Emeric Essex Vidal
![Panorama de la Baie de Rio-Janeiro, 1816 /ca. 1835 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/008804001019.jpg)
Panorama de la Baie de Rio-Janeiro, 1816
Emeric Essex Vidal
Aquarela sobre papel
53,50 cm x 514,00 cm
Texto
Emeric Essex Vidal (Bedford, Inglaterra, 1791 – Brighton, Inglaterra, 1861). Pintor, secretário no Brasil para assuntos ingleses. Ingressa na Marinha Real Britânica em 1806. Torna-se secretário do comandante do navio Her Majesty’s Ship (HMS) Clyde, produzindo documentos, cartas marítimas, desenhos e panoramas dos locais visitados.
Em 1808, vem ao Brasil num dos navios ingleses que acompanham a vinda da família real portuguesa. Fica até 1811 e retorna ao país entre 1816 e 1819, como comissário para as costas do Brasil e da Argentina. Percorre Rio Grande do Sul, Buenos Aires, Argentina, Montevidéu e Uruguai. Em 1820, em Londres, publica o livro Picturesque Illustrations of Buenos Ayres and Monte Video [1].
Retorna ao Brasil entre 1826 e 1829 e, pela última vez, entre 1834 e 1837. Nesta viagem, é secretário, intérprete e tradutor do almirante Sir Graham Eden Hamond (1779-1862).
Viaja para diversas localidades do Rio de Janeiro, da Bahia, de Pernambuco e de Santa Catarina. Nelas, realiza, além das tarefas profissionais, desenhos e panoramas em aquarela, alguns deles medindo cinco metros de largura. Visita também o Museu Nacional e a Academia Imperial de Belas Artes (Aiba). Em 1836, oferece um desenho de Pernambuco ao príncipe holandês Henrique de Orange (1820-1879), então em visita ao Brasil. Em 1837, seu chefe, Hamond, demite-o do cargo de secretário, fazendo com que retorne à Inglaterra.
Análise
Emeric Essex Vidal não é artista profissional. Nos relatos e diários que escreve, ou naqueles em que é citado, torna-se evidente o seu compromisso com a marinha britânica e com os serviços solicitados por ela. Os trabalhos visuais que realiza sobre o Brasil ao longo de mais de duas décadas de viagens, quase que exclusivamente em aquarela, são um entre outros deveres: o de construir “documentos visuais” (topografias e cartografias marítimas), cujo fim é mais prático que artístico.
Entretanto, há desenhos que excedem o compromisso prático (oferecidos a seus amigos e personalidades no Brasil). Ainda que em muitos deles Vidal reitere seu interesse pelas marinhas, também sugere, em outros, apontamentos sobre o seu entorno. Um deles é a crítica que faz do regime escravista brasileiro do século XIX. Suas imagens nunca representam homens e mulheres brancos. Evidenciam o tráfico e o trabalho do negro escravo como força motriz da economia brasileira, algo que ele (assim como um de seus chefes, o almirante Sir Graham Hamond) acha inaceitável.
Do ponto de vista artístico, Vidal é melhor colorista que desenhista. Os efeitos de cores e as gradações tonais de suas imagens favorecem a representação de ambientes brasileiros tal como são, por muito tempo, relatados por viajantes. Apenas no começo do século XIX, com a abertura dos portos para as nações amigas, as imagens tornam-se visíveis: sugerem uma natureza luxuriante, envolta em clima tropical, sempre ensolarado.
Nota
1. Há um exemplar desse livro na coleção Brasiliana Itaú.
Obras 2
O Chafariz de Catumbi
Panorama de la Baie de Rio-Janeiro
Exposições 13
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9/1/1973 - 31/1/1972
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1/3/1994 - 12/3/1994
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6/1994 - 8/1994
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10/1994 - 11/1994
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27/8/1999 - 29/1/1998
Fontes de pesquisa 18
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
- ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
- BELLUZZO, Ana Maria de Moraes. O Brasil dos viajantes: A construção da paisagem. São Paulo: Metalivros; Salvador: Fundação Emílio Odebrecht, 1994. v.3.
- BERGER, Paulo (org.). Pinturas e pintores do Rio antigo. Apresentação de Sérgio Sahione Fadel. Textos de Paulo Berger, Herculano Gomes Mathias e Donato Mello Júnior. Rio de Janeiro: Kosmos, 1990.
- BÉNÉZIT, Emmanuel-Charles. Dictionnaire critique et documentaire des peintres, sculpteurs dessinateurs et qraveurs: de tous les temps et de tous les pays par un groupe d´écrivains spécialistes français et étrangers. Nova edição revista e corrigida. Paris: Grund, 1976. 10 v.
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- FERREZ, Gilberto. A muito leal e heróica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro: quatro séculos de expansão e evolução. Rio de Janeiro: Raymundo de Castro Maya: Candido Guinle de Paula Machado: Fernando Machado Portella: Banco Boavista, 1965.
- FERREZ, Gilberto. Iconografia do Rio de Janeiro: 1530-1890, catálogo analítico. Rio de Janeiro: Casa Jorge, 2000. 2v.
- HAMOND, Graham Eden. Os diários do Almirante Graham Eden Hamond 1825-1834/38. Rio de Janeiro: Ed. J.B, 1984.
- LAGO, Pedro Corrêa do. Iconografia paulistana do século XIX. São Paulo: Metalivros, 1998.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- MORALES DE LOS RIOS FILHO, Adolfo. Grandjean de Montigny e a evolução da arte brasileira. Rio de Janeiro: Noite, 1941.
- Museus Castro Maya: Museu do Açude, Chácara do céu. Tradução Sylvia Lemos. Rio de Janeiro: Agir, 1994.
- PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
- RIO de Janeiro, capital d'além-mar: na coleção dos Museus Castro Maya. Tradução Ricardo Schaeppi. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1994.
- VIDAL, E. E. Picturesque ilustrations of Buenos Aires and Monte Video. Editorial Mitchell's English Book-Store. Buenos Aires, 1944.
- VIDAL, Emeric Essex. São Salvador da Baía de Todos os Santos: vista panorâmica, aquarelas, 1835 - 1837. Apresentação Pedro Henrique Mariani. Textos de Maximiliano de Habsburgo e Pedro Agostinho. s.l.: Banco da Bahia Investimentos S.A., 1996. Edição fac-similar.
- VISÕES do Rio na coleção Geyer. Curadoria Maria de Lourdes Parreiras Horta; assistência de curadoria Maria Inez Turazzi, Maurício Vicente Ferreira Junior; versão em inglês Barry Neves, Cristina Baum, Rebecca Atkinson. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 2000.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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EMERIC Essex Vidal.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa24554/emeric-essex-vidal. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7