Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Bia Medeiros

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 21.09.2023
1955 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Maria Beatriz Medeiros (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1955). Tradutora, artista plástica, performer, pesquisadora, professora. Em sua produção, tanto artística quanto intelectual, critica as etiquetas oficiais, revelando as contradições sob as aparências da legitimidade da arte convencional.

Texto

Abrir módulo

Maria Beatriz Medeiros (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1955). Tradutora, artista plástica, performer, pesquisadora, professora. Em sua produção, tanto artística quanto intelectual, critica as etiquetas oficiais, revelando as contradições sob as aparências da legitimidade da arte convencional.

Gradua-se em educação artística na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ). Durante o fim dos anos 1970 e começo dos 1980, vive na França, fazendo o mestrado em estética e o doutorado em artes na Sorbonne. Em Paris, leciona no Adac Galerie Atelier, de 1984 a 1988. Retorna ao Brasil e se torna professora do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB), onde desenvolve atividades que dão origem ao coletivo Corpos Informáticos.

Pesquisa a convergência entre arte e tecnologia, no campo da telemática, sendo uma das pioneiras brasileiras em teleperformance – que se torna a tônica da atuação do grupo –, geralmente em canais abertos simultâneos, utilizando o software I Visit, o que permite que outros usos, como o exibicionismo e a pornografia, disputem a atenção do espectador. Nota-se aqui uma crítica ao “tempo real”, remetendo à coletânea de textos do filósofo francês Bernard Stiegler (1952-2020), traduzidos pela artista: trata-se do tempo trazido pelo vídeo, que resulta no voyeurismo dos programas de televisão que acompanham o cotidiano de celebridades.

O coletivo, com o passar dos anos, adquire identidade artística própria, tornando-se independente da UnB. Volta-se, principalmente, para performances, ou seja, ações ao vivo, com frequência baseadas na ambiguidade semântica. A confusão entre criança e adulto, falso e verdadeiro, brincadeira e compromisso, crítica social e chacota caracteriza as performances das “unhas defeitas”, a alegoria do enterrar de dejetos da indústria da informática e de veículos de desmanche inteiros, os jogos de amarelinha, pula-corda, bambolê e corridas com velhas enceradeiras.

O grupo decide investir no uso de objetos obsoletos e low-tech, ou seja, de baixa tecnologia, e na tradução antropofágica de termos-conceito como “performance”, “intervenção urbana”, “efêmero” etc. Adota postura favorável à abordagem brasileira das questões relacionadas ao binômio arte-tecnologia. Desse empenho, emerge a ressignificação de  termos como “fuleragem”, C.U. (composição urbana), “mixuruca” e outros.

Os termos seguem a lógica inaugurada por Hélio Oiticica (1937-1980) de deslocar palavras que, pertencendo a um vocabulário fora do circuito oficial de arte, desafiam-no pela simples menção. Por exemplo, o termo “maria-sem-vergonha”, que designa o conceito de rizoma, segundo a filosofia dos franceses Gilles Deleuze (1925-1995) e Félix Guattari (1930-1992), acaba se desdobrando em dois outros: o “ia-sem-ver”, espécie de defesa da ação que usa todos os sentidos, e a “margonha”, palavra construída com os restos do trocadilho anterior. A artista atua também na defesa desses termos em eventos acadêmicos, o que provoca situações de estranhamento.

Em 2001, faz o pós-doutorado em filosofia no Collège de Philosophie de Paris e, entre 2003 e 2005, preside a Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (Anpap). Publica livros dedicados às relações entre arte e tecnologia e à performance. Dentre eles, Corpos informáticos: arte, corpo, tecnologia (2006), Corpos informáticos: arte, cidade, composição (2009) e Corpos informáticos: performance, corpo, política (2011), este último em parceria com Fernando Aquino. Com Mariana Monteiro e Roberta Matsumoto organiza os volumes Espaço e performance e Tempo e performance (2007), coletâneas de textos que atualizam a bibliografia sobre o tema no Brasil.

Entre os momentos de atuação com o coletivo Corpos Informáticos, destacam-se a participação do grupo no Circuito Centro da Terra de Artes Cênicas (2002), com patrocínio da Petrobrás e curadoria de Renato Cohen (1956-2003) e Ricardo Karman (1957), e na 5ª Bienal do Mercosul (2005). Em 2009, recebe o Prêmio Artes Cênicas na Rua, da Fundação Nacional de Artes (Funarte).

Ainda com o coletivo, produz, a partir de 2010, eventos relacionados com o edital Cultura e Pensamento (Ministério da Cultura) e ações como o Festival Performance: Corpo, Política e Tecnologia. Participa em eventos e congressos, além de intervenções urbanas, como na rampa do Palácio do Planalto, em Brasília. Em 2011, ganha o edital de ocupação da Funarte de São Paulo, onde apresenta o trabalho com carcaças de carros, principalmente kombis.

Sempre na relação entre palavra e conceito, os textos de Bia Medeiros insistem nas ideias de traição, mentira e trapaça. O próprio termo “fuleragem” pode, assim, ser tomado como uma síntese de sua produção, sempre empenhada em investigar e desmascarar as convenções e as contradições que determinam as possibilidades de apreensão da arte e da realidade.

Espetáculos 5

Abrir módulo

Exposições 22

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 8

Abrir módulo
  • AQUINO, Fernando ; MEDEIROS, Maria Beatriz de (Orgs.). Corpos informáticos: performance, corpo, política. Brasília: Programa de Pós-Graduação em Arte da Universidade de Brasília, 2011. Acompanha 1 DVD.
  • CORPOS informáticos. Disponível em: http://corpos.blogspot.com.br/. Acesso em: 15 out. 2019
  • ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Júlia do Vale]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos. Não Catalogado
  • MEDEIROS, Maria Beatriz de; AQUINO, Fernando ; AZAMBUJA, Diego. Corpos informáticos. Arte, cidade, composição. 1. ed. Brasília: Programa de Pós-Graduação em Arte da Universidade de Brasília (PPG-Arte-UnB), 2009.
  • MEDEIROS, Maria Beatriz de; MONTEIRO, Marianna F. M. (Orgs.). Espaço e performance. Brasília: Universidade de Brasília, 2007.
  • MEDEIROS, Maria Beatriz de; MONTEIRO, Marianna F. M.; MATSUMOTO, Roberta K. (Orgs.). Tempo e performance. Apresentação Marianna Francisca Martins Monteiro. Brasília: Universidade de Brasília, 2007.
  • MEDEIROS, Maria Beatriz de; STIEGLER, Bernard. Bernard Stiegler. Reflexões (não) contemporâneas. Tradução e organização. Chapecó: Argos, 2007.
  • PERFORMANCE Corpo Política. Disponível em: http://www.performancecorpopolitica.net/. Acesso em: 13 mar. 2013

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: