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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Companhia Tragicômica Jaz-o-Coração

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Data/Local1977/1979 - Rio de Janeiro RJ

Texto

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Data/Local
1977/1979 - Rio de Janeiro RJ

Histórico
Estreando com uma adaptação de texto não teatral para, no espetáculo seguinte, se lançar à criação coletiva da dramaturgia, a Companhia Tragicômica Jaz-o-Coração é um ícone da geração que, no fim dos anos 1970, elege o ator e o diretor como autores, o grupo como princípio e a teatralidade como meta.

Jaz-o-Coração estreia em 1978 com uma adaptação do romance O Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto. Integrado por jovens atores - entre eles, Analu Prestes e Buza Ferraz, também diretor, além de Caique Botkay na música - apresenta-se em São Paulo, e a seguir, com maior sucesso, no Rio de Janeiro. A qualidade da adaptação e o vigor da linguagem autoral da encenação valem ao diretor Buza Ferraz o Prêmio Molière e projetam o grupo para a primeira linha dos criadores teatrais de sua geração. Em 1979, Mistério Bufo, resultado de oito meses de criação coletiva, a partir da obra homônima de Dario Fo, dá continuidade à pesquisa de linguagem cênica de tintas fortes e humor contundente iniciada com Policarpo. Os elementos da estética do grupo, que alia a encenação autoral ao trabalho coletivo da pesquisa dramatúrgica e da linguagem interpretativa, são levantados pelo crítico Yan Michalski na apreciação do espetáculo Mistério Bufo: "... uma determinada maneira de conceituar e utilizar o espaço, com vistas à criação de um clima visual terceiro-mundista; um papel importante atribuído aos figurinos, criados a partir de um ângulo fortemente crítico, e que apóiam decisivamente a adaptação sui generis à qual o Jaz-o-Coração submeteu o velho sistema coringa de Boal; um enquadramento muito peculiar da música dentro do espetáculo [...] e sobretudo uma empostação muito pessoal e coerente dos desempenhos, explorando as facilidades histriônicas típicas do ator brasileiro, aproveitando algumas conquistas formais do teatro tropicalista, injetando uma dose de malícia característica do teatro de revista, e equacionando um estilo de representar muito brasileiro, de forte apelo popular, no limite da chanchada, mas separado deste limite pelo extremo esmiuçamento gestual que confere a cada composição a dimensão de uma criação amadurecida, inventiva e livre dos chavões".1

Nesse mesmo texto, o crítico avalia o trabalho do grupo: "... o grupo Jaz-o-Coração está conseguindo desenvolver, com exemplar coerência, uma linguagem própria de espetáculo. Nos tempos recentes, creio que só o Teatro Ipanema, na época de Hoje É Dia de Rock e A China É Azul e, mais recentemente, o Asdrúbal Trouxe o Trombone souberam cristalizar uma soma de constantes estilísticas suficientemente orgânica e ampla para que se pudesse falar em estética própria, como agora já se pode falar a respeito do Jaz-o-Coração. Com efeito, o código que serviu de base para O Triste Fim de Policarpo Quaresma reaparece agora, só que enriquecido de novos recursos, mais assumido, levado mais perto das últimas consequências".2

Um ano depois de terminada a temporada de Mistério Bufo, a Companhia Tragicômica Jaz-o-Coração encerra suas atividades. O diretor Buza Ferraz dá sequência à proposta do grupo fundando, no ano seguinte, o grupo Pessoal do Cabaré.

Notas

1. MICHALSKI, Yan. Coração Bufo que bate forte. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11 set. 1979. Caderno B, p. 2.

2. Ibid.

Espetáculos 3

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Fontes de pesquisa 6

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  • JAZ - O - Coração. Rio de Janeiro: Cedoc / Funarte. Dossiê Grupo Artes Cênicas.
  • MAIELLO, Cristina. Chico: o próprio tempo vai parar para ouvir. Jornal da Tarde, São Paulo, 30 mar. 1988.
  • MICHALSKI, Yan. Coração Bufo que bate forte. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11 set. 1979. Caderno B, p. 2.
  • MISTÉRIO BUFO. Rio de Janeiro, 1979. 1 folder. Programa do espetáculo, apresentado em 1979.
  • O TRISTE fim de Policarpo Quaresma. Rio de Janeiro: CEDOC / Funarte. Dossiê Espetáculo Teatro Adulto.
  • ______. Grupo Jaz-o-Coração. In: ______. Pequena enciclopédia do teatro brasileiro contemporâneo. Rio de Janeiro, 1989. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq.

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