Adrien Taunay
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Caxoeira do Inferno. Cette cascade a 150 pieds de hauteur, 1827
Adrien Taunay
Aquarela, c.i.d.
31,20 cm x 41,50 cm
Texto
Biografia
Aimé-Adrien Taunay (Paris, França 1803 - Vila Bela de Mato Grosso, MT, 1828). Pintor e desenhista. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1816 acompanhando seu pai, Nicolas Antoine Taunay (1755-1830), integrante da Missão Artística Francesa. Em 1818 toma parte, como desenhista auxiliar, da expedição de circunavegação capitaneada por Louis Claude de Saulces de Freycinet (1779-1842). Concluída a viagem, retorna ao Rio de Janeiro, em 1820, e se dedica ao estudo de línguas e às artes. Posteriormente, substituindo Rugendas (1802-1858), ocupa o posto de primeiro desenhista da expedição liderada pelo cônsul Georg Heinrich von Langsdorff (1774-1852), que entre os anos de 1825 e 1829 percorre por via fluvial os atuais Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Pará. Após dois anos de viagem, chegam a Cuiabá, onde permanecem por aproximadamente um ano. Langsdorff decide então dividir a expedição em dois grupos que, depois de percorrer caminhos diferentes, deveriam se encontrar na cidade de Belém, Pará. Coube ao grupo formado por Adrien Taunay e pelo botânico Ludwig Riedel (1791-1861) seguir viagem pelos rios Guaporé e Madeira. Nesse percurso atingem a Vila Bela de Mato Grosso, em dezembro de 1827. Depois de algumas incursões pelos arredores do vilarejo e tendo se afastado de Riedel, Adrien Taunay se perde nas matas. Finalmente consegue localizar a margem do rio Guaporé e, ao tentar atravessá-lo a nado, acaba se afogando, em janeiro de 1828.
Análise
Filho e aluno do pintor francês Nicolas Antoine Taunay, desde muito jovem Adrien Taunay dedica-se ao desenho e à pintura. Vem ao Brasil em 1816 acompanhando o pai, membro da Missão Artística Francesa. Entre 1818 e 1820, participa como desenhista da expedição de circunavegação de Louis Claude de Saulces de Freycinet, quando ela passa pelo Rio de Janeiro. Visita a costa da Austrália e arquipélagos do Pacífico e registra a viagem em diversas aquarelas.
De volta ao Brasil, o artista dedica-se à tarefa de pintar cenas mitológicas relativas ao Triunfo de Baco nas paredes da sala de visita da casa de seu pai (já demolida), próxima à Cascatinha da Tijuca. Em 1824, em longa viagem por terras fluminenses, passando por Nova Friburgo e Cantagalo, faz anotações diárias, acompanhadas de desenhos.
Em 1825, é convidado a participar como desenhista da expedição organizada por Georg Heinrich von Langsdorff, cônsul-geral da Rússia no Brasil, substituindo Rugendas. A expedição parte nesse ano, e a rota, dirigida ao interior, inclui São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Amazônia. Tendo como companheiro Hercule Florence (1804-1879), então segundo-desenhista, Adrien Taunay registra a expedição em aquarelas. Na região do rio Cuiabá, os naturalistas seguem cursos diferentes. O artista parte, com o botânico Ludwig Riedel, para a Vila Bela de Mato Grosso. Juntos, passam pela aldeia dos índios bororos e atingem a divisa com a Bolívia. No retorno, Taunay morre afogado ao tentar atravessar a nado o rio Guaporé, em Mato Grosso.
Como aponta o pesquisador Pedro Corrêa do Lago, a obra do artista no Brasil só recentemente tornou-se conhecida, principalmente pela publicação do grande conjunto de aquarelas realizadas no período em que participa da expedição Langsdorff e conservadas atualmente na Academia de Ciências da Rússia, em São Petersburgo. Adrien Taunay destaca-se como excepcional pintor de paisagens e pelas cenas ricas em movimento. Suas aquarelas também apresentam interesse como fonte de informação histórica, enfocando os costumes da época, como em Rico Habitante de São Paulo que Conduz suas Mulas Carregadas de Cana-de-Açúcar (1825); Lavadeiras do Rio Quilombo e Vestimentas de São Paulo, ou ainda o aspecto das vilas e cidades, em O Convento dos Capuchinhos em Santos e Vista da Vila dos Guimarães. Algumas aquarelas são de grande interesse etnológico, com registro da vida tribal dos bororo e daqueles que viviam na missão jesuítica da Chapada dos Guimarães. Para Corrêa do Lago, Adrien Taunay realiza, em suas aquarelas, um comovente retrato artístico do índio brasileiro.
Obras 41
Alouatta Fusca
Ameiva Ameiva
Bombacaceae - Chorisia speciosa
Bothrops Neuwiedi
Cabassous Tatouay
Exposições 11
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11/1990 - 12/1990
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22/5/1992 - 18/10/1992
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20/10/1994 - 18/12/1994
Fontes de pesquisa 10
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
- ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
- BELLUZZO, Ana Maria de Moraes. O Brasil dos viajantes: um lugar no universo. São Paulo: Metalivros, 1994. v. 2.
- BOGHICI, Jean (org.). Missão Artística Francesa e pintores viajantes: França-Brasil no século XIX. Rio de Janeiro: Instituto Cultural Brasil-França, 1990.
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- EXPEDIÇÃO Langsdorff ao Brasil 1821-1829: aquarelas e desenhos de Taunay. Tradução Marcos Pinto Braga, Brian Hazlehurst, Peter Young. Rio de Janeiro: Alumbramento: Livroarte, 1988. v. 2.
- FLORENCE, Hercule. Viagem fluvial do Tietê ao Amazonas: 1825 a 1829. Tradução Visconde de Taunay. São Paulo: Cultrix, 1977.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, São Paulo, SP. O olhar distante. Curadoria Jean Galard, Pedro Corrêa do Lago; assistência de curadoria Mariana Cordiviola; tradução Alain François, Contador Borges, Tina Delia, John Norman, Eduardo Hardman. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, 2000.
- SILVA, Danuzio Gil Bernardino da (org.). Os Diários de Langsdorff v.3: Mato Grosso e Amazônia. Campinas: IEL, 1998.
Como citar
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ADRIEN Taunay.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa22167/adrien-taunay. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7