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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Eva Furnari

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 18.10.2024
15.11.1948 Itália / Lazio / Roma
Eva Furnari (Roma, Itália, 1948). Autora de histórias infantis, ilustradora, professora, arquiteta. A produção de Eva Furnari – em especial os desenhos – é referência no campo da literatura brasileira voltada para crianças.

Texto

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Eva Furnari (Roma, Itália, 1948). Autora de histórias infantis, ilustradora, professora, arquiteta. A produção de Eva Furnari – em especial os desenhos – é referência no campo da literatura brasileira voltada para crianças.

Muda-se para São Paulo com a família em 1950, aos 2 anos de idade. Desde criança é atraída por imagens. Frutos dessa afinidade e de sua formação, seus desenhos são exibidos pela primeira vez em 1971, em mostra individual realizada na Associação dos Amigos do Museu de Arte Moderna (AAMAM). Forma-se em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP) e participa de diversas exposições de desenhos e pinturas. Participa da idealização e da montagem do Ateliê Permanente do Museu Lasar Segall, onde trabalha entre 1976 e 1979.

Publica seus trabalhos em livro em 1980, na coleção Peixe Vivo, narrativas visuais para crianças não alfabetizadas (pré-leitoras). Em Todo dia (1980), primeiro título da coleção, direcionado para crianças de 2 a 4 anos, cada par de páginas apresenta uma situação familiar, como a sensação de fome ("Ai, que fome!") ou a chegada da avó à casa ("Olha quem chegou"), sempre em quadros não narrativos. Em Cabra-cega (1980), destinado à crianças de 3 a 5 anos, quadros compõem a sequência narrativa. Embora o texto se limite às legendas, as composições apresentadas em pares de páginas, como os de "As almofadas" ou "A rasteira", apresentam elaboração literária que descreve brincadeiras realizadas pelas personagens.

Ainda na década de 1980, inicia colaboração como ilustradora para diversas publicações, entre elas, o jornal Folha de S.Paulo, em cujo suplemento infantil publica histórias da personagem Bruxinha. As obras que apresentam essa personagem são frequentemente jocosas e efetuam jogos com as limitações do suporte livro, explorando, por exemplo, os limites da página. É o caso de Bruxinha 2, em que um cachorro escala o topo do quadro e fica de ponta-cabeça para o leitor, ou se livra de uma nuvem chuvosa que o persegue fazendo-a se chocar contra a margem direita. Em A bruxinha encantadora e seu secreto admirador, Gregório (1983) o procedimento metalinguístico é ainda desenvolvido: o protagonista Gregório "assiste" às histórias da Bruxinha, por quem se apaixona, ao mesmo tempo em que tenta estabelecer contato com Eva, a autora, por meio de recados escritos, para que ela os apresente para Bruxinha.

Nós (1999), em que há equilíbrio entre texto e ilustração, tem como protagonista Mel, garota "sempre rodeada de borboletas". Por causa da zombaria dos colegas, a personagem ganha nós por todo o seu corpo. A exploração do chiste fica evidente quando, diante da solidão, Mel desenvolve um nó na garganta. Ao se apaixonar por um semelhante, a garota fica livre do sofrimento.

Situação análoga é retratada em Felpo Filva (2006), em que um coelho poeta vence seu pessimismo após conhecer Charlô, que critica seus poemas. Nesse livro, além de retornar ao tema do respeito pelas diferenças (Felpo tem uma orelha mais curta que a outra), a autora novamente joga com os limites do gênero. Aqui há diferentes tipos de texto – autobiografia, carta, manual, receitas, provérbios e fábulas –, outro traço característico das obras da autora.

Alguns dos títulos da artista são adaptados para o teatro, como A bruxa Zelda, Os 80 docinhos e Truks, que ganha o Prêmio Mambembe em 1994. Em 2000, desenvolve a caracterização dos personagens de Sítio do Picapau Amarelo, criação de Monteiro Lobato (1882-1948), refilmada pela Rede Globo de Televisão. Em 2002, a artista é escolhida para ilustrar a reedição de seis livros infantis de Érico Veríssimo (1905-1975).

A obra de Eva Furnari, composta por cerca de 60 títulos, concentra-se inicialmente no desenho e, aos poucos, se abre para a presença do texto para, em seguida, atingir o equilíbrio entre imagem e palavra. Com produção vasta e potente, o trabalho da artista no campo da literatura infantil brasileira marca uma série de gerações.

Obras 2

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Espetáculos 1

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Exposições 7

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Mídias (1)

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Eva Furnari - Enciclopédia Itaú Cultural
Autora e ilustradora de livros, Eva Furnari integra uma geração que começou a fazer literatura para crianças na década de 1970 e viveu o crescimento do gênero nos anos 80. “Foi um grupo muito especial que amadureceu e, hoje, a produção de livros infantis é muito mais desenvolvida do que há 15, 20 anos”, acredita. A escritora chama a atenção para uma leva de autores que começou a produzir no início do século 21, cujo trabalho com ilustração se caracteriza pelo uso do computador. “É um instrumento novo e também uma maneira diferente de ilustrar”, diz ela, que os compara aos criadores de desenhos animados. Eva destaca, no entanto, a necessidade de a criatividade desses jovens vir acompanhada de “estruturação”. “Mas isso vem com a maturidade. Falta construir uma boa história, um bom enredo, fazer uma ilustração que esteja amarrada ao texto. Mas as coisas positivas ainda são mais presentes do que as negativas.”

Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)

Fontes de pesquisa 9

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  • ARROYO, Leonardo. Literatura infantil brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1988.
  • BREVES, Tereza. O livro-de-imagem: um (pre)texto para contar histórias. Imperatriz, MA: Breves Palavras, 2000.
  • COELHO, Nelly N. Dicionário Crítico da Literatura Infantil e Juvenil Brasileira: Séculos XIX e XX. São Paulo: EDUSP, 4ª ed., 1995.
  • COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. 7 ed. São Paulo: Moderna, 2002.
  • COELHO, Nelly Novaes. Panorama Histórico da Literatura Infantil/Juvenil: das origens indo-europeias do Brasil contemporâneo. São Paulo: Ática, 1991.
  • FUNARI, Eva. Eva Furnari: literatura infantojuvenil. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 1999. (Série O escritor por ele mesmo).
  • GÓES, Lúcia Pimentel. Introdução à literatura infantil e juvenil. São Paulo: Thomson Pioneira, 1991.
  • GÓES, Lúcia Pimentel. O olhar de descoberta. São Paulo: Mercuryo, 1996.
  • LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil Brasileira. História & Histórias. 3a ed. São Paulo: Ática, 1984.

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