A Farsa de Inês Pereira
![A Farsa de Inês Pereira, 1978 [Enciclopédia de Teatro. Espetáculo]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/007997001019.jpg)
A Farsa de Inês Pereira, 1978
Ruth Toledo
Acervo Idart/Centro Cultural São Paulo
Texto
Histórico
Marcante encenação do Grupo de Teatro Mambembe, atualiza a farsa medieval para os usos e costumes kitsch da cultura suburbana de São Paulo.
Depois da primeira montagem pelo Grupo Universitário de Teatro (GUT), numa adaptação de Décio de Almeida Prado (1917-2000), nomeada de Farsa de Inês Pereira e do Escudeiro, em 1945, a montagem seguinte do texto de Gil Vicente (1465-1537) é de Carlos Alberto Soffredini (1939-2001), em continuidade ao projeto do Teatro Mambembe de fazer um teatro popular, tendo por base as fontes de nossa cultura.
O grupo inicia pesquisa em espetáculo anterior, A Vida do Grande dom Quixote de la Mancha e do Gordo Sancho Pança, adaptado do original de Antônio José da Silva, o Judeu. Com o texto de Gil Vicente, Soffredini aprofunda seus recursos estilísticos.
A trama é centrada em um casamento de encomenda, orquestrado por uma alcoviteira que propõe alguns pretendentes, contando com a intervenção de alguns vizinhos da casa de Inês. Sátira de costumes, presta-se à exploração de diversos tipos cômicos de fácil reconhecimento e empatia popular.
Nas explicações do encenador, vários são os objetivos buscados: uma pesquisa cenográfica e de visualidade (emprego de telão, sucatas diversas e materiais baratos, devidamente adaptados); uso de técnicas de interpretação de cunho não-ilusionista (tais como o aparte, a triangulação, a busca de cumplicidade com a platéia), além de inovar o uso da música e da dança em cena. Tais recursos aproximam-se das propostas brechtianas, mas inteiramente abrasileirados.
Inês Pereira melhor sintetiza as propostas do Mambembe e na apreciação do crítico Fausto Fuser "a presença do diretor é bastante forte no espetáculo, mas nem por isso os atores foram apagados. O elenco do Mambembe soube entender muitíssimo bem a proposta de Soffredini. No palco há uma festa, mais do que uma representação teatral. Eugênia de Domênico, no papel de Inês Pereira, domina a apresentação com muita felicidade. Ela dá conta do recado brilhantemente, cantando, fazendo sátira ou drama; é um prazer ver esta jovem e bela atriz em cena. Todo o elenco assume muitíssimo bem seus papéis, num nivelamento em ponto excelente".1
Notas
1. FUSER, Fausto. Esta ótima farsa merece ficar nos palcos. Última Hora, São Paulo, p. 11, 31 maio 1978.
Ficha Técnica
Gil Vicente
Direção
Carlos Alberto Soffredini
Cenografia
Eurico Sampaio
Direção musical
Tato Fischer
Trilha sonora
Tato Fischer
Coreografia
Tato Fischer
Elenco
Calixto Inhamuns / A Farsa de Inês Pereira
Carlos Alberto Soffredini / A Farsa de Inês Pereira
Ednaldo Freire / A Farsa de Inês Pereira
Flávio Dias / A Farsa de Inês Pereira
Genézio de Barros / A Farsa de Inês Pereira
Julinho Vicente / A Farsa de Inês Pereira
Maria do Carmo Soares / A Farsa de Inês Pereira
Maria Eugênia de Domênico / A Farsa de Inês Pereira
Noemi Gerbelli / A Farsa de Inês Pereira
Rosi Campos / Mãe de Inês
Rubens Brito / Pero Marques
Obras 1
Fontes de pesquisa 3
- ANUÁRIO de teatro 1978. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 1978.
- FERNANDES, Sílvia. Grupos teatrais: aqnos 70. Campinas: Unicamp, 2000.
- FUSER, Fausto. Esta ótima farsa merece ficar nos palcos. Última Hora, São Paulo, p. 11, 31 maio 1978.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
-
A Farsa de Inês Pereira.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/evento399204/a-farsa-de-ines-pereira. Acesso em: 05 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7