privado no mercado imobiliário e destinados ao setor terciário em expansão, os edifícios são construídos à medida que terrenos são adquiridos, sem planejamento prévio, seguindo apenas as normas urbanísticas vigentes. O arquiteto dedica-se à investigação da tipologia do arranha-céu, baseando-se nas demandas dos investidores, no aproveitamento máximo dos terrenos, nas disponibilidades materiais e nos requerimentos funcionais e urbanísticos.

Seguindo a conceituação do arquiteto americano Louis Kahn (1901-1974), Bratke distingue as áreas de trabalho - espaços servidos -, das de apoio e circulação - espaços servidores -, estabelecendo entre elas jogos formais distantes da contenção geométrica e do compromisso ideológico da escola paulista. Constituídos de lajes feitas de concreto armado e protendido e sustentadas por pilares periféricos em concreto armado, os espaços servidos são envelopados por cortinas de vidro, interrompidas por blocos de apoio, mais densos, recortados e verticais. Essa solução é adotada em várias obras do arquiteto, com destaque para o Edifício Morumbi Plaza, projeto de 1980, ganhador do Prêmio Rino Levi, em 1985. Apesar de consagrado, Bratke é criticado pelo filósofo espanhol Eduardo Subirats (1947), membro do júri, que não considera o edifício uma obra de arquitetura pelo vínculo do projeto com o mercado imobiliário especulativo. Bratke defende o projeto e reivindica o direito a outros preceitos de arquitetura, distintos da consagrada arquitetura moderna paulista.

Desde o final da década de 1980, como a maior parte dos arquitetos comprometidos com a construção de edifícios comerciais e de serviços, Bratke desloca a atenção dada aos elementos estruturais e funcionais para a volumetria e os materiais. A partir dessa visão, projeta prédios como esculturas de aço e vidro, de qualidade estética inferior aos produzidos anteriormente, porém, mais ajustados à nova face da cidade dos negócios.

Nota:

1. BASTOS, Maria Alice Junqueira. A retomada do debate arquitetônico. In: Pós-Brasília: rumos da arquitetura brasileira. São Paulo: Perspectiva, 2003. p. 53-63.

Exposições 4

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 13

Abrir módulo
  • ARTIGAS, Rosa. Carlos Bratke. São Paulo: J. J. Carol Editora, 2009.
  • BASTOS, Maria Alice Junqueira. Pós-Brasília: rumos da arquitetura brasileira: discurso, prática e pensamento. São Paulo: Perspectiva: Fapesp, 2003. 277 p., il. p&b.
  • BASTOS, Maria Alice Junqueira; ZEIN, Ruth Verde. Brasil: arquiteturas após 1950. São Paulo: Perspectiva, 2010.
  • BRATKE, Carlos. Arquiteto Carlos Bratke. São Paulo: Projeto, 1985. (Cadernos Brasileiros de Arquitetura 16).
  • BRATKE, Carlos. Comentários sobre a entrevista de Luiz Paulo Conde. Arcoweb, São Paulo, jan. 2002. Seção Artigos. Disponível em: < https://arcoweb.com.br/projetodesign/artigos/artigo-comentarios-sobre-a-entrevista-de-luiz-paulo-conde-01-01-2002 >. Acesso em: 20 dez. 2010.
  • CADERNOS BRASILEIROS DE ARQUITETURA. Arquiteto Carlos Bratke. V. 15. São Paulo: Projeto, 1985. 122 p., il. p&b.
  • FIX, Mariana. Parceiros da exclusão. São Paulo: Boitempo, 2001.
  • FIX, Mariana. São Paulo cidade global: fundamentos financeiros de uma miragem. São Paulo: Boitempo, 2007.
  • PUGLIESE, Maria Helena. Carlos Bratke. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005.
  • SEGAWA, Hugo. Um panorama aberto. In: SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil 1900-1990. São Paulo: Edusp, 1999. p. 195-197
  • SERAPIÃO, Fernando. Carlos Bratke. Arcoweb, São Paulo, nov. 2005. Seção Entrevistas. Disponível em: < http://www.arcoweb.com.br/entrevista/carlos-bratke-autor-de-30-11-2005.html >. Acesso em: 25 dez. 2010.
  • WISSENBACH, Vicente. Carlos Bratke arquiteto/architect. São Paulo: ProEditores, 1995.
  • XAVIER, Alberto; CORONA, Eduardo; LEMOS, Carlos (org.). Arquitetura moderna paulistana. São Paulo: Pini, 1983.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: