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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Os Satyros

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 14.10.2024
1989 Brasil / São Paulo / São Paulo
O grupo é fundado em 1989 em São Paulo por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, a partir da montagem Sades ou Noites com os Professores Imorais, adaptação de textos do Marquês de Sade, que estréia em Curitiba, provocando polêmica e dividindo a crítica. A companhia assume a direção do Teatro Bela Vista, abandonado no bairro paulistano de mesmo n...

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O grupo é fundado em 1989 em São Paulo por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, a partir da montagem Sades ou Noites com os Professores Imorais, adaptação de textos do Marquês de Sade, que estréia em Curitiba, provocando polêmica e dividindo a crítica. A companhia assume a direção do Teatro Bela Vista, abandonado no bairro paulistano de mesmo nome.

À frente do Teatro Bela Vista, Os Satyros realizam diversas iniciativas culturais. Em maio de 1991, estréia A Proposta, inspirada em obra de Anton Tchekhov, fazendo uma crítica bem-humorada das tendências do teatro brasileiro do momento. Organiza o evento Folias Teatrais, em que o teatro fica aberto ininterruptamente durante 4 dias e 4 noites, recebendo artistas de várias partes do país.

Por ter integrantes do Paraná, a companhia, ainda que instalada em São Paulo, mantém contato estreito com a produção cultural paranaense, o que culmina na 1ª Mostra de Arte Paranaense em São Paulo, com o apoio do Teatro Guaíra, tendo mais de 50 artistas se apresentando durante 15 dias de atividade.

Com Saló, Salomé, também de 1991, de Rodolfo García Vázquez e Ivam Cabral, Os Satyros marcam presença e começam a definir uma linha própria de pesquisa. Por oito meses a sala tem lotação esgotada e o espetáculo é convidado para dois festivais: FITEI, do Porto, em Portugal, e o Festival Castillo de Niebla, Espanha, durante a EXPO de Sevilha.

Nasce assim a sede portuguesa do grupo. Instalados em Lisboa, Os Satyros produzem espetáculos e viajam por teatros na Europa, de Londres a Kiev. Em 1993 participam do Festival de Edimburgo, na Escócia, e do Festival de Avignon, na França. Em Londres, o grupo se apresenta no centro de teatro experimental Battersea Arts Centre.

Em 1994, implanta em Lisboa o Curso Livre de Interpretação para Teatro, voltado a formação de jovens atores em Portugal. Nesse período, Os Satyros produzem espetáculos de impacto como Sappho de Lesbos, de Ivam Cabral e Patrícia Aguille, e Valsa nº 6, primeira produção portuguesa do texto de Nelson Rodrigues. No mesmo ano recebem o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian para a montagem do espetáculo Os Cantos de Maldoror, inspirado na obra de Lautréamont.

A partir de 1994, voltam a trabalhar em Curitiba, desenvolvendo os projetos De Profundis, também de Ivam Cabral, e Quando Você Disse Que Me Amava, de Rodolfo García Vázquez.

Em 1996, o grupo trabalha intensamente entre Brasil e Portugal. Em Curitiba monta Prometeu Agrilhoado, inspirado em texto homônimo de Ésquilo, por Rodolfo García Vázquez, utilizando recursos multimídia, primeira parte da Trilogia Grécia Virtual, completados por Electra, em 1997, e Medea, em 1998, ambos livres adaptações da obra de Sófocles e Eurípides. Em Lisboa, realiza Woyzeck, de Georg Büchner, apresentado-se no Teatro da Trindade, e Hamlet-Machine, de Heiner Müller, no Museu da Cidade de Lisboa.

Em 1997, além da trilogia, a Companhia apresenta Killer Disney, de Philip Ridley, ambas no Teatro Guaíra. Em Lisboa, encena Divinas Palavras, de Ramón del Valle-Inclán, no Museu da Eletricidade, além do programa radiofônico Os Cantos de Portugal.

Em 1998 o grupo encena Urfaust, baseado em Goethe, por Rodolfo García Vázquez. No mesmo ano, realiza Maldoror - cuja trilha sonora é composta por Steven Severin, fundador da banda Siouxsie and the Banshees - e Medea, a partir do mito grego.

Medea apresenta-se no Teatro Glória, no Rio de Janeiro; e Os Cantos de Maldoror participa da mostra paralela do Festival de Teatro de Curitiba, além de cumprir temporada em São Paulo. Em 1999 produz, em Curitiba, A Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente; Coriolano, de William Shakespeare; e A Mais Forte, de August Strindberg e Schiller.

Em 2000 estréia em Curitiba o espetáculo A Dança da Morte, de August Strindberg, e Retábulo da Avareza, Luxúria e Morte, de Ramón del Valle-Inclán. O grupo assume a direção artística do projeto Instant Acts Against Violence and Racism, patrocinado pela instituição alemã Interkunst. No mesmo ano excursiona pela Europa com o espetáculo 50 Years Difference, com depoimentos de sobreviventes da Segunda Guerra Mundial, em uma produção da Interkunst.

A inauguração do Espaço dos Satyros em São Paulo ocorre em dezembro de 2000. O ano de 2001 inicia-se com a montagem de Quinhentas Vozes, de Zeca Corrêa Leite, dirigido por Rodolfo García Vázquez. Em agosto, o grupo apresenta em Curitiba Sappho de Lesbos e Romeu e Julieta, reapresentados, no final do ano, em São Paulo.

Em 2002 a companhia traz à cena paulistana De Profundis, texto de Ivam Cabral e direção de Rodolfo García Vázquez, baseado em Oscar Wilde, e Kaspar, de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez.

O jornalista Cristian Cancino, que já trabalhou com o grupo observa: "Resistência e tempo são palavras caras à ideologia-arte promulgada pelos Satyros em seus quase 15 anos de atuação. O grupo inicia sua trajetória com o maldito Marquês de Sade e não abandona os autores profanos, seguindo com Sappho, Lautréamont e Oscar Wilde - seus trabalhos iniciais quebravam a tradição do palco italiano/burguês e eram apresentados em lugares destinados a funções que não eram do teatro. Alia a essa estética de resistência - que no cinema faria seu paralelo com Pasolini - uma ampla pesquisa nos procedimentos do emblemático Vsévolod Meyerhold, desenvolvendo o que viria a chamar de Teatro Veloz, um conjunto de técnicas de interpretação que visam resgatar o tempo ritualista e a 'suspensão do tempo-vale-ouro capitalista' para o ator".1  

Notas

1. CANCINO, Cristian. Depoimento elaborado para a Enciclopédia sobre o trabalho de Os Satyros. São Paulo, nov. 2002.

Espetáculos 54

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Mídias (1)

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Vestido de Noiva, 2008
Trecho da releitura da peça "Vestido de Noiva" de Nelson Rodrigues encenada pela trupe teatral "Os Satyros" em apresentação no Itaú Cultural em fevereiro de 2008.

Fontes de pesquisa 2

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  • OS SATYROS. Curriculum da Companhia. Arquivos particulares. São Paulo 2001.
  • VIANNA, Luiz Fernando. A claridade das alcovas. O Globo, Rio de Janeiro, 24 fev. 1994. Segundo Caderno, p. 7.

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