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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Arcangelo Ianelli

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 19.05.2023
18.07.1922 Brasil / São Paulo / São Paulo
26.05.2009 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução fotográfica Horst Merkel

Bairro Fabril, 1957
Arcangelo Ianelli
Óleo sobre tela
46,00 cm x 60,00 cm

Arcangelo Ianelli (São Paulo, São Paulo, 1922 - idem 2009). Pintor, escultor, ilustrador e desenhista. Inicia-se no desenho como autodidata. Em 1940, estuda perspectiva na Associação Paulista de Belas Artes e, em 1942, recebe orientação em pintura de Colette Pujol (1913-1999). Dois anos depois, freqüenta o ateliê de Waldemar da Costa (1904-1982)...

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Arcangelo Ianelli (São Paulo, São Paulo, 1922 - idem 2009). Pintor, escultor, ilustrador e desenhista. Inicia-se no desenho como autodidata. Em 1940, estuda perspectiva na Associação Paulista de Belas Artes e, em 1942, recebe orientação em pintura de Colette Pujol (1913-1999). Dois anos depois, freqüenta o ateliê de Waldemar da Costa (1904-1982) com Lothar Charoux (1912-1987), Hermelindo Fiaminghi (1920-2004) e Maria Leontina (1917-1984). Durante a década de 1950 integra o Grupo Guanabara juntamente com Manabu Mabe (1924-1997), Yoshiya Takaoka (1909-1978), Jorge Mori (1932), Tomoo Handa (1906-1996), Tikashi Fukushima (1920-2001) e Wega Nery (1912-2007), entre outros. A partir da década de 1940, produz cenas cotidianas, paisagens urbanas e marinhas, que revelam grande síntese formal e uma gama cromática em tons rebaixados. Por volta dos anos 1960, volta-se ao abstracionismo informal e produz telas que apresentam densidade matérica e cores escuras. No fim dos anos 1960, sua obra é ao mesmo tempo linear e pictórica, onde se destaca o uso de grafismos. Já a partir de 1970, volta-se à abstração geométrica e emprega principalmente retângulos e quadrados, que se apresentam como planos superpostos e interpenetrados. Atua ainda como escultor, desde a metade da década de 1970, quando realiza obras em mármore e em madeira, nas quais retoma questões constantes na obra pictórica. Em 2002, comemora os seus 80 anos com retrospectiva montada pela Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pesp).

Análise

Arcangelo Ianelli começa a desenhar na adolescência. No princípio da década de 1940, tem aulas de arte na Associação Paulista de Belas Artes e inicia curso de pintura com Colette Pujol. Nesse período, faz pinturas e desenhos realistas, estruturados de acordo com as características percebidas na pintura paulistana. Entre o fim da década de 1940 e início da década de 1950, passa a demonstrar interesse por outras propostas estilísticas, aproximando-se progressivamente de soluções alinhadas ao debate sobre a arte construtiva, muito embora se mantenha ligado à figuração.

Nas marinhas, realizadas em 1957, a tendência à simplificação formal se aprofunda. O artista reduz sua paleta de cores e se concentra em formas lineares e bem contornadas. Nesse trabalho, as formas são planas, sem o sombreado tradicional. Os primeiros quadros da década de 1960 são feitos com formas geométricas simples e fechadas. Ianelli usa esse vocabulário para criar paisagens e retratos. Em 1961, a pintura torna-se francamente abstrata. No entanto, as cores ralas e a pincelada suave são trocadas por manchas espessas de tinta e cores escuras. Três anos mais tarde, ganha o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM). Passa de 1965 a 1967 na Europa. Nesse período, o artista insere linhas e outros grafismos em sua pintura, as formas vão se tornando mais regulares e contornadas, as manchas são suavizadas.

Em 1973, Ianelli radicaliza o processo de estruturação de suas telas e parte para a abstração geométrica. Divide a tela em formas regulares e busca uma relação rítmica entre elas. As pinturas guardam semelhanças com alguns trabalhos do concretismo. No mesmo ano, inicia séries de pintura, como Transparências e Superposições, em que trabalha com retângulos sobrepostos, com colorido discreto e vibrante. Em 1974, começa a realizar obra tridimensional. Como em suas pinturas, sobrepõe retângulos em planos diferentes de uma superfície contínua.

