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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB)

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 02.07.2024
28.04.1939 Brasil / São Paulo / São Paulo
O Foto Cine Clube Bandeirante é criado oficialmente no dia 28 de abril de 1939, no salão do Edifício Martinelli, centro da cidade de São Paulo, por um grupo de fotógrafos e aficionados por fotografia. A origem do empreendimento está nas reuniões periódicas que o grupo realiza na Photo-Dominadora, loja de artigos fotográficos, na rua São Bento, d...

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O Foto Cine Clube Bandeirante é criado oficialmente no dia 28 de abril de 1939, no salão do Edifício Martinelli, centro da cidade de São Paulo, por um grupo de fotógrafos e aficionados por fotografia. A origem do empreendimento está nas reuniões periódicas que o grupo realiza na Photo-Dominadora, loja de artigos fotográficos, na rua São Bento, de propriedade de Antonio Gomes de Oliveira e Lourival Gomes Cordeiro, ambos praticantes dessa arte. O interesse pelo ofício e o empenho em promovê-lo e divulgá-lo estão na base da criação do "fotoclube". O nome escolhido refere-se à figura histórica e desbravadora do bandeirante, que, segundo eles, sintetiza a missão de desbravar uma modalidade artística ainda pouco explorada no Brasil.

A fundação da entidade deve ser compreendida no contexto do fotoclubismo em expansão no país nas primeiras décadas do século XX, que tenta tirar a fotografia do registro documental e a vê como uma forma de arte, em consonância com o trabalho de grupos renovadores internacionais. A criação de fotoclubes vem acompanhada da organização de Salões de Fotografia, que seguem o modelo dos salões de arte, com júris e premiações. As revistas especializadas, que começam a aparecer nesse período, têm importante papel de divulgação da fotografia artística, por exemplo, a Revista Photographica, criada em São Paulo em 1909, a primeira publicação nacional voltada para esse tema. Em São Paulo, a tentativa inicial de montagem de um clube fotográfico data de 1926, por ocasião da criação da Sociedade Paulista de Photographia, que se extingue em 1929, mas consegue editar uma revista, a Sombras e Luzes.

As atividades do Foto Clube Bandeirante têm início em 1939 com a organização de uma excursão fotográfica à cidade de Guararema, em São Paulo, e um concurso interno que seleciona os melhores trabalhos realizados durante a viagem. Em 1942 - após a crise deflagrada pelos efeitos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que impõem restrições à importação de material e equipamentos fotográficos -, organiza o 1º Salão Paulista de Arte Fotográfica, de âmbito nacional. O evento faz grande sucesso e exibe também fotografias de estrangeiros na seção Boa Vizinhança (fora do concurso). As trocas regulares com o exterior atestam a importância do Foto Clube Bandeirante em projetar o fotoamadorismo brasileiro no exterior.

Em 1945, é criado um Departamento de Cinema. Alterado o estatuto, altera-se a denominação da entidade - a partir de então Foto Cine Clube Bandeirante - e amplia-se a sede, que passa para a rua Avanhandava. Novas atividades têm lugar: cursos de fotografia e de cinema (entre os primeiros do país); promoção de festivais nacionais e internacionais de cinema amador; criação de um boletim informativo (em 1946) na revista Foto Cine; além de seminários e simpósios. O ano de 1950 é marcado pela 1ª Convenção Nacional de Arte Fotográfica, reunindo delegações de todos os fotoclubes em atividade, que resulta na fundação da Confederação Brasileira de Fotografia e Cinema, representante do Brasil na Fiap.

A tensão entre fotodocumentação e foto artística, que acompanha a história da fotografia no Brasil, se explicita claramente no movimento fotoclubista. À fotografia como documento, o movimento fotoclubista opõe a idéia de fotografia como ramo das belas-artes. No interior do Bandeirante, observa-se a experimentação de uma nova linguagem fotográfica, em trabalhos como os de José Yalenti (1895-1967), Eduardo Salvatore (1914) e Thomaz Farkas (1924). Os trabalhos de Farkas desse período permitem flagrar a preocupação com pesquisas formais, exploração de planos e texturas, além da escolha de ângulos inusitados, por exemplo em Escada ao Sol (1946).

A experimentação renovadora leva a uma progressiva simplificação de formas geométricas e acentuação de linhas vistas na chamada "fotografia arquitetônica" dos anos 1950 e nas fotos abstratas de Geraldo de Barros (1923-1998), que se notabiliza pelas cenas montadas, pelos recortes e desenhos sobre os negativos, evidente na mostra Fotoformas, realizada no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), em 1950. Algumas questões que inspiraram sua obra são retomadas por novas gerações de fotógrafos no interior da chamada Escola Paulista, como nos trabalhos de Anna Mariani (1935) e João Bizarro Nave Filho. O que não quer dizer que o filão figurativo tenha sido abandonado, atestam as produções de Dulce Carneiro, Claudio Puggliese e Eduardo Ayrosa. Os experimentos fotográficos dos anos 1950 e 1960 encontram expressão maior nas "recriações" de José Oiticica Filho (1906-1964), que alimenta as correntes abstracionistas e concretistas desenvolvidas com auxílio do movimento fotoclubista, em geral, e do Bandeirante, em particular.

A obtenção de uma sala especial dedicada à fotografia na 8ª Bienal Internacional de São Paulo é um dos índices do prestígio que ela assume como expressão artística no período. No cinema, o Foto Cine Clube Bandeirante revela nomes como Benedito Junqueira Duarte (1910-1995), Thomaz Farkas e Cezar Yasbeck.

Exposições 25

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Fontes de pesquisa 4

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  • BARDI, Pietro Maria. Em torno da fotografia no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1987. 137 p., il. p&b. color. (Arte e cultura, 10).
  • COELHO, Maria Beatriz. A construção da imagem da nação brasileira pela fotodocumentação, 1940-1999. 1999. 410p. Tese (Doutorado em Sociologia) Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo - FFLCH/USP, 1999.
  • COSTA, Helouise, RODRIGUES, Renato. A fotografia moderna no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ, 1995.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

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