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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Alice Através do Espelho

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 21.12.2015
1998 Brasil / Paraná / Curitiba – Teatro Cleon Jacques
Criado pela Armazém Companhia de Teatro, liderada pelo diretor Paulo de Moraes (1965), o espetáculo coloca o público no lugar da protagonista, propiciando a 35 espectadores por sessão as surpresas sensoriais vividas por Alice.

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Histórico
Criado pela Armazém Companhia de Teatro, liderada pelo diretor Paulo de Moraes (1965), o espetáculo coloca o público no lugar da protagonista, propiciando a 35 espectadores por sessão as surpresas sensoriais vividas por Alice.

O espetáculo nasce em 1997 como formatura de um curso de atores em Londrina, onde trabalham alguns dos integrantes da companhia. Em 1998, ele faz temporada em um espaço alternativo construído no Parque São Lourenço, em Curitiba, e se lança nacionalmente no festival de teatro da cidade, no ano seguinte. Em seguida, estréia no Rio de Janeiro, com atores da companhia e de profissionais convidados da cidade onde cumpre longa temporada.

Com elementos retirados das duas obras de Lewis Carroll - Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho, o espetáculo itinerante começa no saguão, onde o espectador recebe um copo de chá, com a sugestão de que se trata de um alucinógeno. No final da primeira cena, cada espectador entra pelo espelho de Alice - uma passagem estreita que desemboca em um escorrega, por onde se chega ao reino de Carroll. Com um mecanismo simples mas engenhosamente articulado, os espaços são criados pela movimentação de cortinas pretas e o público se desloca de um cenário a outro como que em um labirinto, perdendo a noção de direção. A descida de um teto que obriga todos a se agacharem e cria a sensação do aumento de tamanho, um espectador vendado exposto a experiências sonoras e o deslocamento em meio a figuras imensas completam o envolvimento do público. As flores são representadas em um divertido número musical que faz referência ao mundo das "drag queens".

No final há uma espécie de julgamento de Lewis Carroll, remetendo aos episódios da vida do escritor, inclusive às suspeitas de pedofilia que o envolveram. Esse jogo de dubiedade entre a fantasia e o delírio, entre a obra e o autor, sugere uma complexidade do sentido do texto teatral elaborado. Ao percurso de Alice por um mundo que prova sucessivamente a relatividade das certezas, acrescentam-se as contradições do autor, que é sorvido pela ficção e julgado. O crítico de O Estado de Minas observa: "A cena final do julgamento, que poderia significar uma sentença da lógica contra o delírio, acaba dialogando com o contexto da criação do próprio espetáculo, em que Carroll/Dogdson deixa de ser o criador para ser um personagem a mais".1

Este jogo nem sempre alcança clareza na encenação, tanto pelo grande apelo à experiência sensorial quanto pela exacerbação vocal da interpretação. Segundo o crítico Macksen Luiz (1945), o espetáculo "insinua uma inquietação que fica restrita ao inesperado, permanentemente aguardado pela platéia, em detrimento da ação interna da cena".2

Além da temporada carioca, Alice Através do Espelho é apresentado em São Paulo (Sesc Anchieta e TUSP), Recife (Armazém do Cais), Porto Alegre (Cais do Porto), Belo Horizonte (Galpão Cine Horto).

Notas
1 PAULO, João. Um mergulho no sentido. O Estado de Minas, Belo Horizonte, 26  abr. 2002.
2 LUIZ, Macksen. Envolvimento concreto do espectador. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 abr. 1999.

Ficha Técnica

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Espetáculos 2

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