Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Edu Silva

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 09.01.2024
1979 Brasil / São Paulo / São Paulo
Foto de Eder Nascimento

ESM 017, 2016
Edu Silva
Acrílica
40,00 cm x 40,00 cm

Edu Silva (São Paulo, São Paulo, 1979). Pintor. Suas pinturas tematizam tensões identitárias, como a segregação social e racial, a questão da mestiçagem e o falacioso mito da democracia racial no país. Se seus primeiros trabalhos investem na figuração, as questões sociais são paulatinamente transpostas para o universo abstrato e emergem como pro...

Texto

Abrir módulo

Edu Silva (São Paulo, São Paulo, 1979). Pintor. Suas pinturas tematizam tensões identitárias, como a segregação social e racial, a questão da mestiçagem e o falacioso mito da democracia racial no país. Se seus primeiros trabalhos investem na figuração, as questões sociais são paulatinamente transpostas para o universo abstrato e emergem como problemas cromáticos e formais. Suas telas abstratas apresentam cores planas e saturadas, obtidas por meio de pinceladas densas.

O artista frequenta o curso de Propaganda e Marketing da Universidade Paulista (Unip), forma-se em 2003 e atua como como diretor de arte. Sete anos depois, se diploma em Produção Multimídia pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) de São Paulo. Estreita relações com a linguagem visual próxima do grafite, e assina os trabalhos com o codinome Lalote, futuramente abandonado. Em 2012 realiza sua primeira exposição individual, Andanças – A Inspiração Está em Toda Parte, com curadoria de Paulo Dud (1953), no Centro Cultural Mestre Assis, no município paulista de Embu das Artes.

Ao longo dos anos 2010, frequenta grupos de estudos e cursos livres práticos e teóricos. Entre eles, destacam-se as aulas de desenho e pintura com Paulo Pasta (1959) e Luis Castáñon, nas quais aprimora suas linguagens artísticas. Como resultado desse processo, realiza a mostra individual Abstração Periférica (2015-2016), exibida sucessivamente em diversas bibliotecas e espaços institucionais de São Paulo. As pinturas em tinta acrílica sobre papel e tela ilustram a vida em periferias de grandes cidades brasileiras, com ênfase nas relações entre os bairros, os habitantes e suas casas. Nesses trabalhos, investe na figuração próxima ao grafite.

Se no início da carreira as obras de Edu Silva tratam os problemas sociais de modo figurativo, aos poucos essas questões passam a ser representadas a partir de metáforas e caminham para o abstracionismo. Essa passagem é evidenciada na exposição individual Rupturas, realizada na Casa da Xiclet, na capital paulista, em 2017, em que o artista apresenta parte da série Estudo sobre Mestiçagem, conjunto de pinturas não figurativas, executadas com tinta acrílica. O tema da miscigenação racial emerge como problema cromático e formal: certas cores predominam sobre outras e produzem zonas fronteiriças que remetem aos modos de segregação racial. Essas regiões limítrofes de cor, por sua vez, sugerem o domínio territorial que condiciona o fluxo de pessoas e restringe a mobilidade social. Nesse sentido, a série tensiona a pretensa autonomia da arte abstrata em relação aos problemas da sociedade.

Essa poética particular se desdobra nos trabalhos apresentados na exposição Autorretrato, exibida na galeria Vértice, em São Paulo, em 2019. Dessa vez, o artista recorre à sobreposição de polímero e gesso acrílico sobre placas de papelão para criar massas de cor e de matéria. Raspando violentamente a camada mais superficial do objeto, o artista revela a cor parda do papelão, que se esconde sob o branco do gesso. Nesse sentido, metaforiza o “não lugar” ocupado pelo indivíduo miscigenado, muitas vezes identificado como “pardo”.

Na série Resistências, realizada no mesmo ano, o artista novamente recorre ao papelão, mas, em vez do gesso, utiliza o mármore branco, material que remete tanto ao ideal de nobreza e pureza, quanto à escultura produzida na Antiguidade clássica. Nessa série, o mármore posto sobre finas tiras de papelão compõe formas abstratas, cuja lisura, nobreza e massa de um material contrasta com a aspereza, pobreza e leveza do outro. O papelão novamente metaforiza a figura da pessoa “parda”, base para o mármore branco que o esmaga. A “resistência” que dá título à série deve ser compreendida tanto como atributo físico do papelão, quanto como condição inerente à vida de populações racialmente subalternizadas.

Edu Silva transpõe um conjunto de problemas e questões sociais para uma experimentação plástica singular, criando imagens que, ao mesmo tempo, metaforizam as desigualdades e questionam as diversas formas de violência social. Em vez de abordar esses temas por meio da figuração, o artista recorre a alusões sutis e contraria a noção habitual de que a pintura abstrata está apartada de questões sociais, históricas e políticas, concebendo um conjunto inventivo de nexos entre arte e sociedade.

Obras 5

Abrir módulo
Foto de Eduardo Silva

60

Acrilica e papel em tela
Foto de Eduardo Silva

DC001

Acrílica sobre linho
Foto de Eder Nascimento

ESM 017

Acrílica
Foto de Eder Nascimento

ESM 044

Acrílica em tela
Foto de Eduardo Silva

ESM 074

Acrílica em cartão telado

Exposições 16

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 13

Abrir módulo

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: