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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Moema Cavalcanti

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 01.10.2024
29.06.1942 Brasil / Pernambuco / Recife
Moema Cavalcanti (Recife, Pernambuco, 1942). Designer gráfica, atriz, cenógrafa e figurinista. Em 1960, ingressa nos cursos de pedagogia e professorado de desenho, ambos na Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe). Ao frequentar palestras na Faculdade de Arquitetura, tem o primeiro contato com o design e com figuras proeminentes dessa área, com...

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Moema Cavalcanti (Recife, Pernambuco, 1942). Designer gráfica, atriz, cenógrafa e figurinista. Em 1960, ingressa nos cursos de pedagogia e professorado de desenho, ambos na Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe). Ao frequentar palestras na Faculdade de Arquitetura, tem o primeiro contato com o design e com figuras proeminentes dessa área, como Aloísio Magalhães (1927-1982) e Alexandre Wollner (1928-2018). No mesmo período, participa de peças teatrais no Teatro Popular do Nordeste (TPN) como atriz, cenógrafa e figurinista.

Em 1968, muda-se para São Paulo e atua como assistente de arte na divisão de revistas técnicas da Editora Abril. Em 1970, torna-se diretora de arte da Abril Educação. Em 1974, é responsável pela arte da Revista do Livro [1]. 

A partir de 1975, atua como profissional independente na área de design editorial, com ênfase em projetos de capas de livros. Entre 1980 e 1988, trabalha como diretora de arte da revista da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). No final da década de 1980, trabalha por alguns anos na Editora Globo. Em 1994, desenvolve a identidade visual e diversas peças, como cartazes, capas de livros e fôlderes, dos eventos paralelos à 46a Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha, edição que homenageia a participação brasileira. Desde 1997, dirige o estúdio Desenho Gráfico, em parceria com Silvia Massaro.

Moema Cavalcanti recebe diversas vezes o Prêmio Jabuti. Em 1996, é indicada como representante brasileira no International Book Award, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Em 2000, expõe seus trabalhos na Associação dos Designers Gráficos (ADG), na mostra Moema Cavalcanti: 800 Capas. 

A designer soma mais de 1.400 capas de livros criadas para as principais editoras do país.

 

Análise

Moema Cavalcanti é mais conhecida pela extensa produção de capas de livros, trabalho que desenvolve desde a década de 1980. 

Na década de 1960, em Recife, a artista tem a atenção voltada para as capas de livros criadas por Eugênio Hirsch (1923-2001) para a editora Civilização Brasileira. Observa impressos do Gráfico Amador [2] e ilustrações do artista pernambucano Francisco Brennand (1927-2019) publicadas na Revista Nordeste. A artista percebe a existência de um profissional situado entre o escritor e o leitor, responsável por dar corpo à mensagem verbal: o designer.

Ao se mudar para São Paulo, Moema ingressa na Editora Abril. A empresa representa para a jovem designer uma escola de artes gráficas, pela disponibilidade de tecnologias e pelo convívio diário com jornalistas e artistas destacados no panorama cultural da década de 1970.

Moema fixa-se como capista de livros depois da saída da Abril. Ao prestar trabalhos para a editora Brasiliense, conhece o diretor Luiz Schwarcz (1956). Em 1986, ele sai da editora e funda a Companhia das Letras. A recém-criada editora promove uma renovação visual dos livros no mercado editorial brasileiro e emerge uma nova geração de capistas, da qual Moema Cavalcanti participa, na companhia de João Baptista da Costa Aguiar (1948), Ettore Bottini (1948-2013), Victor Burton (1956) e Hélio de Almeida [3].

A carreira da designer coincide com a substituição dos meios analógicos de produção pelo computador nos anos 1990. “A mudança da capa feita artesanalmente para aquela feita no computador foi difícil para mim”, relembra a artista. “Hoje estou totalmente informatizada, mas não dispenso certos hábitos antigos. Sempre que posso, faço a mão colagens, rasgos, ‘rabiscos’, que ficariam muito duros se fossem feitos no computador. Procuro fazer um trabalho mais autoral” [4].

