Marco Antonio Rodrigues
Texto
Biografia
Marco Antonio Rodrigues (Santos, São Paulo, 1955). Diretor. Artista identificado com um teatro de cunho popular e brechtiano, um dos fundadores do grupo Folias d´Arte e do teatro Galpão do Folias.
Após se formar em psicologia em Santos, onde se inicia no teatro amador, estréia profissionalmente em São Paulo com a direção de O Menino Maluquinho, infantil de Ziraldo, em 1984; de quem encena, nos anos subseqüentes, O Menino Mais Bonito do Mundo e O Pequeno Planeta Perdido.
Em 1988, põe em cena História de Dois Amores, baseado em Carlos Drummond de Andrade. Como professor e encenador no Teatro Escola Célia Helena, conduz uma série de espetáculos didáticos bem-sucedidos, com destaque para Boca de Ouro e Rasto Atrás, em 1991; Os Últimos Dias de Solidão de Robinson Crusoe, de Jérôme Savary, em 1992; Senhora dos Afogados, em 1998; Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago, em 2002.
Em 1991, ganha o Prêmio Molière na categoria especial de melhor direção por Enq, o Gnomo, de Marcos de Abreu.
No teatro adulto ganha destaque com a encenação de Um Uísque para o Rei Saul, de César Vieira (1931), em 1993, seguida, no ano posterior, de Ressuscita-me, de Rodolfo Santana. Com Verás Que Tudo é Mentira, obra de Théophile Gauthier adaptada por Reinaldo Maia, alcança expressivos resultados que chamam a atenção da crítica.
Em 1996, obtém adesão de público e boa repercussão, e recebe o Prêmio Mambembe de direção com a montagem de Cantos Peregrinos, obra musical de José Antônio de Souza que une personagens bíblicos num bem-humorado tom farsesco. Sua encenação para a obra de Plínio Marcos (1935 - 1999) O Assassinato do Anão do Caralho Grande alcança sucesso e notoriedade, e também o Prêmio Mambembe de melhor direção, em 1997.
Em 1998 funda, com outros artistas, o grupo Folias d'Arte, um novo ponto de referência na geografia cultural da cidade, com a aberta intenção de um teatro popular de matriz brechtiana. A primeira montagem é Folias Fellinianas, uma colagem de textos de Reinado Maia. Em 1999, obtém sucesso junto ao público jovem com Missa Leiga, texto de Chico de Assis (1942).
Com o grupo Folias encena, em 2000, o musical Surabaya Johnny, um cabaré lítero-musical em torno das canções extraídas da obra de Bertolt Brecht.
Em 2001, está à frente de uma realização cheia de méritos: o texto de Michael Frayn Copenhagen, árdua discussão entre dois físicos nucleares às vésperas do encerramento da Segunda Guerra Mundial, quando se prepara a explosão da bomba atômica. No mesmo ano, novamente com o Folias, encena Babilônia, de Reinaldo Maia, enfocando a vida dos despossuídos nas regiões periféricas do planeta. Em 2002, dirige o ator Francarlos Reis no espetáculo-solo À Putanesca, reunião de textos curtos de jovens dramaturgos paulistas.
Na avaliação da crítica Mariangela Alves de Lima (1947) sobre Copenhagen: "O espetáculo é dirigido por Marco Antonio Rodrigues com a simplicidade e a energia de uma contenda de idéias. Não há quase atrativos de outra ordem e pode-se dizer que a única liberdade cênica do espetáculo consiste em estilizar e poetizar a declaração de amor que a personagem Werner Heisenberg faz à sua terra natal. Mais do que um nacionalista, Heinsenberg professa um afeto nativista pelo lugar onde nasceu. É a única concessão do espetáculo ao sentimentalismo e funciona bem porque permite entrever sob os argumentos o fundo irracional sobre os qual os regimes totalitários erigem o mito do nacionalismo. As interpretações de Oswaldo Mendes no papel de Niels Bohr e Carlos Palma (Werner Heisenberg) são pautadas por uma clareza de inspiração brechtiana. Dirigem-se ao público, articulam bem os argumentos, marcam as diferenças temporais e concentram a paixão sobre o mecanismo do debate e não sobre abstrações mensuráveis. Teatro de idéias, parte do Projeto Arte e Ciência no Palco, o espetáculo atinge o alvo porque abre uma discussão e não porque põe um ponto final no debate".1
Notas
1. LIMA, Mariangela Alves de. Responsabilidade moral da ciência em questão. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 1 jun. 2001. Caderno 2, p. 3.
Espetáculos 57
Fontes de pesquisa 14
- ANUÁRIO de teatro 1994. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 1996. R792.0981 A636t 1994
- BABILÔNIA. São Paulo: Folias d'Arte, 2001. 1 programa do espetáculo realizado de 11 out. a 16 dez. 2001 no Galpão do Folias. Não catalogado
- COMPANHIA TEATRAL AS GRAÇAS. Site oficial do grupo. Disponivel em e . Acessado em: 19 maio 2011. Espetáculo: Noite de Reis - 2006. Não catalogado
- EL DIA que me quieras. São Paulo: Folias D'Arte, 2005. 1 programa de espetáculo realizado no Galpão do Folias. Não catalogado
- LIMA, Mariangela Alves de. Responsabilidade moral da ciência em questão. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 1 jun. 2001. Caderno 2, p. 3.
- Programa do Espetáculo - A Coleira de Bóris - 2008. Não catalogado
- Programa do Espetáculo - Blasted - 2004. Não catalogado
- Programa do Espetáculo - Copenhagen - 2001. Não Catalogado
- Programa do Espetáculo - Ensaio sobre a Cegueira - 2002. Não Catalogado
- Programa do Espetáculo - O Assassinato do Anão do Caralho Grande - 1998. Não Catalogado
- Programa do Espetáculo - Os Azeredo Mais os Benevides - 2000. Não Catalogado
- RODRIGUES, Marco Antonio. Currículo enviado pelo artista.
- SANTOS, Valmir. Peça inspira discussão fora do palco. Folha de S.Paulo, São Paulo, 9 abr. 2001. Ilustrada, p. E4.
- ______. Copenhagen exibe semideuses humanos. Folha de S.Paulo, São Paulo, 6 abr. 2001. Ilustrada, p. E12.
Como citar
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MARCO Antonio Rodrigues.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa350894/marco-antonio-rodrigues. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7