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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Gonzaguinha

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 31.01.2024
22.09.1945 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
29.04.1991 Brasil / Paraná / Marmeleiro
Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior. (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1945 - Marmeleiro, Paraná, 1991). Cantor, compositor e violonista. Filho do cantor, compositor e sanfoneiro Luiz Gonzaga (1912-1989) e da cantora, compositora e dançarina Odaléia Guedes dos Santos (1925-1948). Aos dois anos, perde a mãe, vítima de tuberculose. O pai se casa nova...

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Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior. (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1945 - Marmeleiro, Paraná, 1991). Cantor, compositor e violonista. Filho do cantor, compositor e sanfoneiro Luiz Gonzaga (1912-1989) e da cantora, compositora e dançarina Odaléia Guedes dos Santos (1925-1948). Aos dois anos, perde a mãe, vítima de tuberculose. O pai se casa novamente, mas a esposa rejeita o menino, que passa a ser criado por seus padrinhos de batismo, Leopoldina de Castro Xavier e Henrique Xavier Pinheiro (de apelido Baiano do Violão), com quem aprende a tocar o instrumento.

Vive a infância no Morro de São Carlos, no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro. Durante a adolescência, frequenta colégios internos por causa da preocupação de Gonzaga com os constantes atos de indisciplina do filho, o que só faz aumentar os conflitos entre eles. Aos 14 anos contrai tuberculose pela primeira vez, doença que o afligiria outras vezes durante a vida. Com a mesma idade, compõe sua primeira música, Lembrança de primavera.

Forma-se pela Faculdade de Ciências Econômicas Cândido Mendes. Paralelamente aos estudos, estreia na carreira artística em 1968, participando do Festival Universitário de Música Popular, da TV Tupi, que vence no ano seguinte com a canção O trem.

Nessa época, integra o Movimento Artístico Universitário (MAU), iniciado em 1965, ao lado dos compositores César Costa Filho (1944), Ivan Lins (1945) e Aldir Blanc (1946). Em 1971, o grupo comanda o programa Som Livre Exportação, na TV Globo, comandado por Elis Regina e Ivan Lins.

Em 1973, lança Luiz Gonzaga Jr, o primeiro dos 16 álbuns de sua carreira discográfica. Em 1980, se aproxima do pai Luiz Gonzaga, que, mesmo discordando ideologicamente das canções, já havia endossado a obra do filho gravando “Pobreza por Pobreza”, “Diz que vai virar”, “Erva rasteira” e ainda “Festa”, no disco Canaã (1968). Pai e filho estreitam o relacionamento percorrendo o Brasil com a turnê A vida do viajante, que posteriormente daria origem a um disco da dupla. Em 2012, a história dos artistas ganha adaptação cinematográfica do diretor Breno Silveira, no filme Gonzaga – De pai para filho

A obra de Gonzaguinha alia canções contestatórias, de teor político-social, com um repertório de apelo romântico que fez do compositor um sucesso de massa. Sua produção de início de carreira, no entanto, se destaca pelo caráter anticomercial. Por essa característica e pela fisionomia sisuda ganha o apelido de “cantor rancor”.  

Desde o princípio, Gonzaguinha demostra uma postura combativa. A toada “Pobreza por pobreza”, a primeira a lhe dar projeção como concorrente de um festival universitário, traz a reflexão do retirante sertanejo: “Sou pobre em qualquer lugar/ (...) A mão é sempre a mesma / que vive a me explorar”. A crítica de Gonzaguinha, não raro, vem de maneira irônica, como em Um sorriso nos lábios (“mas sonha que passa/ ou toma cachaça/ aguenta firme, irmão”) e Comportamento geral (“Você deve rezar pelo bem do patrão/ e esquecer que está desempregado”), sambas que tratam do conformismo. 

Em certos casos, o alvo do compositor deixa dúvidas. Muito visado pela censura, que durante a ditadura militar proibe dezenas de suas músicas, Gonzaguinha busca despistar a fiscalização usando artifícios poéticos, como o duplo sentindo. É difícil saber ao certo se os versos de “Palavras” (“Eu não aguento mais/ Palavras, palavras, palavras/ Você só fala, promete e nada faz”) possuem um tom político ou se referem a alguma desavença amorosa. 

Sua interpretação e estrutura musical remetem ao estilo de Milton Nascimento em começo de carreira, porém com um timbre rouco.

Por conta de sua vida familiar conturbada, merecem destaque as citações autobiográficas, como em Odaléia (Noites brasileiras) (“Minha cantora esquecida das noites brasileiras/ Te amo/ Compositora esmagada dessas barras brasileiras/ Te amo”), feita em homenagem à mãe falecida, e Com a perna no mundo (“Ô Dina/ Teu menino desceu o São Carlos/ Pegou um sonho e partiu/ Pensava que era um guerreiro/ Com terras e gente a conquistar”), dedicada à madrinha que o criou. Além disso, Gonzaguinha regrava alguns dos sucessos de Luiz Gonzaga, antes de dividir um álbum com o pai.

Embora parte representativa de sua produção esteja ancorada no samba, ele também enveredou por outros gêneros, como a valsa (“Sempre em teu coração”), o rock (“A felicidade bate à sua porta”), a disco music (“O preto que satisfaz”), gravado pelas Frenéticas,  e os ritmos nordestinos (“Galope”). No entanto, são os boleros e as canções românticas que se destacam em seu repertório. presentes desde de o disco de estréia, como “Sempre em teu coração”, “Minha Amada Doidivana” e “Romântico do Caribe”. Ao narrar dramas amorosos com letras sofridas, músicas como Começaria tudo outra vez, Não dá mais pra segurar (Explode coração) e Grito de alerta alçam Gonzaguinha ao sucesso popular, com gravações de Maria Bethânia (1946). 

De forma lenta e gradual, sua obra acompanha a abertura do cenário político. Sem abandonar a postura crítica, o compositor torna-se mais otimista, a exemplo da canção “E vamos à luta”, com a amargura de outros tempos dando lugar à esperança e à alegria, em “O que é, o que é”.

Obras 1

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Espetáculos 1

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Fontes de pesquisa 7

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  • Coração Na Boca. São Paulo: s.l., 1983. 1 programa de espetáculo. Não catalogado
  • DREYFUS, Dominique. Vida do viajante: a saga de Luiz Gonzaga. São Paulo: Ed. 34, 1996.
  • ECHEVERRIA, Regina. Gonzaguinha e Gonzagão: uma história brasileira. São Paulo: Leya, 2012.
  • INSTITUTO Memória Musical Brasileira. Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.memoriamusical.com.br. Acesso em: 20 out. 2013
  • SEVERIANO, Jairo. Uma história da música popular brasileira. São Paulo: Editora 34, 2008.
  • SOUZA, Tárik & ANDREATO, Elifas. Rostos e gostos da música popular brasileira. Porto Alegre: L&PM, 1979.
  • SOUZA, Tárik de. Tem Mais Samba: das raízes à eletrônica. São Paulo: Editora 34, 2003. (Coleção Todos os Cantos).

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