Os livros Os Sentidos da Paixão (1987), O Olhar (1988), O Desejo (1990) e Ética (1992), coleção publicada pela Companhia das Letras, apresenta um corte na primeira capa (faca), efeito que deixa visível a cor impressa na orelha do livro. De maneira ousada e inovadora, a designer rompe os limites físicos da superfície da capa, alcançando a profundidade que caracteriza o conteúdo. Sobre essa visão particular do capista refletida no design, Luiz Schwarcz comenta: 

 

[...] a arte de fazer capas é também a arte de saber ler, deixando espaço para outras leituras. Na verdade, a capa que soma não resume, não busca impor a visão do capista, mas cria um diálogo entre o autor e o designer, confronta as linguagens literária e gráfica e convida o leitor a exercer o seu domínio e ocupar o seu espaço, absoluto [5].

 

A linguagem visual da designer caracteriza-se pela variedade de materiais e expedientes, trabalhados à mão ou no computador. As escolhas tipográficas são diversificadas, adaptando-se ao discurso visual pretendido na capa. Nota-se o uso do alinhamento central das informações textuais (título, autor, editora). Esse recurso exprime a maneira tradicional de diagramação, rompida por alguns designers na década de 1960 [6].

 

Notas

1. Catálogo quinzenal para divulgação dos títulos disponíveis no Círculo do Livro

2. O Gráfico Amador é uma gráfica e editora, fundada em 1954, em Recife, Pernambuco, por um grupo de jovens intelectuais pernambucanos. Esses amantes da prensa manual editam pequenas obras literárias, com tiragens artesanais limitadas.

3. GAUDÊNCIO JUNIOR, Norberto. As muitas viagens de João. Revista Tecnologia Gráfica, São Paulo, p. 42-45, 01 out. 2006.

4. BRANCO, Fernanda Castello. Cenas de um casamento: Autores, ilustradores, capistas e designers tornam projetos editoriais cada vez mais coletivos. Revista Continuum, São Paulo, n. 10, p. 29, 2008.

5. HOMEM DE MELO, Chico. O Design gráfico brasileiro: anos 60. São Paulo: Cosac & Naify, 2006. p. 60.

6. CAVALCANTI, Moema. Oitocentas capas. São Paulo: Associação dos Designers Gráficos, 2000. p. 7.

Espetáculos 12

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Exposições 4

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Fontes de pesquisa 7

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  • BRANCO, Fernanda Castello. Cenas de um casamento: autores, ilustradores, capistas e designers tornam projetos editoriais cada vez mais coletivos. Revista Continuum, São Paulo, n. 10, p. 29, 2008. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/index.cfm?cd_pagina=2720&cd_materia=453. Acesso em: dez. 2013.
  • CAVALCANTI, Moema. Moema Cavalcanti. Capas criadas para a Companhia das Letras. Disponível em: http://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=02178. Acesso em: dez. 2013.
  • CAVALCANTI, Moema. Moema Cavalcanti. São Paulo: [s. n.], 2011. Entrevista concedida a Sara Goldchmit.
  • CAVALCANTI, Moema. Oitocentas capas. São Paulo: Associação dos Designers Gráficos, 2000.
  • GAUDÊNCIO JUNIOR, Norberto. As muitas viagens de João. Revista Tecnologia Gráfica, São Paulo, p. 42-45, 01 out. 2006.
  • LEON, Ethel. Sedução nas livrarias. Revista Florense, São Paulo, v. 6, p. 30-35, 2005. Disponível em: http://www.joaobaptista.art.br/bioautor.php?tp=sobre&lg=pt&id=11. Acesso em: dez. 2013.
  • MELO, Chico Homem de (org.). O design gráfico brasileiro: anos 60. São Paulo: Cosac & Naify, 2006.

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