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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

José Oiticica Filho

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 30.01.2024
1906 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
1964 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução fotográfica Iara Venanzi/Itaú Cultural

Estudo com Cálices, 1950
José Oiticica Filho
Gelatina e prata sobre papel

José Oiticica Filho (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1906 – Idem, 1964). Fotógrafo, pintor, entomologista, professor. O artista é uma das principais figuras da moderna fotografia brasileira.

Texto

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José Oiticica Filho (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1906 – Idem, 1964). Fotógrafo, pintor, entomologista, professor. O artista é uma das principais figuras da moderna fotografia brasileira.

É filho do pensador anarquista e filólogo José Oiticica (1882-1957). Forma-se na Escola Nacional de Engenharia, em 1930, no Rio de Janeiro. Entre 1928 e 1962, leciona matemática nos colégios Jacobina, Pedro II, na Faculdade Nacional de Medicina e no Colégio Universitário. 

Atua como entomólogo especializado no Museu Nacional da Universidade do Brasil de 1943 a 1964. Com o uso da microfotografia no estudo de insetos, interessa-se pelas possibilidades artísticas da fotografia. 

Também no princípio dos anos 1940, participa de várias associações de fotoclubismo e se torna um fotógrafo de renome, expondo no Brasil e no exterior. Passa a fazer montagens fotográficas, com o objetivo de criar novos efeitos em suas fotos. 

Em O túnel (1951), parte de duas diferentes fotografias: dos trilhos de bonde de uma rua e a foto recortada de uma floresta. Os fragmentos são montados sobre um fundo totalmente negro. Neste caso, a montagem simula o realismo: a obra parece, à primeira vista, uma imagem captada do real. A preocupação com a geometrização pode ser notada em Triângulos semelhantes e em Um que passa (ambas de 1953), nas quais explora a incidência de luz e as sombras de edifícios.

Em Composição óbvia (ca.1955), marco em seu trabalho, o artista retoca inteiramente a foto, realçando-lhe as formas geométricas. Como nota a estudiosa sobre fotografia Helouise Costa (1960), o artista, ao iniciar as pesquisas no campo da abstração, passa a negar a possibilidade de criação com o aparelho fotográfico e valoriza o papel do trabalho técnico em laboratório para a obtenção da expressão artística. Experimenta vários processos para atingir a abstração.

Oiticica Filho procura obter imagens não figurativas, com base em processos como o fotograma, que consiste na exposição direta de objetos ao papel fotossensível. Esse processo transforma objetos de uso cotidiano em imagens misteriosas. As fotografias de José Oiticica Filho mantêm, assim, diálogo com obras de fotógrafos estadunidenses como Man Ray (1890-1976). A preocupação com as questões relacionadas à luz e à superfície também guarda afinidades com as experiências no campo da fotografia realizadas pelo artista húngaro László Moholy-Nagy (1895-1946). Para o crítico Paulo Herkenhoff (1949), no trabalho desses artistas "rompe-se a separação entre a pintura e a fotografia para se afirmar um campo comum das artes visuais ou plásticas"1.

Em 1955, produz Paredes de Ouro Preto, série de fotografias de detalhes ou ampliações de muros, nas quais se percebem as marcas do tempo sobre as construções. O artista passa então a elaborar superfícies para fotografar a abstração. Trata a cópia fotográfica como superfície: prepara a composição a ser fotografada e produz sucessivas transparências em negativo e positivo. O artista explora, desse modo, as inúmeras possibilidades de criação a partir das cópias fotográficas. Obtém imagens que são formas em expansão e apresentam grande dinamismo, nomeando-as Recriações. Recriação 38 A/64 (1964), por exemplo, apresenta pinceladas largas, em vários sentidos, fotografadas em alto contraste. Nessa obra, o autor explora as texturas das pinceladas, a sugestão de dinamismo e a energia do gesto.

Algumas Recriações são concebidas como fotografias construtivas, como Recriação 1-5 (1959). Na opinião de Herkenhoff, existe um diálogo entre algumas Recriações fotográficas de José Oiticica e obras como Metaesquemas, de Hélio Oiticica (1937-1980), seu filho mais novo. Para o crítico, em ambos existe um módulo padrão que é desdobrado de maneiras diversas: nas dimensões ou na direção. Guardam também em comum o caráter gráfico, com as oposições entre formas de cores claras e fundo escuro ou vice-versa. 

Em sua trajetória como fotógrafo desenvolve trabalhos utilitários, que são as microfotografias realizadas para documentar seu trabalho de pesquisador; passa pelos fotoclubes, que congregavam fotógrafos em torno de discussão sobre técnica e estética da fotografia; realiza fotografias abstratas e adere ao construtivismo, aprofundando a crítica ao figurativo e experimentando novas possibilidades no processo em laboratório, onde recria a imagem fixada pela câmera.

José Oiticica Junior é um dos mais influentes membros do movimento fotoclubístico no país, integra o Foto Clube Brasileiro e a Associação Brasileira de Arte Fotográfica, no Rio de Janeiro, e o Foto Cine Clube Bandeirante, em São Paulo. Participa de exposições em diversos países, recebe premiações e é incluído na lista dos melhores fotógrafos do mundo, elaborada pela Fédération Internationale d'Art Photographique. 

Nota

1. HERKENHOFF, Paulo. A trajetória: da fotografia acadêmica ao projeto construtivo. In: José Oiticica Filho – A ruptura da fotografia nos anos 50. Rio de Janeiro: Funarte, 1983, p. 17.

Obras 4

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Reprodução fotográfica Iara Venanzi/Itaú Cultural

Estudo com Cálices

Gelatina e prata sobre papel
Reprodução fotográfica Edouard Fraipont/Itaú Cultural

O Túnel

Pigmento sobre papel fotográfico e algodão
Reprodução fotográfica Iara Venanzi/Itaú Cultural

Ouropretense

Fotografia, gelatina e prata sobre papel
Reprodução fotográfica Iara Venanzi/Itaú Cultural

Recriação 14-1

Fotograma gelatina e prata sobre papel

Exposições 135

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Exposições virtuais 1

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Fontes de pesquisa 4

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • COSTA, Helouise, RODRIGUES, Renato. A fotografia moderna no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ, 1995.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • OITICICA FILHO, José. A Ruptura da fotografia nos anos 50. Rio de Janeiro: Funarte, 1983. 97 p., il. p&b.

Como citar

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