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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Sandra Cinto

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 05.11.2024
1968 Brasil / São Paulo / Santo André
Registro fotográfico André Seiti/Itaú Cultural

Sandra Cinto, 2020

Sandra Regina Cinto (Santo André, São Paulo, 1968). Desenhista, pintora, escultora, gravadora e professora. Faz do desenho o fio condutor de sua obra, mas transita entre diferentes modalidades de produção artística, como a instalação e a escultura. Em muitos de seus trabalhos, os espectadores adentram espaços que estimulam a reflexão sobre o amb...

Texto

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Sandra Regina Cinto (Santo André, São Paulo, 1968). Desenhista, pintora, escultora, gravadora e professora. Faz do desenho o fio condutor de sua obra, mas transita entre diferentes modalidades de produção artística, como a instalação e a escultura. Em muitos de seus trabalhos, os espectadores adentram espaços que estimulam a reflexão sobre o ambiente ao redor e como ele é ocupado.

Forma-se em educação artística nas Faculdades Integradas Teresa d'Ávila (Fatea), em Santo André, São Paulo, em 1990. No ano seguinte, expõe no Laboratório de Estudos e Criação da Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_). Em 1992, realiza suas duas primeiras exposições individuais, no Centro Cultural São Paulo (CCSP), em São Paulo, e na Galeria Espaço Alternativo, no Rio de Janeiro.

Para os críticos Raphaela Platow e Adriano Pedrosa (1965), o desenho é a linguagem essencial de Sandra Cinto, que trabalha também com a pintura, a escultura e a instalação. Usado como rascunho em seus primeiros trabalhos, como Retábulo (1995), no qual pinta nuvens em superfícies de madeira, o desenho torna-se, em obras posteriores, forma final. Como ilustradora, faz seu primeiro trabalho em 1996, para a Folha de S.Paulo.

No ano de 1997, recebe o Prêmio Aquisição no Salão de Arte Contemporânea Victor Meirelles e participa da Feira Internacional de Arte Contemporânea, em Madri. A partir de 1998, leciona desenho de expressão na Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) e coordena, com o artista Albano Afonso (1964), o grupo de estudos do Ateliê Fidalga, em São Paulo.

Como artista residente, fica por seis meses na Cité des Arts, em Paris, no ano 2000. Cinco anos depois, recebe o prêmio residência da Civitella Foundation, em Umbertide, Itália. Desde 1990, faz diversas exposições coletivas e individuais, como Mam na Oca (2006), Construção (2006) e A Imitação da Água (2010).

As dimensões das paisagens se alteram entre as obras de Sandra. Nuvens pintadas em suportes de pequeno e médio porte são substituídas por grandes céus noturnos e mares agitados, feitos com caneta esferográfica nas paredes de museus e galerias, como ocorre na obra Encontro das Águas (2013). Os desenhos são minuciosos e exigem o uso de diferentes canetas, além de um tempo longo de produção.

Há também nas obras uma função arquitetônica: os desenhos convidam o público a imergir na paisagem, remetendo ao sublime e a imagens da natureza que geram sensações de vertigem e medo. Os murais se contrapõem ao ambiente, gerando paisagens oníricas em meio ao espaço urbano. A crítica Angélica de Moraes (1949), para quem a obra de Sandra lembra criações do pintor Guignard (1896-1962), vê nos trabalhos dela a evocação de um “universo do sonho e da utopia”. 

Com os desenhos, Sandra expõe fotografias, cavalos de madeira, camas e outros itens. Esses objetos constituem um ambiente imaginativo, além de funcionarem como suportes para os desenhos, que cumprem o papel de “tecido conectivo entre os elementos”. O traço da artista, delicado e simples, revela influência do desenho japonês. Em 2011, ela confirma essa influência nipônica em um projeto para o Sesc Santo André, denominado Céu e mar para presente (Japonismo). Nele, aplica azulejos serigrafados às paredes que ficam ao redor de uma piscina. Para além das questões visuais, a filosofia se faz presente, por meio do zen, do vazio e da necessidade de valorizar o tempo.

