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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Cláudio Heemann

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 04.06.2019
1930 Brasil / Rio Grande do Sul / Porto Alegre
1999 Brasil / Rio Grande do Sul / Porto Alegre
Ayrton Cláudio Heemann (Porto Alegre RS 1930 - idem 1999). Crítico teatral, ator, diretor e pesquisador. Entre o fim da década de 1970 e o início dos anos 1990, é um dos críticos teatrais mais importantes na imprensa sul-rio-grandense.

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Biografia
Ayrton Cláudio Heemann (Porto Alegre RS 1930 - idem 1999). Crítico teatral, ator, diretor e pesquisador. Entre o fim da década de 1970 e o início dos anos 1990, é um dos críticos teatrais mais importantes na imprensa sul-rio-grandense.

Inicia a carreira no Teatro do Estudante, companhia que exerce importante papel na evolução das artes cênicas no Rio Grande do Sul, a partir da década de 1940. Entre os atores do Teatro do Estudante que alcançam projeção nacional estão José Lewgoy e Walmor Chagas. No grupo, Heemann exerce a função de ator e de produtor em A Verdade de Cada um, de Luigi Pirandello, e A Corda, de Patrick Hamilton, ambas montadas no ano de 1953, e dirige um recital com poemas de Fernando Pessoa, em 1954. Também, nesse período, assume o cargo de diretor da companhia e escreve para os jornais Hoje e A Hora, colaborando com críticas teatrais e cinematográficas, até o fim da década de 1950.

É um dos fundadores do Clube de Teatro da Federação dos Estudantes da Universidade do Rio Grande do Sul. A instituição surge em 1955, com uma encenação de Nossa Cidade, de Thornton Wilder, sob a direção de Carlos Murtinho, em que Heemann participa como ator. No programa da peça, ele comenta: "Se nosso trabalho tiver uma parcela de responsabilidade na conscientização teatral de nossa plateia, teremos atingido o nosso fim".1 No ano seguinte, com a mesma companhia, integra o elenco da montagem de Seis Personagens à Procura de um Autor, de Pirandello.

Passa a fazer parte do Teatro Universitário, ao lado de nomes como Amélia Bittencourt, Antônio Abujamra e Linneu Dias. Com eles, atua nas peças O Macaco da Vizinha, de Joaquim Manuel de Macedo, e A Cantora Careca, de Eugène Ionesco.

Ao mesmo tempo participa do grupo que luta pela criação de um curso de arte dramática em Porto Alegre. Em  entrevista, ele relembra esse período: "Nessa época esteve aqui um grande mestre italiano, Ruggero Jacobbi (...). Ruggero Jacobbi veio fazer essas conferências na Faculdade de Filosofia em 1957, e foi fundamental para a criação do curso de arte dramática. A universidade ficou deslumbrada com ele, pois era um homem não só de grande cultura como de uma inteligência fabulosa (...). Enfim, em 1958, é criado o Curso de Arte Dramática da Universidade do Rio Grande do Sul, com aula inaugural pronunciada por seu primeiro diretor, Ruggero Jacobbi. Fui da primeira turma e tive a sorte de ser aluno dele".2 Além de arte dramática, Heemann faz o curso de psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.

Atua, sob a direção de Linneu Dias, na peça A Bilha Quebrada, de Kleist, em 1961, na qual divide a cena com Lilian Lemmertz e Yetta Moreira. O trabalho nessa montagem lhe confere a medalha de ouro de melhor ator brasileiro no 4º Festival Nacional de Teatros de Estudantes, organizado por Paschoal Carlos Magno, em Porto Alegre. Em seguida, passa por um período de estudos de interpretação teatral na École D'Art Drammatique Charles Dullin, na França, e na Yale University, nos Estados Unidos. No exterior, atua em peças como The Voyage, de George Scheadé, e Urfaust, de Goethe.

Em seu retorno a Porto Alegre, trabalha por um curto período no Curso de Arte Dramática - CAD da UFRGS, dando aulas de interpretação teatral. E exerce a função de ator e diretor em produções da cidade, como Paris 1900, de George Feydeau; Aululária, de Plauto; O Pedido de Casamento, de Anton Tchekhov; George Dandin, de Molière; Ensiqlopédia ou Seis Mezes de Huma Enfermidade, de Qorpo-Santo; e uma nova montagem de A Bilha Quebrada. Dirige três óperas no ano de 1967: Trovador e Aída, ambas de Giuseppe Verdi, e Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni. Volta a escrever sobre cinema e teatro, de forma esporádica, para os  jornais Correio do Povo, Diário de Notícias e Zero Hora.

Em 1978, atua ao lado de Elizabeth Hartmann no espetáculo Reencontro, com direção de Luiz Arthur Nunes, que marca a inauguração do Teatro Renascença. No mesmo ano, torna-se crítico teatral do Zero Hora, atividade que exerce de forma ininterrupta até 1992. Escreve críticas sobre o teatro gaúcho e também avalia as produções estrangeiras e dos outros estados do Brasil que chegam até a cidade. Sobre esse período da sua carreira, diz: "Montagens locais e estrangeiras, profissionais e amadoras, experimentais ou recreativas, exitosas ou fracassadas, são vistas como provas da vitalidade e escopo do palco gaúcho, uma expressão cultural que desde os primórdios da história de Porto Alegre esteve presente na vida da comunidade".3

Organiza as edições das peças dos dramaturgos gaúchos Simões Lopes Neto e Joaquim Alves Torres, além de participar de diversos júris de teatro, como os do Festival de Teatro de Canela e os troféus Açorianos e Tibicuera, que premiam os melhores espetáculos de teatro adulto e infantil de Porto Alegre.

Na década de 1990, é nomeado assessor cultural da Casa de Cultura Mario Quintana. Em 1998 recebe uma comenda da Ordem do Mérito do Serviço Público do Estado do Rio Grande do Sul.

Nessa época, Heemann começa a pesquisar e a escrever a história do teatro no Rio Grande do Sul, pesquisa que não chega a concluir.

Sobre a atividade como crítico teatral, o ator Paulo Autran diz: "Conheci Cláudio Heemann quando ele era apenas um amador, apaixonado por teatro. Vinha sempre conversar comigo após os espetáculos e eu já admirava sua cultura e discernimento teatral. Ficamos amigos. Que alegria chegar uma ocasião a POA e saber que ele tinha assumido a coluna de crítica de um jornal de prestígio. Era o homem certo no lugar certo. Um crítico que entendia de teatro, e coisa mais rara: um crítico que gostava de teatro".4


Notas

1. PEIXOTO, Fernando. Um teatro fora do eixo. São Paulo: Hucitec, 1993. p. 53.

2. FISCHER, Luís Augusto; WASILEWSKI, Luís Francisco. Cláudio Heemann e o teatro em Porto Alegre. Jornal da UFRGS, jan. 2000.

3. HEEMANN, Cláudio. Doze anos na primeira fila. Porto Alegre: Editora Alcance, 2007. p. 22.

4. Idem, p. 30.

Espetáculos 22

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Fontes de pesquisa 1

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  • CESAR, Guilhermino. "Teatro declamado no século XX", In: Teatro São Pedro na vida cultural do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Departamento de Assuntos Culturais da SEC, 1975.FISCHER, Luís Augusto. WASILEWSKI, Luís Francisco. Cláudio Heemann e o teatro em Porto Alegre. Jornal da UFRGS. Janeiro de 2000.HEEMANN, Cláudio. Doze anos na primeira fila. Porto Alegre: Editora Alcance, 2007.PEIXOTO, Fernando. Um teatro fora do eixo. Hucitec: São Paulo. 1993.

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