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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Oswaldo Bratke

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 06.09.2024
24.08.1907 Brasil / São Paulo / Botucatu
06.07.1997 Brasil / São Paulo / São Paulo
Oswaldo Arthur Bratke (Botucatu, São Paulo, 1907 – São Paulo, São Paulo, 1997). Arquiteto, urbanista. Conhecido sobretudo pelo desenvolvimento de pesquisas e uso de novos materiais e técnicas não convencionais, é um dos mais discretos entre os grandes arquitetos modernos brasileiros. Seus projetos se tornam referência fundamental na busca de sol...

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Oswaldo Arthur Bratke (Botucatu, São Paulo, 1907 – São Paulo, São Paulo, 1997). Arquiteto, urbanista. Conhecido sobretudo pelo desenvolvimento de pesquisas e uso de novos materiais e técnicas não convencionais, é um dos mais discretos entre os grandes arquitetos modernos brasileiros. Seus projetos se tornam referência fundamental na busca de soluções urbanas e construtivas em contextos específicos, com destaque para as vilas Serra do Navio e Amazonas, realizadas na Amazônia.

Ingressa no curso de engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em 1926, e, ainda estudante, abre um escritório com colegas de turma. Vence o concurso para a realização do Viaduto Boa Vista (1930), em São Paulo, inaugurado em 1932, com influência da art déco.

Em 1933, abre escritório com o colega Carlos Botti (1906-1942). Na década de 1930, a dupla projeta e constrói mais de 400 residências de estilos ecléticos nos bairros-jardim de São Paulo.

Com o envolvimento em projetos urbanísticos em cidades paulistas como Campos do Jordão e São Vicente, mais especificamente a Ilha Porchat, começa a despertar seu trabalho para a linguagem moderna, ainda nos anos 1940. Após a morte de seu sócio, em 1942, deixa de lado o acompanhamento da obra e se dedica aos projetos. Desenha alguns edifícios que prenunciam o vocabulário moderno que incorpora e reelabora com maestria, a partir dos anos 1950, sobretudo depois de sua visita aos Estados Unidos, em 1948, onde conhece as obras de Richard Neutra (1892-1970) e Frank Lloyd Wright (1867-1959). São exemplos desse período, seus projetos do Edifício General Jardim (1942), do Edifício Helena Maria (1953) e do Edifício ABC (1949), um dos primeiros prédios em altura a adotar a curtain-wall1.

Ao lado do colega engenheiro Oscar Americano (1908-1974), inicia a urbanização do bairro do Morumbi, onde constrói a própria residência, em 1951, marco em sua trajetória profissional. Uma estrutura simples e modulada de pilares esbeltos coberta por uma laje plana (a primeira utilizada pelo arquiteto) constitui um volume prismático articulado por cheios e vazios que se alternam nas fachadas por meio de fechamentos, elementos vazados e varandas. A planta admite reordenações, já que as paredes internas são resolvidas com armários e fechamentos leves.

Em 1952, projeta a residência Oscar Americano (hoje Fundação Maria Luiza e Oscar Americano), adotando o mesmo estilo, porém em proporções maiores: dois níveis sobrepostos a partir da topografia do terreno, no mesmo jogo entre cheios e vazios que garantem a leveza do conjunto e a integração com a paisagem.

É eleito presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil de São Paulo (IAB-SP) por duas gestões, de 1951 até 1954, ano em que participa do júri de arquitetura da 2ª Bienal Internacional de São Paulo e do 4º Congresso Brasileiro de Arquitetos.

Em 1956, projeta o Edifício Renata Sampaio Ferreira: um embasamento para comércio e serviços e um volume vertical para escritórios, solução difundida desde então, com fachadas revestidas de elementos vazados que garantem a proteção às esquadrias. Em 1975, o Renata Sampaio, o ABC e o Jaçatuba são selecionados como “bens arquitetônicos com interesse de preservação” pelo município de São Paulo.

A experiência urbanística no Amazonas, ao lado dos projetos residenciais, marca sua obra na história da arquitetura brasileira. Vencendo uma concorrência promovida pela Indústria e Comércio de Minérios S.A. (Icomi), em 1955, Bratke parte para o desafio de criar uma cidade nova no interior do Amapá.

Dimensiona os núcleos urbanos e planeja o assentamento com base na polarização de dois bairros (o operário e o de funcionários de médio e alto padrão), ligados pelo centro cívico, formado de praça, administração e comércio, além de escola de 1º grau, hospital (referência na região), posto de saúde e centro esportivo. Desenha os planos de arruamento, saneamento básico e energia elétrica. Para conseguir obedecer aos prazos da construção, racionaliza os processos ao máximo, desenvolve oficinas que possam fornecer materiais locais (blocos de concreto, esquadrias de madeira e tacos) e organiza pólos de fornecimento de materiais no Brasil e fora.

Percebe-se na disposição das casas uma influência das cidades-jardim: nas palavras do próprio arquiteto, o “desalinhamento dos volumes quebrava a monotonia, evitava uma simetria desagradável e proporcionava outra sensação de espaço”2. As residências seguem plantas padrão cujo tamanho varia de acordo com a atribuição do funcionário. Construídas com blocos de concreto e cobertas com telhas de fibrocimento – materiais pouco adequados ao isolamento térmico necessário em região tão quente –, têm sistemas de ventilação baseados em janelas venezianas com paletas móveis3 que garantem o conforto térmico desejado.

Em 1965, ganha uma sala especial na 8ª Bienal Internacional de São Paulo, e em 1987 é homenageado com uma exposição de sua obra no IAB-SP pelos 80 anos de vida. Nas décadas de 1960, 1970 e 1980, concentra-se em consultorias em planejamento urbano, além de projetar os planos de urbanização de bairros novos no Morumbi e conceber o plano piloto de Vila Santana e Porto Grande, no Amapá. Aos 89 anos, é homenageado na 2ª Bienal Internacional de Arquitetura do Brasil, em Salvador, em 1996.

Com seu espírito inventivo e engenhoso, Oswaldo Bratke marca a história da arquitetura em seu desafio de promover, numa linguagem moderna, o desenvolvimento de novas formas, materiais e técnicas construtivas que se adequem a situações e demandas específicas, num contexto tão diverso como o brasileiro. Sempre obedecendo aos princípios de simplicidade que norteiam seu trabalho.

Notas

1. Fachada envidraçada orientada para a face menos exposta ao sol.

2. SEGAWA, Hugo. Oswaldo Arthur Bratke. São Paulo: Pro Editores, 1997. p. 257.

3. Desenvolvida originalmente para a residência dos operários e utilizada em quase todas as construções, torna-se posteriormente um modelo corrente na região, graças ao seu baixo custo e à adequação aos propósitos de vedação e ventilação.

Exposições 3

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Fontes de pesquisa 3

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  • SEGAWA, Hugo e DOURADO, Guilherme Mazza. Oswaldo Arthur Bratke. São Paulo: Pro Editores, 1997. 324p. il., cor&pb.
  • SEGAWA, Hugo e DOURADO, Guilherme Mazza. Oswaldo Arthur Bratke. São Paulo: Pro Editores, 1997. 324p. il., cor&pb. 724.981. B824s
  • THOMAZ, Dalva. Documento Oswaldo Bratke - Entre a idealização e a realidade. Revista AU, São Paulo, ano 8, n. 43, ago-set, 1992, pp. 70-82.

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