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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Toninho Mendes

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 21.04.2024
1954 Brasil / São Paulo / Itapeva
2017 Brasil / São Paulo / São Paulo
Antônio de Souza Mendes Neto (Itapeva, São Paulo, 1954 - idem, 2017). Editor, poeta, artista gráfico, escritor. Responsável por promover uma geração de quadrinistas com a Circo Editorial, editora de humor e de quadrinhos de humor fundada em 1984 que proporciona o desenvolvimento de personagens memoráveis e expansão do mercado de revistas desse s...

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Antônio de Souza Mendes Neto (Itapeva, São Paulo, 1954 - idem, 2017). Editor, poeta, artista gráfico, escritor. Responsável por promover uma geração de quadrinistas com a Circo Editorial, editora de humor e de quadrinhos de humor fundada em 1984 que proporciona o desenvolvimento de personagens memoráveis e expansão do mercado de revistas desse segmento.

O interesse por quadrinhos acompanha Toninho Mendes desde a adolescência, quando colecionava gibis e trabalhava em uma banca de jornal. Aos doze anos, conhece Angeli (1956) com quem constrói consistente e duradoura amizade. Durante a década de 1970, frequenta o curso de desenho publicitário, mas consolida sua formação como diagramador e produtor gráfico de veículos de imprensa alternativos. Em 1975, atua no semanário Versus e no tabloide bimestral Movimento e desenvolve experimentações gráficas em edições especiais com muitos dos quadrinistas que trabalham em sua editora na década seguinte.

Em 1980, realiza uma primeira tentativa de empreender, com a editora Marco Zero que publica três livros, entre eles a sua antologia de poemas em homenagem ao Rio Tietê, A Confissão para o Tietê, e o primeiro livro de charges de Chico Caruso (1949), ‘Natureza Morta’ e outros desenhos para o Jornal do Brasil  (1978-1980).

Toninho mantém sua atuação como diagramador e assistente de arte na revista IstoÉ e paralelamente lança a Circo Editorial, editora dedicada ao humor e aos quadrinhos de humor. A primeira publicação da casa é Chiclete com Banana, Bob Cuspe e Outros Inúteis, de Angeli, em 1984, período de abertura democrática no Brasil. Em setembro do mesmo ano, lança o segundo livro da editora, Não Tenho Palavras, de Chico Caruso. Seguem Quadrinhos em Fúria, de Luiz Gê (1951), e O Tamanho da Coisa, de Laerte (1951). Inspirado pela verve transgressora da publicação carioca O Pasquim, lança a primeira revista da editora: Chiclete com Banana, produzida por Toninho e Angeli, que também cria as histórias e desenhos. É lançada em outubro de 1985 com capa colorida, miolo em preto e branco, com 48 páginas e tiragem bimestral, formato que se torna padrão na Circo. Apresenta na capa a candidatura do personagem Bob Cuspe para a prefeitura de São Paulo. Com o sucesso de vendas da revista, outros títulos são lançados, como a Revista Circo, na qual colaboram artistas como Luiz Gê, Laerte, Paulo Caruso e outros. Nos anos seguintes, cada um dos quadrinistas da editora passa a assinar uma publicação: Níquel Náusea, por Fernando Gonsales (1961); Geraldão, por Glauco (1957-2010); Piratas do Tietê, por Laerte. Nos anos 1990, a revista Bang Bang é editada pelo cartunista Adão Iturrusgarai (1965). A Circo edita ainda outros dois livros 365 Motivos para Odiar o Brasil e Geraldão, Espocando a Cilibina, além de edições especiais como Striptiras, a Série Tipinhos Inúteis e Rê Bordosa, Memórias de uma Porraloca.

A visão editorial de Toninho Mendes percebe que o contexto de abertura democrática era favorável a exploração dos limites de liberdade de expressão. Entende que a imprensa poderia se apresentar com humor sem deixar de tratar questões políticas e sociais além da cultura pop. O time de quadrinistas retrata a cena punk urbana por meio do humor ácido e escatológico. Essa abordagem de crítica franca e linguagem direta da Circo repercute influenciando gerações de desenhistas e formadores de opinião.

O sucesso de crítica e público das revistas da Circo não tem precedentes e as vendas aumentam exponencialmente. A edição de dezembro de 1987 que tratra da morte da personagem Rê Bordosa, vende cem mil exemplares. No entanto, a grande repercussão não garante a longevidade da editora e das revistas. Problemas de administração e a inflação fazem com que a Circo encerre as atividades em 1995.

Na década de 1990, Toninho trabalha no setor de comunicação de uma instituição financeira e também assina o projeto gráfico de importantes jornais paulistanos. Nos anos 2000, trabalha em pequenas editoras e em funda sua segunda casa editorial, a Peixe Grande, pela qual publica os livros Quadrinhos Sacanas: o Catecismo Brasileiro, que recebe prêmio HQMix de melhor publicação erótica de 2010. Em 2014, organiza o livro Humor Paulistano – A Experiência da Circo Editorial, 1984-1995, no qual relata sua experiência à frente da editora. A publicação recebe o prêmio de melhor livro na 27a HQMix.

O editor Toninho Mendes cria condições para a consolidação de uma talentosa geração de quadrinistas brasileiros durante os seis profícuos anos da Circo Editorial. As revistas proporcionam histórias de humor com verve crítica e irreverente, além de uma coleção de personagens intrinsecamente ligados à história e à memória dos quadrinhos no Brasil no final do século 20.

Exposições 1

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Fontes de pesquisa 4

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  • FINOTTI, Ivan; MENDES, Toninho (Orgs.). Humor Paulistano: a experiência da Circo Editorial, 1984-1995. São Paulo: SESI-SP Editora, 2014.
  • Morre o editor de quadrinhos Toninho Mendes, criador da revista ‘Chiclete com Banana’. O Estado de S.Paulo, São Paulo, 18 jan. 2017. Disponível em: https://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,morre-o-editor-de-quadrinhos-toninho-mendes-criador-da-revista-chiclete-com-banana,70001633455. Acesso em: 10 out. 2019
  • SANTOS, Roberto Elísio. HQs de Humor no Brasil: variações da visão cômica dos quadrinhos brasileiros (1864-2014). Porto Alegre: EdiPUCRS, 2014.
  • SANTOS, Roberto Elísio; VERGUEIRO, Waldomiro. A História em Quadrinhos no Brasil: análise, evolução e mercado. São Paulo: Laços, 2011.

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