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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Benjamin Seroussi

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 31.10.2023
1980 França / Ile de France / Paris
Benjamin Seroussi (Paris, França, 1980). Curador, editor e gestor cultural. Importante colaborador do processo de revitalização da Casa do Povo (SP) a partir  de novas ferramentas de gestão, com abordagem mais democrática da cultura, a fim de fortalecer o engajamento da comunidade local com o espaço.

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Benjamin Seroussi (Paris, França, 1980). Curador, editor e gestor cultural. Importante colaborador do processo de revitalização da Casa do Povo (SP) a partir  de novas ferramentas de gestão, com abordagem mais democrática da cultura, a fim de fortalecer o engajamento da comunidade local com o espaço.

Em 2001, gradua-se em Economia na Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Em 2004, conclui o mestrado em Sociologia na École Normale Supérieure e, em 2006, o mestrado em Gestão Cultural e de Mídia na Sciences Po, ambas na França. Realiza estágios em produtoras de cinema e, em 2006, participa da organização do Festival de Cinema Brasileiro em Paris e se dedica à promoção de filmes franceses no mercado brasileiro. Essa experiência garante sua escolha como adido cultural do Ministério de Assuntos Estrangeiro francês. Entre 2008 e 2009, durante o Ano da França no Brasil, atua como produtor executivo do Panorama do Cinema Francês, realizado pela Unifrance,  associação francesa de apoio aos profissionais do cinema. Ainda nesse período, produz e edita em parceria com o artista francês Chris Marker (1921-2012) a edição especial franco-brasileira da publicação Pop’lab, da Poptronics, lançada em 2009.

Entre 2009 e 2012, participa como diretor de programação do Centro da Cultura Judaica (CCJ-SP)1 e organiza a Mostra Audiovisual Israelense. O evento, que seleciona e exibe gratuitamente documentários e filmes de diversos gêneros oriundos da produção recente de Israel, tem como objetivo principal difundir uma imagem multifacetada do país, valorizando sua diversidade de religiões, etnias e culturas. Também é o editor entre 2010 e 2012 da Revista 18, publicação da CCJ na qual colabora com o escritor Michel Laub (1973) e o artista gráfico e editor Joca Reiners Terron (1968). Na publicação, incentivam a reflexão sobre temas constitutivos da identidade judaica e seus aspectos contemporâneos.

Em 2013, Seroussi passa a integrar a equipe da 31ª Bienal de São Paulo (2013-14) como curador associado. Liderado pelo curador escocês Charles Esche (1962) e sob o mote “Como falar de coisas que não existem”, são exibidos 81 projetos sobre conflitos do cotidiano, como misoginia,  intolerância religiosa e violência policial.

A reforma de um conjunto arquitetônico na região central de São Paulo dá início a uma série de discussões sobre o direito à moradia e suscita a instalação do projeto experimental “Vila Itororó Canteiro Aberto”, do qual Seroussi é curador entre 2015 e 2018. A Vila, um empreendimento residencial privado do início do século XX e tombado em 2002, é nomeada área de utilidade pública e desapropriada. O projeto de restauro proposto pelo Instituto Pedra inclui atividades de educação patrimonial e ativação cultural que se desdobram na intervenção Canteiro Aberto, cujo intuito é refletir sobre as funções de um centro cultural e quais atividades devem ser oferecidas por um patrimônio público. 

A descentralização é um importante aspecto da proposta curatorial do Canteiro Aberto. Conduzido pela ideia dos usos espontâneos, o público é incentivado a realizar experimentações de forma livre. Incentivando a presença da população local e o engajamento de ativistas e moradores, são desenvolvidos programas como um cineclube e cursos de ioga, circo e culinária com o objetivo de aumentar a participação no processo de restauro e a discussão sobre os usos futuros do espaço. Durante 2017 e 2018, é estabelecida uma parceria com o Instituto Goethe para promoção da residência artística “Goethe na Vila”, que contempla 18 projetos sobre políticas urbanas e dinâmicas de ocupação da cidade. São produzidos audioguias, documentários, livros, um portal online para arquivar a documentação do processo e é instalada uma clínica pública de psicanálise.

Entre 2017 e 2020, Seroussi assume a coordenação de “Coincidência – Intercâmbios culturais entre Suíça e América do Sul”, programa da fundação suíça Pro Helvetica com o objetivo de fomentar o intercâmbio cultural entre os profissionais das artes.

No início dos anos 2010, conhece a Casa do Povo, associação cultural judaica no bairro paulista do Bom Retiro. Erguida em 1953 como lugar de reflexão antifascista, o imóvel se encontra em grave estado de deterioração quando Seroussi se une à administração em 2012. É nomeado diretor executivo e revoluciona a gestão a partir da implementação de princípios sociocráticos, sobretudo de auto-organização, de inteligência coletiva e de consentimento que valorizam a vocação histórica da entidade no campo da experimentação de vanguarda.

Entende a instituição como “monumento vivo”, o que significa que a gestão atua no contexto contemporâneo reavivando seus princípios judaicos, progressistas e humanistas. Elege como eixos de trabalho a preservação da memória, o incentivo a práticas coletivas e o diálogo com o entorno, especialmente as populações imigrantes de origens boliviana e coreana.

O processo passa pela democratização do acesso à casa a partir da abertura a diversos coletivos e associações culturais, bem como da descolonização do próprio conceito de cultura, com promoção de atividades como o ateliê de costura e a academia de boxe. O compromisso da governança com a alteridade radical possibilita o encontro de culturas, gerações e povos diversos.

A trajetória profissional de Benjamin Seroussi e o êxito das experiências analisadas demonstram a viabilidade da implementação de ferramentas inovadoras e radicalmente comprometidas com a promoção da diversidade e da participação nos espaços culturais, aspectos extremamente necessários ao futuro das instituições.

Notas

1. Posteriormente, Unibes Cultural, localizada no bairro paulistano de Pinheiros.

Exposições 1

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