Ivani Santana
Texto
Ivani Lúcia Oliveira de Santana (São Paulo, São Paulo, 1967). Artista. Gradua-se em Educação Física em 1990, pela Escola de Educação Física de Santo André, SP. Em 2000, conclui mestrado em comunicação e semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), onde também realiza seus estudos de doutorado, com conclusão em 2003. Entre 2012 e 2013, realiza estágio pós-doutorado no Sonic Arts Research Centre, Queen's University of Belfast, Reino Unido.
Ivani Santana começa sua relação com a dança moderna aos 9 anos. Aos 12, entra para a Escola Municipal de Bailado, em São Paulo. Aos 18, trabalha com com a bailarina Célia Gouveia (1949) no projeto a Identidade da Dança Nacional, em 1989 e 1990, patrocinado pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Depois de se graduar em educação física no ano 2000, inicia a atuação em performance, dança e mídias digitais, trabalhando com pesquisas e produções em dança telemática. Este trabalho conduz a artista ao mestrado em comunicação e semiótica, espaço de discussão sobre mídias interativas. Em 2003, finaliza o doutorado no mesmo programa e transfere-se de São Paulo para Salvador, ingressando na Universidade Federal da Bahia (Ufba), como professora e pesquisadora vinculada à Escola de Dança. Em 2004, funda o grupo de pesquisa Poéticas Tecnológicas, responsável por uma série de projetos. Entre eles, a plataforma Mapa D2: Mapa e Programa de Artes em Dança (e Performance) Digital, voltada para países de línguas portuguesa e espanhola. Em 2009, a artista transfere-se para o Instituto de Humanidades Artes e Ciências Professor Milton Santos (Ufba).
Em arte e tecnologia, participa de apresentação no Monaco Dance Forum, em 2006, pela qual recebe o Prêmio Unesco para a promoção das Artes, e da Residência Artística no Centre Chorégraphique National Pavillon Noir, em Aix-en-Provance, França, com direção artística do coreógrafo Angelin Preljocaj (1957).
Dentre seus trabalhos, destacam-se ambientes cênicos interativos, videodança e dança telemática. No primeiro caso, pode-se citar Corpo Aberto (2001), fruto do mestrado e selecionado para o Rumos Dança Itaú Cultural. Em videodança, destaque para Pele (2002) e em, dança telemática, Versus (2005), realizado entre 3 cidades brasileiras. Há também as ciberperformances realizadas com a The Asia Pacific Advanced Network (APAN), nas quais participam países da Europa e Ásia, entre 2012 e 2013, durante estágio pós-doutorado no Sonic Arts Research Centre.
Análise
A obra de Ivani Santana é marcada pela incorporação da telemática à dança, como ambiente poético. Esse processo tem início em 2001, quando realiza residência, como artista convidada, no Environments Lab (The Ohio State University, Estados Unidos), sob a coordenação do diretor artístico Johannes Birringer. Sua produção artística interessa-se pelo modo como os corpos se relacionam na dança em ambientes telemáticos. Essa relação pode ser entre parceiros dançarinos, ou na configuração de sons que definem a dança. Vincula-se a equipes que realizam performances e espetáculos de dança, articulados em rede em pontos geográficos distintos.
Explorando tais possibilidades, a artista apresenta Versus, dança telemática, em que dançarinos em Salvador e Brasília interagem com músicos em João Pessoa. Versus é um trabalho para Internet, utilizando o espaço telemático como poético.
Em 2006, participa do Monaco Dance Forum e conquista o prêmio que impulsiona sua carreira internacional. Com a premiação, faz residência no Centre Chorégraphique National e, ao final do período, apresenta a coreografia Le Moi, le Cristal et l'Euau (2007) no evento Second Nature, Arborescence et Territoires Electroniques, no Pavillon Noir, Aix-en-Provance, França.
A própria estrutura colaborativa é a base da construção poética, com o uso de webconferências. É assim em In(Toque), de 2008, projeto da artista realizado entre Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Natal, classificado como dança telemática. Projeções de streaming de vídeos permitem que os dançarinos vejam-se e dancem juntos, em coreografia definida pelo grupo. Essa possibilidade gera movimentos diferenciados, como o de um dançarino que se apresenta projetado nas costas de outro.
Em Ellipses (2013), que conta com colaboração da equipe de Tom Beyer, da New York Univerisity, duas dançarinas localizadas em continentes distintos – uma em Nova Iorque e outra em Belfast – interagem criando uma composição colaborativa com o designer sonoro Robin Renwick e o compositor Graham Booth, que também assinam o trabalho. A obra abre o Sonorities Festival of Contemporary Music, Soundscape and Beyond, no Reino Unido, aproximando as conformações do trabalho colaborativo em redes telemáticas.
As criações de Ivani Santana questionam a presença e a distância, o corpo e a tecnologia, o natural e o que ele cria, as bases da experiência corpórea, a partir da dança e da performance. O lugar e a extensão do corpo, seu campo de atuação e possibilidade de alcance formam a base de seu processo poético, que explora o contato, a colaboração e a articulação de corpos em construções conjuntas.
Em paralelo à produção artística, Ivani Santana mantém pesquisas acadêmicas, com várias publicações, incluindo os livros Corpo Aberto: Cunningham, Dança e Novas Tecnologias (2002), e Dança na Cultura Digital (2006). No exterior, publica artigos como “Ambiguous Zones: The Intertwining of Dance and World in the Technological Era” (2006), publicado no International Journal of Performance Arts and Digital Media, da Inglaterra, e “Emergencies in Digital Culture” (2009), publicado em Londres.
Espetáculos 1
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23/10/1997 - 26/10/1997
Exposições 1
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 6
- Ivani Santana. Currículo Lattes. Disponível em: < http://lattes.cnpq.br/1331182190350647 >. Acesso em: jul. 2015.
- SANTANA, Ivani. Corpo Aberto. Cunningham, dança e novas tecnologias. São Paulo: Fapesp: Educ, 2002.
- SANTANA, Ivani. Dança na cultura digital. Salvador: Edufba, 2006.
- SANTANA, Ivani. Esqueçam as fronteiras! Videodança: ponto de convergência da dança na Cultura Digital (edição trilingue). In: CALDAS, Paulo; BRUM, Leonel (Orgs.). Dança em foco. Dança e Tecnologia. Rio de Janeiro: Instituto Telemar, 2006. v.1. p. 29-37
- SANTANA, Ivani. Novas configurações da Dança em processos distribuídos das Redes. Xanela Comunidad Tecnoéscenica. Mar. 2013. Disponível em: < http://xanela.koniclab.info/xnl-guia/novas-configuracoes-da-danca-em-processos-distribuidos-das-redes/ >. Acesso em: jul. 2015.
- WebTV UFBA. Especial TV UFBA - Ivani Santana e a Dança Telemática. Documentário disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=yNEE4nnliFU >. Acesso em: jul.2015.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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IVANI Santana.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa100204/ivani-santana. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7