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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Bosco Brasil

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 09.12.2022
27.03.1960 Brasil / São Paulo / Sorocaba
Bosco José Lopes Rebello da Fonseca Brasil (Sorocaba SP 1960). Autor. Integrado ao movimento de renovação dramatúrgica dos anos 1990, privilegia os temas da juventude e suas contradições.

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Biografia
Bosco José Lopes Rebello da Fonseca Brasil (Sorocaba SP 1960). Autor. Integrado ao movimento de renovação dramatúrgica dos anos 1990, privilegia os temas da juventude e suas contradições.

Formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), Bosco tem uma bem-sucedida estréia em 1994 com Budro, direção de Emílio Di Biasi, onde enfoca a vida da juventude classe média na São Paulo do final do milênio. Arrebata os prêmios Shell e Molière de melhor autor.

Funda o Teatro de Câmara de São Paulo, na Praça Roosevelt, juntamente com Ariela Goldmann, Jairo Mattos, Lavinia Panunzio e Luis Fruguli. Inspirado no Teatro de Câmara de Estocolmo, fundado por Strindberg, ambiciona criar uma companhia onde a direção sirva mais como um "guarda de trânsito" da criação artística dos integrantes do grupo, à maneira dos grupos de música de câmara. O repertório é dedicado integralmente à dramaturgia contemporânea. Em 1995, estréia o novo espaço como autor e diretor de Atos e Omissões, texto em que contextualiza a discussão da juventude na periferia, debruçando-se sobre personagens das camadas excluídas da sociedade. Aqui o tratamento é de comédia, embora a encenação se revele algo pesada e distante da comicidade.

Em 1996, é a vez de Qualquer Um de Nós subir à cena, novamente encenado pelo próprio autor. O Teatro de Câmara apresenta, ainda, Balada de um Homem Ridículo, de Vadin Niktin, inspirado em Dostoievski, e o Homem da Flor na Boca, de Pirandello, com Cacá Carvalho, artista convidado, encerrando o histórico deste espaço. Em 1998, Os Coveiros, mais uma comédia, encontra em Hugo Possolo um diretor ajustado a seus climas leves e brincalhões. O Acidente, escrito em 1995, é dirigido por Ariela Goldmann, em 2000, afirmando as virtudes do jovem autor e seus temas preferenciais: a discussão de seu tempo e sua geração.

Em 2001, um texto curto entusiasma público e crítica: Novas Diretrizes em Tempos de Paz, apresentada num ciclo de nova dramaturgia promovido pelo Ágora, Centro para o Desenvolvimento Teatral. Através da delicadeza da encenação de Ariela Goldmann, a obra revela sua terna magia e complexa rede de intenções deflagradas entre um imigrante polonês e o agente policial que faz a triagem na imigração. Com esta montagem, ganha o prêmios Shell e APCA de melhor autor em 2002. Escrito no mesmo ano, Blitz, também sob o formato de texto curto para a Mostra de Dramaturgia Contemporânea, empreendida por Renato Borghi, contrapõe um soldado e sua mulher, num momento de exasperação de suas vidas. Medo de Chuva, também encenado em 2002, é dirigido por Marco Antonio Rodrigues.

No comentário crítico de Valmir Santos, percebemos a teatralidade de Bosco no premiado texto Novas Diretrizes em Tempos de Paz: "Clausewitz (Dan Stulbach) desembarca de um navio cargueiro. Horrorizado com os crimes de guerra na Polônia, ele quer abraçar uma nova profissão, a de agricultor, e esquecer os dez anos de atuação no teatro. Atrás da mesa, Segismundo (Jairo Mattos), um torturador da polícia política do governo, obviamente não tem tato para lidar com estrangeiros. O cruzamento das lembranças de um (que teve familiares e amigos brutalmente assassinados) e de outro (que espancou sob as ordens do chefe), pêndulo de frieza e sensatez, expõe máscaras humanas e teatrais. Segismundo vê contradições no depoimento do homem que se diz agricultor, mas não tem calos nas mãos; fala português do Brasil, mas nunca pisou no país. Contudo, deixa-se envolver. Provoca Clausewitz com a aposta de que só permitirá sua entrada se o fizer chorar, por meio de algum relato, nos dez minutos que restam para o navio voltar. A partir de então, dá-se um jogo de convencimento do outro, busca e negação de identidades. Segismundo abre o jogo sobre o trabalho sujo de torturador. O polonês, para afastar a suspeita de espião nazista, lança mão do teatro, especialmente da idéia barroca do grande teatro do mundo, como descreve Calderón de la Barca, e leva o interlocutor aos prantos quando 'interpreta' uma das passagens do clássico A Vida É Sonho, no qual o protagonista, não por acaso, chama-se Segismundo".1

Notas
1. SANTOS, Valmir. Peça vê terror histórico e pessoal da guerra. Folha de S.Paulo, São Paulo, 5 dez. 2001. Ilustrada, p. E-5.

Espetáculos 20

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Fontes de pesquisa 7

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  • ANUÁRIO de teatro 1994. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 1996. R792.0981 A636t 1994
  • FERNANDES, Sílvia. A violência do novo. Bravo, São Paulo, p. 134-139, dez. 2001.
  • Programa do Espetáculo - Cheiro de Chuva - 2008. Não Catalogado
  • Programa do Espetáculo - O Acidente - 2000. Não Catalogado
  • QUAGLIA, Geraldine. O Acidente espelha amor platônico. Folha de S.Paulo, São Paulo, 17 abr. 2000. Acontece, Especial, p. 1.
  • SANTOS, Valmir. Peça vê terror histórico e pessoal da guerra. Folha de S.Paulo, São Paulo, 5 dez. 2001. Ilustrada, p. E-5.
  • SÁ, Nelson de. Diversidade: um guia para o teatro nos anos 90. São Paulo: Hucitec, 1998.

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