Iara Rennó
Texto
Biografia
Iara Espíndola Rennó (Campinas, São Paulo, 1977). Cantora, compositora, instrumentista, arranjadora, produtora. Filha do jornalista e letrista Carlos Rennó e da cantora e compositora Alzira Espíndola, inicia-se profissionalmente em 1996, cantando com a mãe. Dois anos mais tarde, integra os vocais da banda de Itamar Assumpção. Em 2000, vence como compositora a décima edição do Projeto Nascente (Universidade de São Paulo/Editora Abril) com as canções Som Não Cabe em Nenhum Nome (Iara Rennó), Leve (com Alice Ruiz) e Pimenta no Seu Reino (com Anelis Assumpção). No mesmo ano, recebe o prêmio de melhor composição do 4º Festival Universitário de Música da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, pela canção Vampiro Tupiniquim (com Andreia Dias). No ano seguinte, é selecionada pelo Projeto Rumos Musicais, do Itaú Cultural. É finalista do Prêmio Visa de Compositores, em 2003.
Nesse ano, a banda que a acompanha desde o Projeto Nascente, batizada com o nome Dona Zica, lança o primeiro CD, Composição, seguido por Filme Brasileiro, em 2005. Em 2008, Iara lança o disco Macunaíma Ópera Tupi, pelo Sesc São Paulo. Concebido sobre trechos do livro Macunaíma, de Mário de Andrade, conta com a participação especial de nomes como Tom Zé, Moreno Veloso e Arrigo Barnabé. A compositora tem canções gravadas por Ney Matogrosso (Leve, no disco Inclassificáveis), Elza Soares (Mandingueira, parceria com BiD e Walmir Gil) e a portuguesa Maria João (Fado Mudo). Em 2010, estreia o show Oriki, baseado nas tradições orais afro-brasileiras.
Análise
Iara Rennó é apontada pela crítica como parte de uma geração que tem renovado a cena musical brasileira, ao lado dos outros integrantes da banda Dona Zica e de artistas como Cidadão Instigado, Céu e +2, que se caracterizam pela fusão de estilos. Inspirada no tropicalismo de Tom Zé e na Vanguarda Paulista dos anos 1980, mas sem restringir-se a essas influências, Iara define seu trabalho como "música popular contemporânea da América Latina", caracterizada mais pela fusão de múltiplas sonoridades do que pela busca de um estilo específico.
A capacidade de se apropriar de diferentes linguagens evidencia-se no disco Macunaíma Ópera Tupi, que também recebe versão cênica com música, intervenções teatrais, dança e videoarte. Nele a compositora extrai a musicalidade latente do texto de Mário de Andrade por meio de diferentes gêneros musicais. A canção Dói Dói Dói, cujo refrão ("Me espanca devagar que isto dói dói dói...") remete imediatamente ao "funk do tapinha", ganha levada de ragga.¹ Já o canto de pedinte Conversa, entoado por Tom Zé, recebe tratamento eletrônico. No disco ainda há coco de zambê, ciranda e canção de ninar.
As letras de Iara são geralmente bem-humoradas, algumas em tom de crítica ("Jabá, jabá/ Já basta de superstar/ Jabá, jabá/ Jabá pra poder entrar") e outras de protesto ("Acorda, tira essa corda do pescoço"; "sempre a mesma conversa de que tá tudo errado/ que a sociedade não presta/ acredite, a sociedade começa na sua testa"). Muitas delas tratam do cotidiano, com suas situações corriqueiras e seus imponderáveis, como Vixe Maria, parceria com Andreia Dias ("Vixe Maria como é fácil se enroscar / perder o rebolado, cair, não se levantar"), e a ácida Até o Dia ("Cada qual com seus parceiros/ periquitos/ cada um com seus problemas/ seus mosquitos/ eles chupam o seu sangue/ sua carne/ e se o espírito está louco/ que se acalme").
Nota
1. Estilo musical jamaicano semelhante ao reggae, mas que privilegia arranjos musicais eletrônicos e temas festivos.
Fontes de pesquisa 5
- COZER, Raquel. Macunaíma musical. Folha de S. Paulo. Caderno Ilustrada, 21/03/2008.
- EVANGELISTA, Ronaldo. DonaZica consolida vaga na MPB. Folha de S. Paulo. Caderno Acontece, 21/06/2007.
- RENNÓ, Iara. Entrevista à RUA (Revista Universitária do Audiovisual da UFSCar). Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=7SpE2fbSR0Q&feature=player_embedded#> Acesso em: 21 jan. 2011.
- RENNÓ, Iara. Macunaíma Ópera Tupi. São Paulo: SESC-SP, 2007. 1 CD.
- Site oficial do grupo DonaZica. Disponível em: < http://dona.zica.sites.uol.com.br>. Acesso em: 22 jan. 2011.
Como citar
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IARA Rennó.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa239304/iara-renno. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7