A Vida na Praça Roosevelt
Texto
Histórico
Segunda parte da trilogia iniciada por Transex, trata-se da versão brasileira que o grupo Os Satyros monta com base na peça Das Leben auf der Praça Roosevelt, da alemã Dea Loher, diretora do Thalia Theater, de Hamburgo, e parceira da companhia brasileira.
O texto original reúne algumas histórias de habitantes e freqüentadores da Praça Roosevelt, compiladas pela diretora alemã no Brasil. Essas variam do drama (um policial em coma, cujo filho morre e a mulher vive amargurada) à hiperviolência (o assassinato de homossexuais de modo hediondo). Na faixa intermediária desses temas, sobretudo a memória, procura criar um campo afetivo para a platéia, que se depara com invocações de humanismo vindas de um meio pouco conhecido. Há nuances nesse universo comumente visto como reduto de tráfico de drogas e sexo.
A crítica Mariângela Alves de Lima (1947) analisa o retrato da Praça Roosevelt que é composto pelo espetáculo: "É uma representação do entorno dos Satyros, mas certamente não uma contemplação do próprio umbigo. Pelo contrário, os materiais e situações que convergem para a cena podem referir-se a qualquer metrópole do planeta. Aqueles que perderam seu lugar no mundo do trabalho, pessoas segregadas em razão do comportamento sexual, bandidos e os desmoralizados mantenedores da lei são figuras que o conceito moderno de cidade exila sem afastar. Isola-se o indivíduo em meio à multidão. O movimento da peça é, por essa razão, duplo. Caracteriza o exílio social e econômico e a solidão extrema para, em seguida, representar as novas formas de agrupamento e auxílio mútuo construídas de modo original".1
Essa universalidade dos materiais a que a crítica se refere pode ser identificada na trilha (Ivam Cabral), no figurino (Fabiano Machado) e na maquete (Anne Cerruti). Rodolfo García Vázquez, Prêmio Shell 2005 de melhor diretor pela montagem, evita o tom realista em favor de uma poética da performance dos atores, da organização do espaço e das impressões visuais.
Notas
1. LIMA, Mariângela Alves de. Um recorte sensível do desamparo. O Estado de S. Paulo, São Paulo, Caderno 2, 30 set. 2005.
Ficha Técnica
Dea Loher
Tradução
Christine Röhrig
Adaptação
Rodolfo Garcia Vázquez
Direção
Rodolfo Garcia Vázquez
Direção (assistente)
Marta Baião
Cenografia
Lenise Pinheiro
Rodolfo Garcia Vázquez
Figurino
Fabiano Machado
Iluminação
Carlos Ebert
Trilha sonora
Ivam Cabral
Elenco
Alberto Guzik
Angela Barros
Cléo De Paris
Daniel Tavares
Fabiano Machado
Ivam Cabral
Laerte Késsimos
Nora Toledo
Phedra de Córdoba
Silvanah Santos
Soraya Aguillera
Soraya Saide
Tatiana Pacor
Waterloo Gregório
Fontes de pesquisa 2
- COELHO, Sérgio Salvia. Os Satyros consagram sua praça Roosevelt. Folha de S.Paulo, São Paulo, Ilustrada, 25 ago. 2005. p. 8.
- LIMA, Mariângela Alves de. Um recorte sensível do desamparo. O Estado de S. Paulo, São Paulo, Caderno 2, 30 set. 2005.
Como citar
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A Vida na Praça Roosevelt.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/evento458776/a-vida-na-praca-roosevelt. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7