Pola Rezende

Cristo, 1950
Pola Rezende
Bronze
Texto
Biografia
Alta Pola M. Rezende (Vombrowa, Rússia 1906 - São Paulo, São Paulo, 1978). Escultora, pintora, dramaturga e contista. Autodidata. Inicia a produção de esculturas na década de 1940. Entre 1945 e 1947, é membro do Conselho Deliberativo do Clube dos Artistas e Amigos da Arte de São Paulo, o Clubinho. É premiada no 8º Salão Paulista de Arte Moderna, em 1959. Participa da Bienal Internacional de São Paulo em 1951, 1953, 1955 e 1961. Em 1972, a artista doa sua coleção particular, formada por obras de sua autoria, além de trabalhos de Tarsila do Amaral (1886-1973), Anita Malfatti (1889-1964), Di Cavalcanti (1897-1976), Candido Portinari (1903-1962), Lasar Segall (1891-1957), Clóvis Graciano (1907-1988) e Alfredo Volpi (1896-1988), entre outros, ao Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP). Sobre sua obra escreveram vários críticos importantes nas décadas de 1940 e 1950, como Sérgio Milliet (1898-1966), Lourival Gomes Machado (1917-1967), Mario Barata (1915-1983) e Geraldo Ferraz (1905-1979).
Análise
A crítica reitera constantemente o autodidatismo da escultora, ao mesmo tempo em que busca identificar em sua produção elementos que a aproximem tanto de um primitivismo, pela via da escultura africana, como do expressionismo, aparente mais na temática social do que na técnica - frequentemente remetendo sua obra à da artista alemã Käthe Kollwitz (1867-1945).
Iniciando-se na escultura nos anos 1940, trabalha sobretudo com a figura humana. A alegoria Fome (1949) é analisada pelo crítico Osório César que a relaciona, do ponto de vista temático, ao expressionismo. Entretanto, o tratamento do bronze, extremamente polido, não indica uma fatura expressiva, mas tradicional - lembrando até mesmo santos entalhados em madeira. Por isso, para o historiador Walter Zanini, Rezende possua um "fundo popular e realista".1
Na década de 1950, a produção de Cristos indica uma primeira depuração do trabalho de Pola Rezende, como em Cabeça de Cristo (s.d.). A artista concebe imagens com a mesma rigidez das anteriores, porém com uma proposta geometrizada, de estilização. Dois de seus comentadores, Mario Barata e Lourival Gomes Machado, atentam para a preocupação com o volume e associam a obra a imagens religiosas bizantinas e populares. O crítico Antonio Bento será uma voz dissonante que se opõe a um suposto primitivismo. Para ele, sua técnica é sofisticada, afastando-a dessa vertente.
A temática bíblica permanecerá em Êxodo (1960), no qual as figuras compõem um todo coeso, ainda que, mantenham a individualidade. Esta obra aponta para uma maturidade da escultora, atingida com os trabalhos da década anterior. Neles trabalha a síntese e a rigidez que alcançará de forma mais satisfatória nos anos posteriores atingindo, com isso, um esboço de movimento que remete às palavras de Rosalind Krauss acerca da escultura moderna: "é um meio situado de modo peculiar na junção entre quietude e movimento, tempo parado e tempo que transcorre".2
Notas
1 ZANINI, Walter (org). História geral da arte no Brasil. Apresentação de Walther Moreira Salles. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles, Fundação Djalma Guimarães, 1983, p.635.
2 KRAUSS, Rosalind. Passages in Modern Sculpture, apud FABRIS, Annateresa. In: Tridimensionalidade: arte brasileira do século XX. São Paulo: Itaú Cultural / Cosac & Naify, 1999, p.8.
Obras 4
Espetáculos 1
Exposições 35
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21/2/1945 - 9/3/1945
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16/7/1948 - 31/7/1948
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Fontes de pesquisa 9
- ALVARADO, Daisy V. M. Peccinini. Homenagem a Pola Rezende. Texto de Daisy Valle Machado Peccinini de Alvarado. São Paulo: MAC/USP, 1993.
- CHIARELLI, Tadeu (org). Alegoria. São Paulo: MAM, [2002].
- EXPOSIÇÃO de Artistas Brasileiros. Rio de Janeiro: MAM, 1952.
- OS SALÕES: da família artística paulista, de maio e do sindicato dos artistas plásticos de São Paulo. São Paulo: Museu Lasar Segall, 1976. (Ciclo de Exposições de Pintura Brasileira Contemporânea).
- REZENDE, Pola. Esculturas de Pola Rezende. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1956.
- REZENDE, Pola. Esculturas de Pola Rezende. São Paulo: MAM, 1955.
- ZANINI, Walter. A arte no Brasil nas décadas de 1930-40: o Grupo Santa Helena. São Paulo: Nobel : Edusp, 1991.
- ZANINI, Walter. Tendências da escultura moderna. 2.ed. São Paulo: Cultrix, 1980. 314 p.
- ________. 1ª Exposição de escultura e pintura: Pola Rezende. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1945.
Como citar
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POLA Rezende.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa22046/pola-rezende. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7