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Enciclopédia Itaú Cultural
Literatura

Ferdinand Denis

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 22.01.2020
13.08.1798 França / Ile de France / Paris
01.08.1890 França / Ile de France / Paris
Jean-Ferdinand Denis (Paris, França, 1798 – idem, 1890). Historiador, pesquisador e escritor. Filho de um funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros do governo francês, Denis viaja para o Brasil em 1816, desembarcando no Rio de Janeiro, onde estabelece contato com o filho do pintor Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830), membro da missão ar...

Texto

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Jean-Ferdinand Denis (Paris, França, 1798 – idem, 1890). Historiador, pesquisador e escritor. Filho de um funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros do governo francês, Denis viaja para o Brasil em 1816, desembarcando no Rio de Janeiro, onde estabelece contato com o filho do pintor Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830), membro da missão artística francesa então instalada na colônia. 

Meses depois, muda-se para Salvador e trabalha ao lado de comerciantes franceses. Regressa à sua terra natal em 1819, após acompanhar a efervescência política que precede a Independência do Brasil. Interessado pela cultura dos povos do Novo Mundo, publica em Paris documentos como a carta de Pero Vaz de Caminha (1450-1500) e trabalhos dedicados aos costumes americanos e à literatura portuguesa. Edita, em 1824, Scènes de la Nature sous les Tropiques et de Leur Influence sur la Poésie, em que descreve a exuberância da natureza brasileira como fonte de inspiração poética, antecipando, em duas experiências de ficção que também integram o livro, nosso indianismo romântico. 

Sua contribuição decisiva para as letras brasileiras surge, no entanto, em 1826, com o Résumé de l'Histoire Littéraire du Portugal, Suivi de Résumé de l'Histoire Littéraire du Brésil, no qual funda a teoria de nossa literatura e de nossa crítica literária segundo os preceitos do romantismo europeu, que se torna a principal influência para a futura geração de escritores brasileiros. Um dos pioneiros dos estudos americanistas na Europa, Denis também exerce cargos burocráticos na Biblioteca Sainte Geneviève, em Paris.

Análise

O papel de Ferdinand Denis para a formação da literatura e da crítica literária no Brasil, no século XIX, é de fundamental importância. Em seus estudos, é o primeiro a traçar uma distinção entre a historiografia literária brasileira e a portuguesa, que comumente a abarcava. Ao lado do escritor português Almeida Garrett (1799-1854), Denis exerce influência decisiva na configuração do imaginário indianista que orienta a primeira geração romântica brasileira.

Discípulo das ideias dos escritores franceses Chateaubriand (1768-1848) e Bernardin de Saint-Pierre (1737-1814), que lhe incutem o apreço pelo índio e pela natureza tropical, e de Madame de Staël (1766-1817), de quem herda as teorias sobre a relação entre a arte, as letras e a sociedade, Denis incentiva em seus trabalhos o abandono dos modelos neoclássicos, próprios a uma condição colonial, em favor da busca pelo “espírito” e o “gênio” da nação recém-independente. Se para o ideário romântico a poesia deve emergir de elementos autóctones, cabe aos jovens autores brasileiros encontrar no primitivo sua fonte de inspiração.

Em suas pesquisas, também esboça uma genealogia histórica da literatura brasileira, descobrindo em autores como  Frei Santa Rita Durão (1722-1784) e Basílio da Gama (1741-1795) prenúncios de afirmação de nossa nacionalidade. Valendo-se de elementos próprios à etnografia e à geografia, também efetua especulações sobre o “caráter poético” das raças que constituíram a especificidade étnica brasileira – o conquistador europeu, o negro e o índio – valorizando sua contribuição para a formação do país. Ainda que tenham alimentado certa visão pitoresca dos fatos culturais brasileiros, suas ideias também abriram espaço para o desenvolvimento de uma perspectiva de análise que encontra esteio na obra de críticos posteriores.

Exposições 5

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Fontes de pesquisa 4

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  • ANDIDO, Antonio. O romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas: FFLCH, 2002.
  • CANDIDO, Antonio. O nacionalismo literário. In: ______. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. 2ª ed. Belo Horizonte: Rio de Janeiro: Editora Itatiaia, 1981. p. 9-21; 285-327.
  • CÉSAR, Guilhermino (org.). Historiadores e críticos do romantismo. A contribuição europeia: crítica e história da literatura. São Paulo: Edusp, 1978.
  • ZILBERMAN, Regina. Ferdinand Denis e os paradigmas da história da literatura. In: Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade de Passo Fundo, vol. II, n. 1, jan.-jun. 2006. p. 137-147.

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