Museu Casa de Portinari
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Histórico
O Museu Casa de Portinari, localizado no centro de Brodósqui, na região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, tem como sede a residência em que Candido Portinari (1903 - 1962) passa a infância e parte da juventude. Portinari mora na cidade até 1919, quando se muda para o Rio de Janeiro, e vai estudar no Liceu de Artes e Ofícios e na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. O pintor viaja freqüentemente para Brodósqui, onde sua família reside até 1958. O Museu Casa de Portinari é inaugurado em 1970, integrando a Rede de Museus da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e vinculado especificamente ao Departamento de Museus e Arquivos - Dema da referida secretaria.
O museu compreende a casa do artista e anexos edificados em épocas diferentes. Portinari realiza aí, ao longo de sua carreira, várias obras em pintura mural, empregando técnicas de afresco e têmpera nas paredes da casa e em uma capela de pequenas dimensões localizada nos jardins da residência - a "Capela da Nonna". A preservação dessas obras é assegurada pelo tombamento da residência pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo - Condephaat, em 1970. A casa passa por restauro e são realizadas algumas intervenções necessárias à sua conservação. Além da relevância artística dos murais que decoram a casa, a preservação da residência tem importância pelo valor histórico e social.
A coleção do museu é organizada em duas vertentes principais: a biográfica e a artística. Na coleção biográfica estão reunidos objetos de uso pessoal e profissional, como os do ateliê de Portinari, além de mobiliário e documentos que permitem a compreensão de sua trajetória artística e do contexto social da época. O museu conserva a estrutura e a organização da antiga residência, e os cômodos permanecem com os objetos pertencentes à família.
O acervo artístico é constituído por obras realizadas em pintura mural, predominantemente de temática religiosa, além de pinturas a têmpera e desenhos a lápis, nanquim e giz de cera sobre papel. A instituição utiliza uma abordagem temática para a exposição, com subdivisões como O Poeta, O Político e O Desenhista. São ressaltados assim aspectos menos conhecidos da biografia do artista, como sua candidatura pelo Partido Comunista Brasileiro - PCB, em 1945 e em 1947.
Entre as pinturas murais destacam-se São Jorge e o Dragão, 1943, Santo Antônio Falando aos Peixes, ca.1940 e São Francisco de Assis Pregando aos Pássaros, 1941, interessantes pela simplificação formal da paisagem, apenas indicada, e pela gama cromática reduzida. Em A Fuga para o Egito, ca.1937, Portinari evoca pintura de mesmo título do artista renascentista Fra Angelico (ca.1400 - 1455), pintada para o monastério de São Marcos, em Florença, em 1450, com abordagem naturalista e uma paisagem em cores suaves que se estende em perspectiva.
Na "Capela da Nonna", anexa à residência, construída para a avó de Portinari, que não podia mais ir à igreja, ele pinta, no verão de 1941, alguns santos de devoção da família, entre eles São Francisco de Assis, Santa Luzia, São Pedro e São João Batista. Retomando uma tradição presente na pintura do século XV, entre artistas flamengos e italianos, Portinari cria figuras sacras com a fisionomia de familiares e amigos, como em A Visitação, 1941, obra em que apresenta o encontro de duas personagens femininas, sem referência à história bíblica, com grande liberdade formal em relação ao tratamento tradicionalmente conferido ao tema. A cena que convencionalmente apresenta o encontro de Nossa Senhora e Santa Isabel, traz retratos de Olga Portinari Leão, irmã do artista, e Maria Portinari, sua esposa.
Em relação aos desenhos presentes no acervo do museu pode-se mencionar, entre outros, Praça de Brodósqui, ca.1933, com crianças e músicos em uma paisagem. Destacam-se também o Arcanjo, 1944, e o estudo para o retrato de Vera Velloso Borges, 1951. A instituição promove mostras temporárias sobre a produção do artista como Dezesseis Desenhos de Portinari, ocorrida em 1993, e Portinari: Suíte Copacabana Palace, em 1996.
Em frente ao Museu Casa de Portinari localiza-se a Igreja Santo Antônio, que tem no altar principal uma pintura representando o santo, em óleo sobre tela, realizada por Portinari em 1942. Além do acervo do museu, um conjunto representativo de pinturas sacras, datado de 1953, pode ser visto na Igreja Matriz de Bom Jesus da Cana Verde, em Batatais, no interior de São Paulo.
Exposições 2
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7/11/2024 - 1/12/2024
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 4
- ARTE Sacra: Portinari. Tradução Marina Cunha Brenner; texto Frei Bruno Palma. Rio de Janeiro: Alumbramento, 1982. 123 p., il. p&b., color.
- FABRIS, Annateresa. Cândido Portinari. São Paulo: Edusp, 1996. (Coleção Artistas Brasileiros, 4).
- Museu Casa de Portinari. Disponível em : [http://casadeportinari.com.br/principal.htm]. Acesso em: 10 nov 2006.
- Projeto Portinari. Disponível em: [http://www.portinari.org.br/ppsite/ppacervo/entidadesCompl.asp?notacao=1248;1&ind=132&NomeRS=rsEntidades&Modo=C]. Acesso em: 12 nov. 2006.
Como citar
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MUSEU Casa de Portinari.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/instituicao110753/museu-casa-de-portinari. Acesso em: 05 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7