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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Ecletismo

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 24.09.2017
Reprodução Fotográfica Romulo Fialdini

Sonho de Catarina Paraguaçu, 1871
João Francisco Lopes Rodrigues
Óleo sobre tela

O termo ecletismo denota a combinação de diferentes estilos históricos em uma única obra sem com isso produzir novo estilo. Tal método baseia-se na convicção de que a beleza ou a perfeição pode ser alcançada mediante a seleção e combinação das melhores qualidades das obras dos grandes mestres. Além disso, pode designar um movimento mais específi...

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Definição

O termo ecletismo denota a combinação de diferentes estilos históricos em uma única obra sem com isso produzir novo estilo. Tal método baseia-se na convicção de que a beleza ou a perfeição pode ser alcançada mediante a seleção e combinação das melhores qualidades das obras dos grandes mestres. Além disso, pode designar um movimento mais específico relativo a uma corrente arquitetônica do século XIX.

O uso do termo como conceito é introduzido na historiografia da arte no século XVIII pelo teórico alemão Johann Joachim Winckelmann (1717 - 1768) para designar uma espécie de sincretismo consciente identificado na produção de artistas como os Carracci e seus seguidores, em atividade no norte da Itália no fim do século XVI. Seu projeto artístico caracteriza-se pela junção harmônica das excelências de seus predecessores em uma obra singular. Tendo como base as idéias de Winckelmann, o termo passa a ser utilizado sobretudo em sentido pejorativo como sinônimo de falta de personalidade e originalidade. No século XX o conceito de ecletismo perde algo da conotação negativa que o acompanha, e é usado para indicar fases ou fenômenos sincréticos em culturas de diferentes períodos ou regiões. Desde a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) tende-se a admitir o ecletismo como procedimento válido na atividade criativa.

Como movimento artístico, o ecletismo ocorre na arquitetura no século XIX. Por volta de 1840, na França, em reação à hegemonia do estilo greco-romano os arquitetos começam a propor a retomada de outros modelos históricos como, por exemplo, o gótico e o românico. O principal teórico do ecletismo arquitetônico é o francês César Denis Daly (1811 - 1893), que o entende como "o uso livre do passado". Não se trata de uma atitude de simples copista, mas da habilidade de combinar as características superiores desses estilos em construções que satisfaçam a demandas da época por todo tipo de edificação. Na segunda metade do século XIX, o ecletismo tem forte presença na Europa. O estilo Segundo Império ou Napoleão III, na França, é caracterizado pela realização de importantes edifícios ecléticos, como o Teatro Ópera de Paris, projetado por Charles Garnier (1825 - 1898).

O ecletismo arquitetônico difunde-se também pelas Américas, marcando as construções do mundo novo. No Brasil, no período de transição para o século XX, o ecletismo é a corrente dominante na arquitetura e nos planos de reurbanização das grandes cidades, como o realizado no Rio de Janeiro pelo engenheiro Francisco Pereira Passos (1836 - 1913). Prefeito da então capital federal, de 1902 a 1906, Passos empreende a reforma urbanística que derruba antigas construções do período colonial para abrir a moderna avenida Central, atual avenida Rio Branco, e a avenida Beira-Mar, expandindo a cidade em direção à zona sul. Na primeira encontram-se ainda hoje os maiores exemplares da arquitetura eclética no Brasil, como a Escola e Museu Nacional de Belas Artes - MNBA (1908), obra de Adolfo Morales de Los Rios (1858 - 1928), cuja faustosidade e pluralidade de estilos remetem às construções francesas ecléticas, no caso diretamente à fachada do Louvre. O Theatro Municipal, projetado por Francisco de Oliveira Passos e edificado na avenida Central, entre 1903 e 1909, é claramente inspirado no Ópera de Paris e aparece como o maior símbolo do ecletismo no Brasil. Destaca-se também na época a atuação do engenheiro militar Souza Aguiar, responsável pelo projeto da Biblioteca Nacional (1910) na mesma avenida, e de Heitor de Mello, em atividade no Rio de Janeiro de 1898 a 1920, autor de diversos projetos de edifícios públicos e residências particulares, como o Derby Clube (1914) e o prédio da prefeitura (1920), na praça Floriano.

Em São Paulo, cidade muito mais acanhada do que o Rio de Janeiro no fim do século XIX, o primeiro monumento marcante do novo movimento arquitetônico é o Museu Paulista (conhecido como Museu do Ipiranga), projetado pelo arquiteto italiano Tommazio Bezzi e construído entre 1882 e 1885. Em comparação ao estilo desenvolvido no Rio, o ecletismo classicizante paulista assume traços peculiares de influência italiana e mais diversidade de modelos e estilos históricos. No caso da habitação particular, fala-se de um verdadeiro ecletismo desordenado, no qual o exótico e o bizarro tornam-se moda na casa dos novos imigrantes ricos e dos prósperos fazendeiros de café que dominam a recém-construída avenida Paulista (1891). Certo é que a expansão e a modernização da cidade se dão sob o signo do ecletismo, realçando a atuação do engenheiro-arquiteto Ramos de Azevedo (1851 - 1928), responsável por inúmeros prédios públicos, entre eles a Escola Normal Caetano de Campos (1894), na praça da República, o Theatro Municipal (1903 - 1911) e o edifício do Liceu de Artes e Ofícios, atual sede da Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp (1897 - 1900), no bairro da Luz. Quase todas as capitais brasileiras em expansão no início do século XX são atingidas pelo ecletismo arquitetônico, destacando-se a construção do Teatro Amazonas, em Manaus, e o Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte.

Obras 1

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Fontes de pesquisa 6

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  • BARATA, Mário. A arte no século XIX: do neoclassicismo e romantismo até o ecletismo. In: ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983.
  • BENEVOLO, Leornado. História da arquitetura moderna. São Paulo: Editora Perspectiva, 1998.
  • BRUAND, Yves. Arquitetura contemporânea no Brasil. Tradução Ana M. Goldberger. 4.ed. São Paulo, Perspectiva, 2002.
  • CHILVERS, Ian (org.). Dicionário Oxford de arte. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
  • ENCYCLOPEDIA of World Art. New York: McGraw-Hill Book Company, 1972.
  • TURNER, Jane (ed.). The Dictionary of Art. New York: Groove, 1996. v.9.

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