Livros são outros elementos constantes nas obras de Sandra Cinto, mas, na maioria das vezes, aparecem fechados e como parte das instalações. Um exemplo disso é a obra En Silencio II (2014), na qual um escritório evoca o vazio do espaço criativo enfrentado pelo trabalhador. Empilhados sobre uma mesa, os livros se tornam suportes para um violoncelo, cercados por partituras inacabadas. No mesmo ano, a artista cria Partitura, instalação que exibe pela primeira vez livros abertos.

Como ocorre na obra En Silencio II, a ausência da figura humana é marcante na produção da artista. Segundo ela, o fator humano é contemplado pela presença dos espectadores e sua ocupação do espaço expositivo, em convergência com a obra.

Em 2017, Sandra cria a instalação imersiva Biblioteca do Amor [Library of Love], no Contemporary Arts Center (CAC), em Cincinnati, Estados Unidos. O projeto coletivo leva ao público cerca de 200 livros-objetos, frutos da reflexão de artistas, consagrados e iniciantes, que pensam o amor em suas diferentes manifestações, considerando também sua ausência. O projeto se realiza em uma sala de leitura, na qual biblioteca e instalação artística convergem na chamada Sala de Contemplação.

O espaço na área de convivência do CAC é criado com o objetivo de ampliar a reflexão. Configura-se como uma ação coletiva de observar as relações humanas propostas pelos livros dos artistas, em um ambiente de trânsito constante.

Ao criar contraposições entre as obras e o ambiente que as cerca, Sandra gera atmosferas de sonho e utopia. Os desenhos e instalações levam o público a espaços de meditação e reflexão sobre a ordem do tempo e das relações ao seu redor.

Obras 11

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Reprodução fotográfica Ricardo Amado/Itaú Cultural

Noites de Esperança

Tinta acrílica e caneta permanente sobre mdf
Foto de Edouard Fraipont/Itaú Cultural

O Dueto

Grafite e caneta permanente sobre compensado naval e violinos

Exposições 224

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Mídias (2)

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Sandra Cinto - Enciclopédia Itaú Cultural
Sandra Cinto se inicia nas artes pintando e desenhando paisagens oníricas em telas pequenas nas quais o céu é o destaque. Essa característica se transforma após ela realizar um workshop com o artista Nelson Leirner. “Ele dizia: ‘O seu céu não é um ceuzinho de ‘primeira comunhão’. Você está querendo falar do sagrado da arte! A hora em que você ampliar a pintura e o espectador tiver uma relação corporal com seu trabalho, tudo vai mudar’. E tudo mudou mesmo”, lembra. Após essa experiência, o entorno e o espaço “onde tudo cabe” passam a ter maior relevância em suas obras, realizadas em grandes formatos e em instalações. Cinto se interessa pelo “olhar através”, no qual o público é provocado a explorar o literal e o figurado em cenários nos quais ela mescla telas e brinquedos, por exemplo. “Os brinquedos nos ajudam no jogo da fantasia”, acredita ela, que compõe ambientes com cavalos de madeira, camas e outros itens.

Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
O universo poético da obra de Sandra Cinto e a Biblioteca do Amor – Espaço do Professor

