Celso Renato
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Sem Título
Celso Renato
80,00 cm x 72,00 cm
Texto
Biografia
Celso Renato de Lima (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1919 - Belo Horizonte, Minas Gerais, 1992). Pintor. Ainda criança, transfere-se com a família para Belo Horizonte, Minas Gerais. Recebe alguns ensinamentos de pintura de seu pai, o também pintor Renato de Lima (1893-1978). Forma-se em direito pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, em 1944; trabalha como representante de empresas de produtos químicos e, de 1965 a cerca de 1985, como advogado da Telecomunicações de Minas Gerais S. A. - Telemig. Paralelamente, dedica-se à carreira artística e passa a expor suas obras a partir de 1962. Desde a década de 1970, realiza pinturas-assemblages com base em madeiras recolhidas em obras de construção civil. Nos fragmentos selecionados das madeiras, cria, com o uso de poucas cores, composições abstrato-geométricas orientadas pelas marcas neles existentes.
Análise
Celso Renato desempenha importante papel no âmbito da arte mineira de meados dos anos 1970 até a data de sua morte. Ao lado de Amilcar de Castro (1920-2002), é considerado um dos mais singulares artistas em diálogo com a tradição construtiva em Minas Gerais. De formação relativamente autodidata - recebe alguns ensinamentos do pai, o pintor Renato de Lima (1893 - 1978) -, Celso Renato inicia a carreira no começo dos anos 1960. Sua primeira produção é marcada pela influência da abstração informal. No entanto, são as pinturas abstrato-geométricas realizadas em pranchas de concretagem, tapumes e tábuas velhas de construção que conferem originalidade e importância ao trabalho desenvolvido por ele na arte brasileira.
Em 1967, Celso Renato vale-se pela primeira vez da madeira como suporte para pintura. No decorrer dos anos 1970 alterna a pintura sobre tela, de teor expressionista abstrato de cores sombrias, com obras sobre madeira. Pouco a pouco, as manchas e os grafismos gestuais dão lugar a registros formais geométricos que despontam como índice de outra concepção espacial. Nos anos 1980, dedica-se exclusivamente ao trabalho sobre madeira de cunho construtivo, que lhe proporciona um convite para integrar a 17ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1983.
A singularidade de suas pinturas-assemblages sobre madeira encontra-se no uso criativo dos formatos e texturas do material aliado a uma intervenção enxuta, restrita ao uso de linhas e formas geométricas, e das cores branca, vermelha e preta. Em suas mãos, a madeira velha torna-se mediadora de novos significados. Em geral, Celso Renato coleta o material em canteiros de obras, faz a limpeza das superfícies, retirando os detritos (pregos, cimento etc) desnecessários à composição. Muitas vezes, as intervenções com tinta à óleo são mínimas, procurando realçar os acidentes (frestas, rachaduras, vincos), formato e textura da madeira. Nesse sentido, o trabalho sobressai pela capacidade de transformar o suporte em elemento eminentemente plástico.
Como observaram diversos críticos, a pintura de Celso Renato alia-se a uma espécie de "geometria sensível", que se desenvolve no Brasil a partir dos anos 1950 como uma vertente da arte abstrata geométrica. Sem o caráter racionalista e projetivo da arte concreta, alguns artistas se utilizam de forma intuitiva da geometria como componente estruturador do espaço pictórico. O crítico de arte Luiz Camillo Osório nota que a partir dos anos 1970 há no trabalho de Celso Renato uma vontade de enfrentar a cidade, presente na obra como "destroço, resultado de uma apropriação caótica de materiais pobres que aos poucos vão se ordenando e conquistando uma geometria irregular". Importante salientar que nesses trabalhos uma aproximação ao universo da arte popular, principalmente ao decorativismo geométrico da arte indígena e africana.
Apesar de relativamente desconhecido no resto do país, Celso Renato é referência para alguns artistas mineiros contemporâneos. Figura em diversas exposições ao lado de artistas como Marco Tulio Resende (1950), Marcos Coelho Benjamim (1952), Manfredo de Souzanetto (1947) e outros. Suas pinturas-assemblages com restos de madeira - nas quais matéria e intuição construtiva atingem um equilíbrio expressivo -, a influência que desempenharam na constituição de uma linguagem contemporânea em Minas Gerais e como exemplares de um desdobramento singular da arte construtiva no Brasil, aguardam mais atenção dos historiadores da arte brasileira.
Obras 12
Exposições 86
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1962 - 1962
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1963 - 1963
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1964 - 1964
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1964 - 1964
Fontes de pesquisa 21
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- BIENAL BRASIL SÉCULO XX, 1994, São Paulo, SP. Bienal Brasil Século XX: catálogo. Curadoria Nelson Aguilar, José Roberto Teixeira Leite, Annateresa Fabris, Tadeu Chiarelli, Maria Alice Milliet, Walter Zanini, Cacilda Teixeira da Costa, Agnaldo Farias. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1994. Disponível em: https://issuu.com/bienal/docs/name049464.
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- BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO, 7., 1963, São Paulo, SP. VII Bienal de São Paulo: catálogo. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1963. Disponível em: https://issuu.com/bienal/docs/name58cfb4.
- CAMINHOS da liberdade: bicentenário da Inconfidência Mineira e centenário da República - exposição de artes plásticas. Belo Horizonte: Secretaria de Estado da Cultura, 1989. , il. color.
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- CONSTRUÇÃO selvagem. Belo Horizonte: Grande Galeria do Palácio das Artes, 1990. il. color.
- DESTAQUES da arte contemporânea brasileira. São Paulo: MAM, 1985.
- DEZ artistas mineiros. São Paulo: MAC/USP, 1984.
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- HISTÓRIA de uma coleção: arte brasileira entre os anos 1960 e 1980 no acervo do Banco JPMorganChase. Curadoria Luiz Camillo Osorio; texto Luiz Camillo Osorio; versão em inglês Carolyn Brisset. Rio de Janeiro, 2003. 236 p., il. p&b color.
- MANFREDO de Souzanetto, Amilcar de Castro, Marcos Coelho Benjamim e Celso Renato. Tradução Maurício Fernandes. Rio de Janeiro: MAM, 1993.
- NEMER, José Alberto. ícones da utopia. Belo Horizonte: Fundação Palácio das Artes, 1992.
- RENAULT, Claudia (coord.). Celso Renato de Lima. Texto Márcio Sampaio; curadoria Marília Razuk. São Paulo: Marília Razuk Galeria de Arte, 2003. [20] p., il. color.
- RIBEIRO, Marília Andrés (org.); SILVA, Fernando Pedro da (org.). Um século de história das artes plásticas em Belo Horizonte. Belo Horizonte: C/Arte, 1997. (Centenário).
- SALÃO GLOBAL DE INVERNO, 8. , 1981, Belo Horizonte, MG. 8º Salão Global de Inverno. Minas / Arte atual. Belo Horizonte: Rede Globo, 1981.
- ZANINI, Walter. Itaugaleria expõe Celso Renato. Guia das Artes, São Paulo: Casa Editorial Paulista, v.4, n.19, p.47-49, 1990.
Como citar
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CELSO Renato.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa10777/celso-renato. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7