Michel Laub
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Biografia
Michel Laub (Porto Alegre RS 1973). Romancista, contista e jornalista. Filho do engenheiro Werner Heinz Feliz Laub e da professora Claudia Judite Laub. Realiza todo o ensino fundamental e médio no Colégio Israelita Brasileiro, em Porto Alegre. Ingressa, em 1991, na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), formando-se em 1996. Começa a fazer jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), o qual não chega a completar. A partir de 1995, colabora com matérias sobre negócios e política para a revista CartaCapital, e posteriormente escreve na revista República. Por alguns meses de 1997 advoga em Porto Alegre, mas desiste da carreira. Muda-se, no mesmo ano, para São Paulo. Trabalha na revista Bravo! até 2005, tendo ocupado o cargo de diretor de redação. Sua estreia em livro ocorre em 1998, com os contos Não Depois do que Aconteceu, e o primeiro romance, Música Anterior, é publicado em 2001. De 2005 a 2010, trabalha no Instituto Moreira Salles, primeiramente como coordenador de publicações e cursos e em seguida como editor do site. Desde então, dedica-se à literatura, também ministrando cursos de criação literária e colaborando em periódicos e editoras.
Comentário crítico
Já no título do livro de estreia está indicado o núcleo das narrativas de Michel Laub. Como sugere a formulação Não Depois do que Aconteceu, trata-se de narradores-personagens que retomam um acontecimento traumático do passado na tentativa de compreender como um fato tem o poder de determinar toda uma história de vida ou de anunciar metaforicamente o que virá. Em Música Anterior (2001), o primeiro romance, um juiz de direito narra a história de suas relações afetivas à luz da trajetória de Luciano, condenado em um de seus processos. No monólogo interior construído de forma não linear, as reflexões sobre a ausência de provas definitivas contra o réu aos poucos estabelecem correlação com a narrativa pessoal: procurar a origem da culpa de Luciano é procurar a origem de uma suposta culpa própria, que teria prejudicado as relações com o irmão, o pai e a mulher.
Culpa é também o tema de Longe da Água (2004), em que dois acontecimentos longínquos surgem em relação de causalidade sob os olhos de um angustiado narrador. Já em Segundo Tempo (2006), a correlação se dá entre um jogo de futebol e um evento familiar, que determina a relação entre dois irmãos e seu amadurecimento.
Diferentemente dos romances anteriores e de Diário da Queda (2011), todos narrados em primeira pessoa, O Gato Diz Adeus (2009) é a soma de quatro vozes a respeito de um triângulo amoroso. Entre um e outro fragmento, o leitor é convidado a refletir a respeito das lacunas deixadas por discursos que se cruzam sem, entretanto, esclarecer aspectos decisivos. A trama é lentamente composta, mas permanecem ocultas as motivações mais profundas das personagens-narradoras.
Essa contradição é um dos centros da ficção de Michel Laub. Em narrativas que se oferecem como confessionais, as personagens não revelam efetivamente o que parecem revelar - a não ser em chave metafórica. É o caso, por exemplo, de passagens de O Segundo Tempo, em que um detalhe do lance do jogo de futebol pode sintetizar a forma como o narrador se posiciona diante dos eventos narrados, ainda que ele mesmo não se dê conta dessa projeção.
Mídias (1)
Realização: Gasolina Filmes
Entrevista: Gabriel Carneiro
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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MICHEL Laub.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa255406/michel-laub. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7