Fontes de pesquisa 30

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  • 2 x 365 = 4: Albano Afonso, Elias Muradi, Rogério Martins e Sandra Cinto. São Paulo: Fundação Mokiti Okada M.O.A., 1993.
  • ANTARCTICA ARTES COM A FOLHA (1996 : São Paulo, SP). Antarctica Artes com a Folha. Curadoria Stella Teixeira de Barros et al. São Paulo, SP: Cosac Naify, 1998.
  • ARTES visuais 1992-1993: exposiçoes IBAC / FUNARTE. Rio de Janeiro: IBAC : Funarte, 1993.
  • BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO, 24. , 1998, São Paulo, SP. Um e/entre outros/s. Curadoria Paulo Herkenhoff, Adriano Pedrosa. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1998.
  • BRASIL Reflexão 97 - A Arte Contemporânea da Gravura. Curadoria Uiara Bartira; tradução Alberto de Paula Santos; apresentação Cassio Taniguchi, Margarita Pericás Sansone, Nilza K. Procopiak; texto Uiara Bartira, Maria Alice Milliet. Curitiba : Fundação Cultural de Curitiba, 1997. [98] p. il. p.b. color.
  • CANETTI. Patricia. Sandra Cinto lança Library of Love na Triângulo, em São Paulo. Canal Contemporâneo. 12 dez. 2018. Disponível em: http://www.canalcontemporaneo.art.br/blog/archives/008778.html. Acesso em: 27 fev. 2020
  • CANTON, Katia. Novíssima arte brasileira: um guia de tendências. São Paulo: Iluminuras, 2001.
  • CASA TRIÂNGULO (SÃO PAULO, SP), TREVISAN, Ricardo (coord.). Amanhã, hoje: a Casa Triângulo de 1988 a 1995. Curadoria Maria Izabel Branco Ribeiro; texto Tadeu Chiarelli. São Paulo, 1995. 63 p.:il. p.b. color.
  • CASA TRIÂNGULO (SÃO PAULO, SP). Arco'99. São Paulo: Casa Triângulo, 1999. 8 lâms. il. color.
  • CHIARELLI, Tadeu (Org.). Sandra Cinto e Mônica Nador. São Paulo: Arte Wyeth, [2001?]. (Arte Contemporânea: atelier do artista).
  • CHIARELLI, Tadeu. O drama de Sandra Cinto. In: CINTO, Sandra. Sandra Cinto. Versão em inglês Izabel Murat Burbridge. São Paulo: Casa Triângulo, 2002.
  • CINTO, Sandra. Sandra Cinto. Recife: MAMAM, 2003.
  • CINTO, Sandra. Sandra Cinto. São Paulo: Casa Triângulo, 1994.
  • CINTO, Sandra. Sandra Cinto. Tradução Stephen Berg. São Paulo: Casa Triângulo, 1998.
  • EIXO curatorial 98 : catálogo impresso. São Paulo: Itaú Cultural, 1998. [59] p. : il. color. anexo cd-rom.
  • EXTRA-LARGE extra-small. Rio de Janeiro: Espaço Cultural dos Correios, 1999.
  • Folha de São Paulo, São Paulo, 29 de set. 1998.
  • HIRSZMAN, Maria. Sandra Cinto: a arte como instrumento de reflexão. Jornal da Tarde, São Paulo, 15 de jan. 1998. SPVariedades, p. 8C.
  • IKREK. Partitura. Disponível em: http://www.ikrek.com.br/partitura/. Acesso em: 27 fev. 2020
  • IMAGEM não Virtual. Curadoria Sérgio Romagnolo; apresentação Sérgio Romagnolo. São Paulo: Casa Triângulo, 1994. folha dobrada, il. color.
  • INTERVALOS: evento paralelo à documenta de Kassel. Curadoria Vitória Daniela Bousso; tradução Izabel Murat Burbridge. São Paulo: Paço das Artes, 1997.
  • INVENTÁRIO do Presente. Curitiba: Casa da Imagem, [1999 ]. [16] p., il. color.
  • ITAÚ CULTURAL (org.). Sandra Cinto: das ideias na cabeça aos olhos no céu. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. 1 publicação. Disponível em: https://issuu.com/itaucultural/docs/sandra_cinto_-_publica__o.
  • LOBACHEFF, Georgia (Coord.); BOFFA, Marcelo (Coord.). Sob Medida : a figura na fotografia contemporânea. São Paulo: Espaço Porto Seguro de fotografia, 1999. 80 p., il. p&b color.
  • MORAES, Angélica de. Sobre a arte de cultivar asas. In: CINTO, Sandra. Construção/Construction. Santiago de Compostela: Dardo, s.d., 2006.
  • PLATOW, Raphaela. Desenhando a liberdade. In: CINTO, Sandra. Construção/Construction. Textos de, Adriano Pedrosa et. el. Santiago de Compostela: Dardo, ds, 2006.
  • RAZÃO e mistério. Tradução Antonia Maria Coelho. Santo André: Paço Municipal, 1993.
  • SALÃO NACIONAL VICTOR MEIRELLES, 5., 1997, Florianópolis, SC. 5º Salão Nacional Victor Meirelles. Curadoria Charles Narloch. Florianópolis: MASC, 1997.
  • SETE artistas emergentes. Curadoria Tamara Habib Saré. Belém: Secult, 1997.
  • TREVISAN, Ricardo (Coord.). Amanhã, hoje: a Casa Triângulo de 1988 a 1995. São Paulo: Casa Triângulo, 1995. 63 p., il. p&b color.

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