Teatro Universitário UFMG
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O Teatro Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais (TU/UFMG) é uma escola de formação de atores de nível técnico, que desde sua fundação exerce um importante papel na preparação técnica e estética de várias gerações de artistas mineiros.
Com direção do professor italiano Vincenzo Spinelli, o TU inicia suas atividades em 1952, e tem como objetivos a formação do intérprete e a realização de espetáculos. De 1957 a 1960 o TU é dirigido pelo italiano Giustino Marzano, que imprime ao teatro mineiro padrões de produção muito elevados. A montagem de Crime na Catedral (1958), do dramaturgo americano T. S. Elliot (1888-1965), coloca a produção universitária mineira no mesmo nível do teatro profissional no Brasil, na época, e tem grande impacto na cidade, pelo requinte da encenação.
Em 1961, Haydée Bittencourt (1920-2014), formada no Royal Theater de Londres, assume a direção do TU. Haydée estrutura o curso de formação de atores, estabelecendo uma grade curricular que serve de modelo para o Ministério da Educação e Cultura (MEC) criar a resolução que estabelece as matérias básicas para os cursos profissionalizantes da área, na década de 1980.
Ao longo de 24 anos na instituição, Haydée contribui para definir os rumos da criação cênica em Belo Horizonte e em Minas Gerais. Em mais de 30 espetáculos que dirige no TU, forma várias gerações de atores, com técnica apurada e conhecimento aprofundado, consolidando o perfil do curso.
Em 1962, o dramaturgo Jota Dangelo (1932) é convidado a ministrar aulas de interpretação, e coloca em prática procedimentos baseados nas propostas do diretor russo Constantin Stanislavski (1863-1938).
O TU realiza montagens de peças importantes da dramaturgia nacional e internacional, como O Pagador de Promessas (1962), de Dias Gomes (1922-1999); Vestido de Noiva (1963), de Nelson Rodrigues (1912-1980); As Três Irmãs (1967), do russo Anton Tchekhov (1860-1904); Vereda da Salvação (1975), de Jorge Andrade (1922-1984).
A Trupe a Torto e a Direito, formada por alunos das faculdades de direito, psicologia e do TU, desde 1997, cria e apresenta peças teatrais e esquetes curtos com temáticas relacionadas a direitos humanos, com coordenação do professor Fernando Limoeiro.
Haydée cerca-se de profissionais de renome para compor o corpo docente da escola, como Klauss Vianna (1928-1992), Francisco Pontes de Paula Lima, João Etienne Filho (1918-1997), e Carlos Leite (1914-1995).
O TU conta ainda com profissionais de reconhecida atuação no teatro mineiro, como Fernando Mencarelli, Maria Clara Lemos, além de diretores responsáveis pelas montagens de formatura como Kalluh Araújo (1961), Cida Falabella (1960), Bya Braga, João das Neves (1934-2018) e Paulo César Bicalho (1939).
Em 2007, é criada a Escola de Educação Básica e Profissional, unidade da UFMG que integra o Centro Pedagógico, o Colégio Técnico e o Teatro Universitário. Além de ser um curso de formação de atores de nível técnico, com reconhecimento do MEC, o TU passa a realizar atividades de pesquisa e extensão e parcerias com outras unidades da UFMG.
Pelo Centro de Extensão (Cenex), o TU oferece cursos e oficinas de iniciação e aprofundamento em diversas áreas, como interpretação teatral, teorias do teatro, arte educação. O Centro de Produção e Documentação do Teatro Universitário da UFMG (CPD/TU) atua nos setores de figurino, cenário, iluminação e acervos iconográficos (imagens fotográficas e audiovisuais), preservando a memória e o acervo da instituição, além de disponibilizá-lo para uso não apenas do corpo docente e discente, mas também do público.
O TU possui a Biblioteca Haydée Bittencourt, especializada em teatro, com uma coleção de 45 periódicos nacionais e internacionais, e mais de 5 mil títulos, graças a doações feitas pelas famílias dos professores Francisco Pontes e Etienne. Em 2009, o acervo da biblioteca é restaurado e aberto à consulta pública.
Os espetáculos de formatura do TU mantêm um caráter de investigação das formas de expressão cênicas, tanto do ponto de vista da atuação quanto da estrutura da encenação, da reflexão proposta, e da utilização de novos espaços. A escola privilegia a direção dos próprios professores e a integração do corpo docente no processo de montagem. Os atores formados pelo TU ocupam papel expressivo no contexto das produções locais, caracterizando-se pela visão crítica e a qualidade técnica de seus trabalhos.
Ex-alunos do TU formam um conjunto significativo de profissionais no teatro, no cinema e na televisão. Nomes como Jonas Bloch (1939), Neville de Almeida (1941), Alcione Araújo (1945-2012) e Gorete Milagres (1963), contribuem para delinear os rumos da criação teatral local e nacional.
Em 2009, o curso transfere sua sede de um casarão do bairro Santo Antônio, tombado pelo Patrimônio Histórico Municipal, para o campus da UFMG. Limoeiro, diretor do TU em 2009, aponta como metas do curso: "Dotar o ator de técnicas que ampliem sua expressividade, afinar o corpo e a voz, tornar sua inteligência e a imaginação abrangentes e prepará-lo conscientemente para o palco e para intervir no seu tempo".1
Com um grupo de professores renomados, que garantem qualidade técnica, o Teatro Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais tem papel fundamental na formação de atores e na cena cultural de Belo Horizonte desde sua criação.
Nota:
1. LIMOEIRO, Fernando. Não existe idade para o sonho. Texto comemorativo dos 50 anos do Teatro Universitário. Disponível em: http://cpdtu.blogspot.com/2009_04_01_archive.html. Acesso em: out. 2009.
Espetáculos 1
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Fontes de pesquisa 2
- LIMOEIRO, Fernando. Não Existe Idade para o Sonho. Texto comemorativo aos 50 anos do Teatro Universitário. Disponível em: [http://cpdtu.blogspot.com/2009_04_01_archive.html]. Acesso em: out. 2009
- TEATRO Universitário UFMG. Disponível em: http://www.coltec.ufmg.br/tu/#!/pagina/8/historico. Acesso em: 7 maio 2018.
Como citar
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TEATRO Universitário UFMG.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/instituicao637040/teatro-universitario-ufmg. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7