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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Trate-me Leão

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 27.01.2017
15.04.1977 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro – Teatro Dulcina
Registro fotográfico Teresa Pinheiro

Cena do espetáculo Trate-me Leão, 1978
Teresa Pinheiro
Acervo Idart/Centro Cultural São Paulo

Terceiro espetáculo do Asdrúbal Trouxe o Trombone, Trate-me Leão é o trabalho de maior êxito do grupo carioca, que reúne uma plateia cativa de jovens identificados com seus temas e sua linguagem. Com dramaturgia criada coletivamente por meio de improvisações, a montagem baseia-se na própria experiência dos atores para falar dos problemas, dos ri...

Texto

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Histórico
Terceiro espetáculo do Asdrúbal Trouxe o TromboneTrate-me Leão é o trabalho de maior êxito do grupo carioca, que reúne uma plateia cativa de jovens identificados com seus temas e sua linguagem. Com dramaturgia criada coletivamente por meio de improvisações, a montagem baseia-se na própria experiência dos atores para falar dos problemas, dos rituais e do comportamento da juventude da zona sul do Rio de Janeiro.

 

Nos espetáculos anteriores, o diretor Hamilton Vaz Pereira e os atores já haviam adotado a irreverência como elemento constante em sua estética, trabalhando com a demolição e a recriação de textos clássicos - O Inspetor Geral, 1974, e Ubu Rei, 1975. Em Trate-me Leão, o grupo fala sobre o cotidiano da geração que completa 20 anos na década de 1970, invadindo a cena com temática, personagens e modo de representar que definem novas posturas diante de questões como política, sexo, drogas, prazer e teatro. Para criar a história e as situações dramáticas, o elenco toma como centro de investigação sua própria vivência. A ficha técnica atesta a opção pela criação coletiva não apenas do texto, mas também de todo o espetáculo, com os integrantes e atores dando conta de todas as demais funções artísticas e de produção.

Trate-me Leão traz uma narrativa não linear. Com vários elementos inventados pelos criadores, o espetáculo justapõe duas ou mais situações com desenvolvimento e desfecho diferentes. O figurino, com cerca de sessenta trajes, é inteiramente realista. A linguagem propõe a teatralização do cotidiano, sobre um palco inteiramente nu, sem móveis nem objetos, e é definida principalmente pelo jogo dos atores. A montagem traz a marca deRegina Casé e Luiz Fernando Guimarães na interpretação: serve-se da ironia, da paródia e, mais que tudo, da hiper-naturalidade.Yan Michalski, em sua análise, mesmo apontando para a inconsistência da dramaturgia que evita o olhar crítico sobre as personagens e a própria juventude, considera o espetáculo "talvez a mais fascinante realização de toda a trajetória do Asdrúbal Trouxe o Trombone".1

A pesquisadora Sílvia Fernandes realiza minuciosa análise do espetáculo. A descrição da primeira cena, aponta as principais características do trabalho do grupo e lança-nos no clima dos anos 1970 na Zona Sul do Rio: "A primeira cena da peça chamava-se 'Salve, juventude'. Como todas as outras, era resumida num cartaz que anunciava o tema, ao mesmo tempo em que se referia ao clima geral do episódio: 'Esse negócio de família na cabeça da gente...' O tema musical de abertura era a canção americana Exército do Surf, gravada por Wanderléia, que funcionava para a memória do grupo como recordação da adolescência, o auge da Jovem Guarda de Roberto e Erasmo Carlos, por volta de 1965. No palco vazio duas garotas preparam-se para uma festa enquanto conversam sobre problemas de família, introduzindo o tema que vai se repetir por toda a peça. O primeiro diálogo mostra os atores/personagens trocando os nomes reais pelos ficcionais. A personagem Patrícia é feita pela atriz Nina de Pádua, enquanto Patrícia Travassos faz a personagem Regina. É a primeira sugestão de um depoimento. A frase seguinte - quem vem? - dita pelo ator José Paulo Pessoa, imitando o som de campainha, é um procedimento repetido durante todo o espetáculo e cria uma sonoplastia baseada exclusivamente nas vozes dos atores. O mesmo acontece em relação ao espaço, demarcado pelo movimento" .2

Notas

1. MICHALSKI, Yan. O teatro sob pressão: uma frente de resistência. Rio de Janeiro: Zahar, 1985, p. 72.

2. FERNANDES, Silvia. Grupos teatrais: anos 70. Campinas: Unicamp, 2000. p. 53.

Ficha Técnica

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Direção
Hamilton Vaz Pereira

Cenografia
Patrícia Travassos
Regina Casé

Figurino
Patrícia Travassos
Regina Casé

Iluminação
Jorginho de Carvalho

Direção musical
Hamilton Vaz Pereira

Trilha sonora
Evandro Mesquita
Fábio Junqueira
Hamilton Vaz Pereira
Kaká Dionísio

Sonoplastia
Kaká Dionísio

Elenco
Evandro Mesquita / Fernando; Wilson; Maracá; João Carlos; Marquito; Quem Fica; Louie; Evandro Leão
Fábio Junqueira / Perfeito; Arthur; Plínio; Caíque; César; Charles; Hudson; Caio; José Paulo Leão
José Paulo Pessoa / Perfeito; Arthur; Plínio; Caíque; César; Charles; Hudson; Caio; José Paulo Leão
Luiz Fernando Guimarães / Evandro; Jorge Alberto; Cabeça; Conde; Nestor; Daniel; Djamil; Fernando Leão
Nina de Pádua / Patrícia; A do 910; Luise; Sarita; Virgínia; Luci; Beth; Nina Leão
Patrícia Travassos / Regina; Gilda; Maria Suely; Alcione; Andréa; Quem Parte; Paula Meleca; Patrícia Leão
Perfeito Fortuna / José Paulo; Roberto Busqueta; Paulo; Linhares; Dudu; Pedro; Guilherme; Perfeito Leão
Regina Casé / Nina; Julita; Vanessa; Kátia; Balu; Tereza; Manola; Julinha (Prêmio Molière)

Obras 2

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Fontes de pesquisa 3

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  • FERNANDES, Sílvia. Grupos teatrais: aqnos 70. Campinas: Unicamp, 2000.
  • MICHALSKI, Yan. O teatro sob pressão: uma frente de resistência. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
  • TRATE-ME LEÃO. Direção Hamilton Vaz Pereira. Rio de Janeiro, 1977. 1 folder. Programa do espetáculo, apresentado no Teatro Dulcina em abril de 1977.

Como citar

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