A partir de 1983, o artista relaciona essas formas geométricas com zonas de cor menos lineares. As manchas passam a escapar do contorno. Em alguns trabalhos, somem as linhas que separam uma cor da outra e as manchas regulares de tinta são sobrepostas às formas retangulares, as passagens de cor se tornam mais tonais. Durante a década de 1980, alterna essas pinturas mais informais a outras em que relaciona as manchas com retângulos.

Em 1995, Ianelli volta à escultura. Realiza volumes brancos enxutos e bem definidos de mármore. Ao mesmo tempo, sua pintura caminha para a simplificação. Em trabalhos feitos entre 1999 e 2000, chamados Vibrações, reduz o número de cores e de manchas na pintura. A aplicação da tinta é suave, como se fosse borrifada na tela. As obras têm semelhanças com o trabalho de artistas norte-americanos, como Mark Rothko e Jules Olitski.

Obras 124

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Reprodução fotográfica Horst Merkel

Abstração

Óleo sobre tela
Reprodução fotográfica João L. Musa

Abstrato Azul

Óleo sobre tela
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Arvoredo

Óleo sobre tela
Reprodução fotográfica Horst Merkel

Bairro Fabril

Óleo sobre tela

Exposições 424

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Mídias (1)

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Arcângelo Ianelli - Enciclopédia Itaú Cultural
A observação da natureza, de suas cores e texturas foi uma prática importante na formação de Arcângelo Ianelli. “Em grupos de artistas, tomávamos o bonde na praça da Sé e íamos aos arredores de São Paulo”, conta ele. “Então, a gente observava na natureza, por exemplo, o verde. Mas o verde tem tantas nuances, tantas diferenças de um para outro [tom]”, completa. Em sua fase figurativa, além de observar a cor, Ianelli se vale de uma importante lição do pintor ngelo Simeone, que defende ser mais importante a interpretação do pintor no quadro do que a reprodução fiel da cena ou do objeto retratado. Ao aderir ao abstracionismo, Ianelli experimenta primeiro uma fase ligada à matéria e, em seguida, dedica-se cada vez mais à pesquisa da cor e de suas vibrações. Em seu processo de criação, as pinturas têm origem em um estudo. “É como um escritor fazendo anotações do que ele está vendo para depois iniciar o texto”.

Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)

Fontes de pesquisa 20

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • ALMEIDA, Paulo Mendes de. Ianelli:do figurativo ao abstrato. Apresentação Aracy Amaral; texto Aracy Amaral; Juan Acha; Marc Berkowitz; Jacob Klintowitz. São Paulo: [s. n. ], 1978.
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • AYALA, Walmir. Dicion?rio de pintores brasileiros. 2.ed. rev. Curitiba: UFPR, 1997.
  • BRAZILIANART Book II. São Paulo: Jardim Contemporâneo, [2001].
  • IANELLI, Arcangelo. Ianelli. Tradução Izabel Murat Burbridge. São Paulo: Galeria de Arte São Paulo, 1987.
  • IANELLI, Arcangelo. Ianelli: 40 anos de pintura. Rio de Janeiro: MAM, 1984.
  • IANELLI, Arcangelo. Ianelli: do figurativo ao abstrato. São Paulo: MAM,1978.
  • KLINTOWITZ, Jacob. A Cor na arte brasileira: 27 artistas representativos. São Paulo: Volkswagen do Brasil, 1982.
  • LEIRNER, Sheila. Arte como medida: críticas selecionadas. São Paulo: Perspectiva, 1982.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • LOUZADA, Maria Alice do Amaral, LOUZADA, Júlio. Artes plásticas Brasil 1996: seu mercado, seus leilões. São Paulo: Júlio Louzada, 1996.
  • LOUZADA, Maria Alice do Amaral, LOUZADA, Júlio. Artes plásticas Brasil 1999. São Paulo: Júlio Louzada, 1999.
  • LOUZADA, Maria Alice do Amaral. Artes Plásticas Brasil 2000. São Paulo: Júlio Louzada, 1999. v. 12.
  • LOUZADA, Maria Alice do Amaral. Artes Plásticas Brasil 2002. São Paulo: Júlio Louzada, 2002. v. 13.
  • MORAIS, Frederico. Ianelli: forma e cor. Prefácio Juan Acha. São Paulo: Artestilo, 1984.
  • PONTUAL, Roberto. Arte/ Brasil/ hoje: 50 anos depois. São Paulo: Collectio, 1973.
  • PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.

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